Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

BAIÃO CANAL - Jornal

BAIÃO CANAL - Jornal

Ana Gomes acusa os dirigentes do PS de "silêncio ensurdecedor", sobre o caso de José Sócrates

Ana Gomes já reagiu à entrevista que José Sócrates deu à TVI e exortou o PS a posicionar-se, já que "aquela linha do "à justiça o que é da justiça, à política o que é da política" não é mais aceitável".

Ana Gomes, em entrevista dada ao Público e à Rádio Renascença, considera que o silêncio dos dirigentes do PS é insustentável. "Este silêncio é, de facto, ensurdecedor, porque dá ideia de que, ou há comprometimento, ou há demissão de uma assunção de responsabilidades que o PS também tem de fazer, porque o PS tem de aceitar que se deixou instrumentalizar por um indivíduo que tinha muitas qualidades mas também tinha tremendos defeitos, designadamente o de se aproveitar do cargo para tirar proveito pessoal."

Ana Gomes confirma candidatura à Presidência da República

Refere Ana Gomes que há conceitos ultrapassados que já não respondem à confluência do momento. "Aquela linha do 'à justiça o que é da justiça, à política o que é da política', que tem sido utilizada por António Costa, não é mais aceitável, sobretudo a partir do momento em que já não é só o Ministério Público... É também o juiz que vem dizer que aquele indivíduo é corrupto", substancia.

Ouça as declarações de Ana Gomes.pbs.twimg.com/profile_images/775630070371287040...

Fernando Medina, disse que o comportamento de José Sócrates "corroi o funcionamento da nossa vida democrática".

Fernando Medina, presidente da Câmara Municipal de Lisboa já tinha quebrado o silêncio no seu espaço de comentário na TVI24, dizendo que o comportamento de José Sócrates "corroi o funcionamento da nossa vida democrática" e que a acusação decidida pelo juiz de instrução é de "enorme gravidade e singularidade", apesar de que à justiça ainda ceberá avaliar se é ou não culpado, o facto é que Fernando Medina considerou que, do ponto de vista "ético e moral" estamos perante um "facto da maior gravidade e singularidade" que é o de "pela primeira vez na nossa história conhecida, termos em julgamento, por um crime no exercício de funções, um ex-primeiro-ministro", referiu Fernando Medina.

Pedro Delgado Alves, outra voz da direção da bancada do PS, admite que o partido não fez soar a tempo as necessárias campainhas.

Refere a TSF que depois de Ana Catarina Mendes ter considerado injustas as críticas de José Sócrates, que acusou o PS de ter encomendado críticas através de Fernando MedinaPedro Delgado Alves, outra voz da direção da bancada do PS, admite que o partido não fez soar a tempo as necessárias campainhas.

"É hoje inegável que mesmo aquilo que o próprio José Sócrates dá nota que fez - dá nota que fez e confirma que fez entendendo que não foi ilícito -, mesmo isso não sendo um indício criminal, era algo que os militantes do Partido Socialista, os dirigentes do Partido Socialista, os eleitores da República portuguesa tinham o direito a saber." O socialista considera que os portugueses tinham o direito a conhecer mais cedo estes contornos, "para poderem tomar uma decisão sobre se achavam que aquela pessoa tinha idoneidade para exercer as funções que exerceu, e isso foi-lhes privado, intencional e dolosamente por parte de José Sócrates, que inviabiliza e anatemiza o Partido Socialista, queiramos ou não, gostemos ou não".

Este atraso na ação não deixa de ser, admite Pedro Delgado Alves, um elemento que permite apontar ao Partido Socialista não ter tido defesas e não ter feito "tocar alertas e campainhas suficientes para o impedir".

Na perspetiva de Pedro Delgado Alves, a defesa que José Sócrates empreende é um mau "combate" porque não vem defender as estruturas democráticas. "Isto não é um combate, daqueles que consideramos defenderem as democracias e as instituições. Isto é um mau combate. 

"Há um momento em que vão ter de responder"A Opinião de Paulo Baldaia

Paulo Baldaia, comentador de política nacional da TSF, também analisou os danos colaterais da entrevista de José Sócrates na TVI, e diz ser necessário um momento em que a "liderança do Partido Socialista, que é posta em causa por José Sócrates, mas, acima de tudo, o Partido Socialista que tem respostas para dar sobre o tempo em que Sócrates foi líder".

"Há um momento em que vão ter de responder", argumenta. "Dadas as respostas, designadamente pela líder parlamentar do PS, é um tema que estará, ou como um fantasma a pairar sobre o congresso do partido, que vai acontecer este ano, ou o Partido Socialista resolve de uma vez esse problema, não de um ponto de vista judicial, porque tem de ser a justiça a julgar os crimes que Sócrates terá praticado, mas há uma questão política que o Partido Socialista tem de resolver para si próprio e também para dar uma resposta aos que votaram Partido Socialista naquela altura e que votam Partido Socialista neste momento."

Jaime Froufe Andrade | Histórias avulso

jaime_froufe_andrade.jpg

 

(A pandemia pôs-nos à espera do futuro. Parados pelo vírus, talvez seja tempo para percebermos o que deixámos para trás. É essa a proposta de Histórias avulso)

Balada imperfeita

 

Ele estava ali sentado com a calma / de quem nunca fez mal a ninguém / de quem apenas tem / o seu dia-a-dia para viver / Pessoas tristes passavam em ondas / enquanto ele / pacificamente / tirava migalhas dos bolsos para dar às  pombas.

Murmurei estas palavras ao ver um sem-abrigo sentado no lancil do passeio, a socializar com o símbolo vivo da paz. Decidi destiná-las a uma canção para dedicar a esse amigo do tempo de juventude. E que agora tinha ali à minha frente, na dura condição de sem-abrigo. A canção, infelizmente, não passou desse impulso inicial. 

Quando calhava de encontrar o Alberto Abreu na baixa do Porto, conversávamos como se, para nós, não houvesse amanhã. Acabava sempre por lhe recitar esse início da letra O Alberto ria-se como só ele sabia fazer. Grande cena, meu..., comentava animado. 

Não me despedia sem deixar a promessa: Para a próxima, vais ver, já te trago a letra… Entretanto, ele partiu amortalhado pela sua paz, fazendo-me prova do que há de irremediável na morte de um amigo a quem se ficou a dever uma canção.

O Alberto não era um qualquer. Foi músico de sucesso. Percebi logo, naquela vez, em minha casa, quando lhe passei a guitarra para as mãos… Afinou-a (para mim ela estava afinadíssima) e, com encantatória desenvoltura, pôs-se a dedilhar as cordas, a cantar uma balada de uns rapazolas da nossa idade: Is there anybody going to listen to my story All about the girl who came to stay?. Foi essa a primeira vez que ouvi Girl, dos Beatles. Por obra e graça do Alberto, aquilo foi canção para toda a vida. Ainda hoje a trago no ouvido.

Agora aqui estamos outra vez, ambos já em fim de linha, neste que, sem o sabermos, será o nosso último encontro. A tarde move-se vagarosa, ao ritmo das nossas lentas histórias. Enquanto o ouço, faço-lhe a síntese: o Alberto é um catraio no riso, um senhor no trato, um velho precoce, devido às partidas da vida. 

Muito para trás ficou a sua carreira nos Tártaros, banda que deixou marca no Porto e até no país. Estrondosos êxitos como a Valsa da Meia Noite e Ó Rosa arredonda a saia (1) animaram programas radiofónicos de discos pedidos, festas populares em grandes recintos, ou soirées dançantes nos clubes sociais da cidade.

A sua condição de sem-abrigo obriga-me a uma constante actualização sobre o seu paradeiro. Por isso, à despedida, a inevitável pergunta: E então onde estás agora? 

Alberto, o meu amigo músico a quem fiquei a dever uma canção, irá passar a noite ao relento, - fiquei a saber - na Rua Sá da Bandeira. 

Irá dormir aos pés da Rádio Renascença que tantos êxitos dos Tártaros mandou para o ar.

 

OS TÁRTAROS - OH ROSA ARREDONDA A SAIA) (Alberto Abreu, em primeiro plano, à direita)

Jaime Froufe Andrade

 

Natércia Teixeira | “O politicamente correto..."

natercia teixeira.jpg

“O politicamente correto, continua a ser o melhor disfarce para o intelectualmente estupido”

Guilherme Fiuza

O conceito descreve expressões, políticas e ações que evitem ofender, excluir ou marginalizar pessoas ou grupos que são vistos como diferentes ou desfavorecidos.

É indiscutível obenefício de códigos de conduta que promovam princípiosde respeito por todos, convém no meu entendimento, não nos deixarmos estrangular por regras, ao ponto de nos tornarmos obtusos.

Assisti incrédula no passado dia 1 de Abril, tradicionalmente designado por dia das “mentiras” a uma indignação bastante expressiva, tanto em número como em tom, pela supostaapologia de um comportamento, obviamente errado.

Recuando ao sec. XVI, depois da adoção do calendário gregoriano em que o início do ano ocorre a 1 de Janeiro, alguns franceses continuaram por teimosia ou convicção a comemora-lo a 1 de Abril como era tradição até 1564.

Para ridicularizar os casmurros, alguns galhofeiros,engendravam planos para os convidar nessa datapara festas que não existiam, daí se passar a designar o dia 1 de Abril como o Dia das Mentiras.

Como se percebe, a génese, da agora controversa data assenta afinal de contas em brincadeiras absolutamente inofensivas.

Não tão inócua parece-me ser a confusão instalada sobre a fronteira que separa uma ofensa de uma brincadeira…onde começa uma e termina a outra.

Contribui para esta falta de discernimento quanto aos limitesum crescente e generalizado, mais ou menos hipócrita, excesso de suscetibilidade e um não tão hipócrita e pouco abonatório,estreitamento da capacidade salutar e inteligente de nos rirmos uns com os outros e de nós mesmos.

Suponho que nisto como em tudo o bom senso é um bom fiel da balança.

Acredito também que o défice generalizado de sentido de humor se prende muito poucocom as condições adversas que vivemos globalmente ou com as que cada um carrega particularmente e muito mais se poderá atribuir ao espartilhamento mental a que somos induzidos e a que estamos sujeitos.

Somos, desde muito cedo formatados para a seriedade e chegamos à idade adulta, velhos e sem sentido de humor.

Temos a sorte de a vida nos dar oportunidade e por regra tempo para reconsiderar a postura…aprender, treinar e aprimorar…chegar à meia-idade com sabedoria suficiente para perceber que o caminho para a felicidade passa pornão nos levarmos demasiado a sério.

Partindo desse principio talvez seja de maior inteligência esquecer moralismos inúteis e brincar como se brincava no tempo em que a única preocupação era apelar à criatividade para engendrar a melhor patranha.

Pessoalmente não constatei ter havido dano no colega que há uns bons anos atrás foi mandado à papelaria comprar tinta para o selo branco, nem tenho conhecimento de trauma na colega estagiaria que foi induzida a ir ao gabinete da presidênciaporque supostamente a teriam lá chamado para a repreender por uma qualquer gafe.

Também não tenho memória de nesse tempo alguém se lembrar de considerar impróprio existir um dia dedicado à chalaça…talvez porque não existia o politicamente correcto…existia o correcto, o incorrecto, o inteligente e o estupido….sendo certo que desseultimo não há politica que nos salve.

Natércia Teixeira

DUAS DE LETRA | Lourdes dos Anjos | Nasci e cresci em duas fabulosas IPSS'S.

Lourdes dos Anjos

Na primeira, a que abrigou o meu berço, tive direito a lençóis de neblina bordados  pelas mãos da Emilinha Viúva, que vivia na ilha do Esgazeado .Nesta instituição de solidariedade , a casa dos meus pais,  havia sempre lugar para quem quisesse trabalhar e respeitar  os outros, sem perguntar o que fez ontem, mas querendo saber o que queria do dia de hoje e dos seguintes, onde se exigia respeito e se criavam os valores morais que me foram acompanhado  pela vida fora ;onde se respirava liberdade sem libertinagem e a palavra patrões tinha um  significado quase fraterno. 

Na casa onde nasci, conheci, sem nunca fazer perguntas, apenas alinhavando palavras e lágrimas e  ficando com dúvidas que a vida depois se foi encarregando de apagar, dizia eu que conheci na casa onde nasci, mulheres matriculadas, mães viúvas sem pão para dar aos filhos, moçoilas enganadas pelos magalas seus namorados antes da partida para o ultramar, senhoras que viviam por conta de doutores ou industriais importantes e as quais eram o espelho do desafogo financeiro dos seus "amos", esposas viúvas de homens vivos que as trocaram por mulatas  dos Brasis, e muitas mulheres que para levarem o filho ao "senhor doutor médico" empenhavam a aliança, a cabeça da máquina de costura, o rádio  ou o relógio de bolso  do marido.
 Sempre me ensinaram a viver com as diferenças e nunca me sentir mais ou melhor nesta roda onde girámos fazendo a vida.
Vi muitas vezes a minha mãe comer uma cabeça de carapau e dar a uma empregada um bife grelhado com batata cozida porque a doença por ali se passeava e ela queria que fosse assim.
Sempre que as minhas roupas ou as dos  meus sobrinhos deixavam de servir, iam, pela tardinha, quase escondidas, parar a algumas casas das ilhas do Bonfim onde quatro filhos dormiam numa cama ... dois para os pés e dois para a cabeceira ;mais duas raparigas que partilhavam  um divã desengonçado e estreito separado por uma cortina de "cretone" da cama do casal.
Aprendi , a olhar os carros elétricos cheios de operários pendurados nas portas para fugir ao pagamento dos 12 tostões do bilhete e percebi bem cedo que ali,dentro  daquela casa cheia dos silêncios e do amor dos meus pais, havia um muro que se saltava e dava fuga para o bairro Higiénico ou para o Canto do Rio, em Fernão de Magalhães, sempre que a PIDE aparecia fora de horas para levar alguém para o "hotel" da rua do Heroísmo. Não se diziam nomes nem razões, apenas se dava força aos homens do "reviralho" que desafiavam os poderes religioso ou político 
Foi a primeira IPSS que conheci .Foi o meu berço, o meu acordar, o abraço  firme da Nobre Gente da minha cidade.
 Lá dei os primeiros passos e aprendi a correr para uma outra IPSS, mais distante, no lugar do SENHOR DO TERÇO, em Salreu, a casa dos meus avós, do MANUEL LOBO onde os marinhões que vendiam lenha e pinhas, ou o  mendigo  João da Nanaita recebiam sempre um naco de broa e um pedacito de carne gorda  para a merenda.Onde  o carteiro, o  Alberto Antão o "CALDO QUENTE " que carinhosamente me chamava cachopa tripeira , bebia uma malga de água fresca   com uma colherada de açúcar amarelo  em tardes escaldantes   de verão.Onde as filhas do ZÉ DA SERRANA e a MARIA PEQUENA gostavam de beber o café de mistura feito numa cafeteira brilhante como prata, divorciada das brasas da lareira e apaixonada pelo senhor fogareiro a gás, enquanto ouviam,  "SIMPLESMENTE MARIA", um  rádio teatro que parava o nosso mundo de então.E  até quando o MANEL "QUERES CARNE" andava fugido da vergasta da mãe, a TI CELESTE PEQUENA, também havia para ele abrigo e mesa. Não esquecendo  também o padre ANTÓNIO FERRUGEM que aí procurava o sorriso e o abraço da minha avó ou o baralho das cartas do meu avó para jogarem à bisca dosnove  ou ao burro
 Duas casas, duas instituições de solidariedade e paz onde me fui fazendo gente  umas vezes rindo e muitas outras chorando ...mas sempre  com o sonho de conseguir ser Livre e Feliz em tempos de servidão 
Por isso gosto de vos contar coisas que vivi com as "dirigentes" dessas casas  com as portas abertas para o mundo .
 Duas ADELAIDES (mãe e filha), duas mulheres que, para mim, são imortais.
Da minha avó guardo o cheiro do cabelo, a cor dos olhos, os carinhos de uma mão áspera e doce, as palavras que me respondiam a cada pergunta que só a ela podia fazer e... ficavam entre nós , porque eram segredo só das duas.
Da minha mãe guardo,  o olhar atento, a palavra muitas vezes azeda, a voz de comando , a lucidez duma mulher que desenhou caminhos e cruzou lugares de  quase guerra para continuar a  ser o orgulho dos netos que tanto amou . 
Nos seus últimos anos de vida já não tinha a porta aberta para  quem  tinha menos que ela porque  já temia a noite e não sabia  se nasceria para ela   um novo dia mas  dizia que gostava  de estar cá  porque há muitos anos tinha feito  com o meu pai um pacto de fidelidade e amor que tinha  a certeza nunca se quebraria e portanto sabia que ele continuava  a esperá-la numa qualquer porta de uma outra vida qualquer...
 Duas casas.Duas Instituições Públicas de Solidariedade Social, que não sendo saudosista, são a minha enorme saudade.
Era na casa, na rua, com os vizinhos, com os catraios da outra rua que os novos cresciam e era com as mesmas pessoas que os velhos chegavam ao fim da linha de vida.SOCIALMENTE.SOLIDARIAMENTE.  
Na  minha casa, na casa  que me abriga  tento adormecer com paz na alma e a certeza que TODOS somos capazes de melhorar o mundo  sempre que  o nosso lar for ninho , os nossos passos seguirem pelos caminhos da fraternidade e as nossas palavras forem pedras que constroem novos caminhos para um país livre , verdadeiramente livre. 
E ainda  gosto de mim e gosto de ser este EU apesar de me desencantar este tempo badalhoco que me sufoca  e contra o qual já não tenho forças para lutar
 Os banqueiros  construiram com os políticos do mundo , enormes,moderníssimas e fraudulentas" IPSS'S" sem alicerces humanitários e sem  moral, onde se partilham os valores financeiros feitos com os dinheirinhos de quem trabalha e depois se aplicam em paraísos onde os imperadores adormecem á sombra das bananeiras, rodeados de meninos e meninas que os vão entretendo como faziam os anões das cortes do rei sol .
Como mudou o mundo entre o tempo em que poucos sabiam o significado de democracia ou solidariedade e nem sequer sabíamos escrever INSTITUIÇÃO ou CONSTITUIÇÃO porque eram palavras com  muitas sílabas... 
 Restam -nos IMPÉRIOS PORCOS  E SELVAGENS   construídos com os nossos silêncios e alguns votos onde os ditadores sem rosto, sem escrúpulos e sem nacionalidade retalham os braços daqueles que sonharam por inteiro, a LIBERDADE.
Talvez os mais jovens acordem numa madrugada dum mês qualquer e sejam capazes de semear por aí as rosas perfumadas que uma rainha escondeu no seu manto  onde havia o sonho de pão e paz para os PORTUGUESES.
Lourdes dos Anjos

Eduardo Roseira | PORTUGAL 47 ANOS DEPOIS DO 25 ABRIL

Eduardo roseira

Era eu miúdo, “obrigaram” os meus pais a partir para terras portuguesas do Império, acenando-lhes um futuro promissor.

O Estado português, “vendeu” aos meus pais, a mim e minha irmã, assim como a muitos portugueses que optaram pelas terras de áfrica em busca de melhor futuro, a defesa de uma “Pátria Una e Indivisível”, com uma guerra imposta.

Mais tarde, ofereceram-me um futuro risonho e de esperança chamado democracia, chamado 25 de Abril, era a Revolução dos Cravos, o tempo de renovada esperança e o acreditar num futuro melhor para todos os portugueses e africanos que teriam nas mãos a construção do seu próprio país. Porém, logo me abandonaram duplamente:

- 1.º - Como cidadão português, quando me devolveram ao remetente, com o carimbo de retornado;

- 2.º – Como ex-combatente, que obrigatóriamente fui, em defesa de uma causa que me diziam justa e nacional;

Eu porque sempre me guiei desinteressadamente, pelos lemas da Solidariedade e da Liberdade, apesar destese doutros abandonos, ainda acreditei nas promessas e no meu país, só que ao longo dos anos, questiono-me sobre o que é que nos deram em nome da tal democracia?!

Desemprego, corrupção e mais um sem fim de falsas promessas e constantes retiradas dos valores ganhos com a revolução, na saúde, educação, justiça e outros tantos, cuja lista é enorme.

Mas quem sou eu para estar aqui a queixar-me, perguntarão todos vós.

A minha resposta chega-vos através das palavras dum HOMEM, proferidas em 1984, ou seja, DEZ anos depois da revolução do 25 de Abril:

 

“Passados dez anos, será interessante assinalar a evolução dos comportamentos de muitos dos intervenientes, em especial os políticos e militares que conseguiram passar de um regime a outro, sempre na crista da onda, e que, com as lutas pelo Poder, ajudaram a dificultar a evolução desejada. Por outro lado, não acreditando em democracias musculadas nem no sebastianismo, resta-nos, na orgulhosa situação de implicados no 25 de Abril de 1974, criticar os muitos que pagam o idealismo e a generosidade dos Capitães de Abril com o mesmo comportamento que caracterizou o regime nascido em 28 de Maio:

- a corrupção;

- a incompetência;

- o compadrio;

- o circo do Poder.

Até quando?”

 

            Estas palavras são do saudoso Capitão de Abril, Salgueiro Maia.

 

Agora com os meus 70 anos de idade, embora muito desiludido, não me quero abster e muito menos render, mas sinto todas as liberdades e direitos ameaçados e por talpergunto:

- Valerá a pena acreditar em mais alguém?...

 

Mas eu, como sou feito de esperança e poesia, agarro-me e acredito nestes versos de José Carlos Ary dos Santos:

 

Se Abril ficar distante,

desta terra e deste povo,

a nossa força é bastante

p’ra fazer um Abril novo.

 

 

Eduardo Roseira

Abril de 2021

JSD | Confiança. Capacidade de adaptação. Resiliência.

JSD

É cada vez mais importante que se pense nos impactos que o último ano teve no bem-estar físico e psicológico das pessoas tanto a nível pessoal como profissional. Assim sendo, é de grande significância que, agora, mais que nunca haja uma adaptação à “nova realidade” pandémica, onde a mudança afetou muitas empresas e a forma como estas funcionavam.

Destaco três características que penso serem essenciais para o bom funcionamento de uma empresa. Confiança. Capacidade de adaptação. Resiliência.

 

- Confiança -

Mostrar e transmitir confiança aos funcionários, incitará neles uma maior segurança uns nos outros, o que melhora o trabalho em equipa e consequentemente, também os resultados da empresa. Quando se trabalha num bom ambiente, em que todos tem um objetivo comum, os resultados são notórios. É também importante que no nosso local de trabalho haja um bom ambiente pois isso terá consequências positivas tanto a nível pessoal como profissional.

Os funcionários devem sentir-se confiantes e dispostos a dar o seu melhor para bem da sua equipa e da organização em que trabalham.

 

- Capacidade de adaptação –

A capacidade de adaptação é sempre importante numa empresa, seja esta de que setor for. Temos em mente, as adaptações a que as empresas se viram sujeitas com a presença da pandemia. Percebeu-se que, não há necessidade de estar num escritório para que os resultados de um funcionário sejam cumpridos, isto é, através de uma boa gestão de tempo é possível que se consiga conjugar a vida profissional e pessoal, mais uma vez, a confiança que um líder mostra para com um funcionário pode também ser importante para que este tenha mais vontade de mostrar as suas capacidades e queira mostrar que mesmo não estando a trabalhar segundo o meio presencial que os resultados podem ser iguais ou até mesmo melhores.

Perante a atual pandemia verificou-se que nem sempre a mudança era o que causava mais medo e desconforto, mas sim, o desconhecido, a incerteza de quando esta fase menos boa irá terminar.O medo de perder o emprego, causou nos trabalhadores uma maior resiliência, o querer mostrar que conseguiam ultrapassar as dificuldades, apesar das adversidades da “nova normalidade”.

 

- Resiliência –

A resiliência entende-se como a capacidade que um indivíduo tem quando tem de lidar com eventuais problemas que possam surgir no dia-a-dia, a sua capacidade de adaptação a mudanças, a superação de adversidades que possam eventualmente aparecer e a capacidade quetem em resistir à pressão de decisões que por ele tenham de ser tomadas.

Note-se que, normalmente, quanto mais alto o cargo desempenhado, maior é a probabilidade de ser resiliente, o que é muito importante pois transmite confiança aos potenciais clientes, no entanto, é importante que nunca sejam esquecidos os esforços e dedicação de todos aqueles que trabalham para que as empresas tenham bons resultados, daí que não seja esquecida a importância que a confiança que se demostra uns pelos outros, independentemente do cargo desempenhado dentro da empresa, pois todos trabalham para um bem, o sucesso da mesma. Os trabalhadores não devem ser vistos como um meio para atingir um fim, mas sim, como parte integrante do “puzzle”.

Estas características estão presentes no perfil do candidato Paulo Portela, empresário com experiência e a escolha do PSD de Baião para liderar as eleições autárquicas no próximo mês de outubro de 2021.

Vimos nele aquilo que pensamos ser o perfil de um bom líder, apaixonado por aquele que é o seu concelho, Baião, e com uma visão posta no futuro. Um futuro em que Baião será um exemplo no país. “Vamos, juntos, fazer bem e diferente”, e para tal, devemos “Pensar, planear, criar um futuro melhor”.

 

Margarida Carvalho

JSD Baião