Trova e Canção com lágrimas| Recordar Adriano Correia de Oliveira (9/04/1942 - 16/10/1982)
Em tempos de servidão
Há sempre alguém que resiste
Há sempre alguém que diz não.
Adriano Maria Correia Gomes de Oliveira foi um dos trovadores da Liberdade e uma das grandes referências da música de intervenção e do Fado de Coimbra.
Nasceu no Porto no dia 9 de Abril de 1942 e faleceu aos 40 anos, em Avintes, no dia 16 de Outubro de 1982.
Criado numa família profundamente católica, a infância de Adriano Correia de Oliveira é marcada pelo ambiente que descreverá mais tarde como «marcadamente rural, entre videiras, cães domésticos e belas alamedas arborizadas com vista para o rio [Douro]».
Teve uma intença participação no meio cultural e desportivo ligado à Academia de Coimbra. Viveu na Real República Ras-Teparta, foi solista no Orfeon Académico, membro do Grupo Universitário de Danças e Cantares, ator no CITAC, guitarrista no Conjunto Ligeiro da Tuna Académica e jogador de voleibol na Briosa.
Na década de 1960 adere ao PCP e envolve-se nas greves académicas de 1962, contra o salazarismo. Nesse ano foi candidato à Associação Académica de Coimbra, numa lista apoiada pelo MUD.
Data de 1963 o seu primeiro EP, Fados de Coimbra. Acompanhado por António Portugal e Rui Pato. O álbum continha a interpretação de Trova do vento que passa, poema de Manuel Alegre, que se tornaria uma espécie de hino da resistência dos estudantes à ditadura.
Em 1967 gravou o album Adriano Correia de Oliveira, que, entre outras canções, tinha Canção com lágrimas.
Chamado a cumprir o Serviço Militar, em 1967, Adriano Correia de Oliveira ficaria a uma disciplina de se formar em Direito.
Em 1969 vê editado o álbum O Canto e as Armas, revelando, de novo, vários poemas de Manuel Alegre. Pela sua obra recebe, no mesmo ano, o Prémio Pozal Domingues.
Lança Cantaremos, em 1970 e Gente d'aqui e de agora, em 1971, este último com o primeiro arranjo, como maestro, de José Calvário, e composição de José Niza.
Em 1970, já licenciado, decide trocar Coimbra por Lisboa indo exercer funções no Gabinete de Imprensa da FIL - Feira Industrial de Lisboa, onde permaneceu até 1974.
Em 1973 lança Fados de Coimbra em disco e funda a Editora Edicta, com Carlos Vargas, para se tornar produtor na Orfeu, em 1974.
Com a Revolução dos Cravos, Adriano Correia de Oliveira está entre os fundadores da Cooperativa Cantabril.
Em 1975 lança a obra com o título Que nunca mais, onde se inclui o tema Tejo que levas as águas.
A revista inglesa Music Week elege-o Artista do Ano.
Em 1980 lança aquele que viria a ser o seu último álbum, Cantigas Portuguesas, ingressando no ano seguinte na Cooperativa Era Nova, em rutura com a Cantabril.
A 24 de setembro de 1983 foi feito Comendador da Ordem da Liberdade e a 24 de abril de 1994 foi feito Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, ambas as condecorações a título póstumo.
A Câmara Municipal de Lisboa atribuiu o seu nome a uma rua em Entrecampos.
Discografia
Álbuns
- 1967 - Adriano Correia de Oliveira (LP, Orfeu, XYZ 104)
- 1969 – O Canto e as Armas (LP, Orfeu, STAT 003)
- 1970 – Cantaremos (LP, Orfeu, STAT 007)
- 1971 – Gente de aqui e de agora - LP STAT 010)
- 1975 – Que nunca mais (LP, Orfeu, STAT 033)
- 1980 – Cantigas Portuguesas (LP, Orfeu, STAT 067)
Compilações
- 1973 - Fados de Coimbra
- 1982 - Memória de Adriano
- 1994 - Fados e baladas de Coimbra
- 1994 - Obra Completa
- 1995 - O Melhor dos Melhores
- 2001 - Vinte Anos de Canções (1960-1980)
- 2007 - Obra Completa
Singles e EP
- Noite de Coimbra (EP, Orfeu, 1960) [Fado da Mentira/Balada dos Sinos/Canta Coração/Chula] Atep 6025
- Balada do Estudante (EP, 1961) [Fado da Promessa/Fado dos Olhos Claros/Contemplação/Balada do Estudante] Atep 6033
- Fados de Coimbra (EP, 1961) [Canção dos Fornos/Balada da Esperança/Trova do Amor Lusíada/Fado do Fim do Ano] Atep 6035
- Fados de Coimbra (EP, 1962) [Minha Mãe/Prece/Senhora, Partem Tão Tristes/Desengano] Atep 6077
- Trova do vento que Passa (EP, 1963) [Trova do Vento que Passa/Pensamento/Capa Negra, Rosa Negra/Trova do Amor Lusíada] Atep 6097
- Adriano Correia de Oliveira (EP, 1964) [Lira/Canção da Beira Baixa/Charama/Para que Quero Eu Olhos] Atep 6274
- Menina dos Olhos Tristes (EP, 1964) [Menina dos Olhos Tristes/Erguem-se Muros/Canção com Lágrimas/Canção do Soldado] Atep 6275
- Elegia (EP, 1967) [Elegia/Barcas Novas/Pátria/Pescador do Rio Triste] Atep 6175
- Adriano Correia de Oliveira (EP, 1968) [Para que Quero Eu Olhos/Canção da Terceira/Sou Barco/Exílio] Atep 6197
- Rosa de Sangue (EP, Orfeu, 1968) Atep 6237
- Cantar de Emigração (EP, Orfeu, 1971) Atep 6400
- Trova do Vento Que Passa n.º2 (EP, Orfeu, 1971) Atep 6374
- Lágrima de Preta (EP, Orfeu, 1972) Atep 6434
- Batalha de Alcácer-Quibir (EP, Orfeu, 1972) Atep 6457
- O Senhor Morgado (EP, Orfeu, 1973) Atep 6542
- A Vila de Alvito (EP, Orfeu, 1974) Atep 6588
- Para Rosalía (EP, Orfeu, 1976) Atep 6604
- Notícias de Abril (Single, Orfeu, 1978) [Se Vossa Excelência.../Em Trás-os-Montes à Tarde] KSAT 633