Odete Souto | ABRIL, mês da Liberdade e da Prevenção dos Maus tratos na infância
“Vem,vamos embora, que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”
Geraldo Valdré
Estamos em Abril, um mês carregado de simbologia que nos dá esperança. Mas, como dizia o poeta “quem sabe faz a hora…”. E é importante fazê-la. Nem os direitos são um dado adquirido para sempre, nem a Liberdade é algo que se guarde num cofre, nem as crianças estão ainda, de todo, vistas e assumidas como sujeitos de direitos.
Por essa razão, Abril deve ser celebrado sempre. Abril da revolução, Abril dos cravos, Abril da Terra, Abril do autismo, Abril da prevenção dos maus tratos na infância…Tantas causas de todos/as e para todos/as!E a escola, tem um papel determinante na informação e formação de crianças, jovens e adultos, na reflexão, na conscientização, e no aprofundamento de valores e no respeito pelos direitos humanos, incluindo os das crianças.
A escola é o espaço de excelência para o crescimento e desenvolvimento das crianças e dos jovens. É o local onde de desenrolam os mais diversos tipos de relacionamento afetivo entre pares, professores/as e pessoal não docente . É o meio mais adequado para o amadurecimento emocional, desenvolvimento da educação cívica, científica e tecnológica da criança e do jovem. E deve tender a ser uma comunidade de aprendizagem.
A criança tem o direito a crescer num ambiente harmonioso, equilibrado, protegido da violência para que possa atingir níveis educativos adequados, para viver com autonomia na sociedade e de uma forma equilibrada e responsável. As entidades com competência em matéria de infância e juventude, incluindo a Escola, têm uma responsabilidade acrescida em matéria de proteção porque as crianças e os/as jovens desenvolvem muitos laços de afetividade com os elementos que constituem a escola e esperam deles apoio e proteção. Perspetivando a escola como uma organização promotora do sucesso educativo e da integração social do jovem, é, também, a estrutura mais bem preparada para divulgar e envolver toda a comunidade educativa na valorização e promoção do respeito pelos direitos da criança.
Neste sentido, os Estabelecimentos de Educação, Ensino e Formação assumem um papel preponderante na prevenção, bem como na deteção de indicadores de risco e perigo. Os estudos mostram que, de um modo geral, as consequências dos maus tratos acarretam grandes danos para a saúde física, mental e desenvolvimento das vítimas, deixando sequelas para a vida. De entre elasas dificuldades de relacionamento e integração que se repercute no rendimento escolar, atrasos no desenvolvimento físico e cognitivo, deficit de atenção/concentração, bullyng, entre outros.
A sensibilização da comunidade para a valorização e promoção dos Direitos Humanos e a promoção e proteção dos direitosda criança encontra na escola todos os recursos, humanos, científicos e tecnológicos, para promover campanhas de diversas dimensões, com o envolvimento de crianças, jovens, professores/as, pessoal não docente e família. A deteção e intervenção precoce no risco e no perigo é determinante nos resultados. Daí que todos/as os/as adultos/as sejam importantes para o desenvolvimento de uma criança e todos/as devem ser treinados e sensibilizados para identificarem nas crianças e jovens os mais variados sinais, marcas ou formas de violência e negligência, que os podem vir a marcar negativamente e perturbar o seu desenvolvimento, tornando-os adultos violentos e negligentes, contrário àquilo que se pretende, - criar cidadãos/ãs, autónomos/as, ativos/as, livres e responsáveis.
Termino como comecei. Abril é um símbolo da esperança. Mas também da luta. E esta faz-se através da cultura, da música, do saber, da vida, de todos/as e de cada um/a.
Cito aqui o provérbio africano. “Para educar uma criança é preciso uma aldeia inteira”. E acrescento, todos/as somos igualmente responsáveis pela proteção e promoção dos direitos das crianças e pelos direitos humanos. Da mesma forma somos responsáveis pelas desigualdades sociais, pelas agressões ambientais, pelas violações constantes dos Direitos Humanos, em sumo, pelo comprometimento, ou não, do futuro do planeta e dos vindouros.
Tal como com o Titanic, no momento em que isto afundar vamos todos/as. Aprendamos a ter responsabilidade coletiva.
Abril, Sempre!
Odete Souto