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BAIÃO CANAL - Jornal

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MARIA ODETE SOUTO | 8 de março, dia Internacional da Mulher

Maria Odete Souto

Como é sabido, o dia 8 de março comemora-seo Dia Internacional da Mulher. Mas porquê um dia de… se cada volta ao sol demora 365 dias e 6 horas, isto é um ano?

Vamos a um pouco da História. Já nos finais do séc. XIX, nos EUA e na Europa, alguns movimentos feministas se iam erguendo, sobretudo no seio das mulheres operárias que chegavam a ter jornas diárias de trabalho 15 /16 horas, reivindicando igualdade de direitos.

No entanto, o Dia Mundial da Mulher terá sido celebrado, pela primeira vez, nos Estados Unidos, em 1908, quando cerca de 1500 mulheres operárias saíram à rua, em manifestação e luta pela igualdade laboral, económica e política.

Diz-se, também, que em 1911, numa fábrica têxtil de Nova York, 130 mulheres morreram carbonizadas e que este facto terá sido determinante das lutas feministas. Este episódio é real, mas aconteceu a 25 de março desse ano.

Todavia, foi preciso chegar a 1945, já no final da segunda Guerra Mundial, para ser assinado, pela ONU, o primeiro acordo internacional, em que os princípios de igualdade entre homens e mulheres estão vertidos em texto e, já muito mais tarde, em 1975, o dia 8 de março passa a ser reconhecido pela ONU, como o dia Internacional da Mulher.

Sou avessa, aos dias de… porque, como atrás referi, todos os dias do ano são dias de trabalhar para o bem comum, para fazer valer os direitos humanos, sejam eles os das mulheres, os dos homens, os das crianças…

E é angustiante pensarmos que no séc. XXI a luta pelo respeito pelos direitos humanos e, neste caso concreto das mulheres, façam ainda sentido. Mas faz. E faz porque a igualdade de oportunidades e de direitos não está minimamente assegurada, porque as mentalidades são as coisas mais difíceis de mudare carregam uma carga histórica imensa. São geracionais.

Saiu recentemente um estudo que nos mostra o quanto recai o cumprimento das tarefas domésticas na mulher e o desgaste que isto provoca. Não há uma cultura de partilha. E desengane-se quem pensa que isto é um problema dos homens. Não, não é. É cultural e afeta de igual forma, homens e mulheres. Elas porque foram educadas para serem excelentes donas de casa, para além da sua vida profissional. Eles, porque mesmo quando já tendo evoluído um pouco mais, acham que ajudam as mulheres. Logo, está implícito que são deveres que não têm. Claro que em tudo isto há honrosas exceções.

Por outro lado, quando vemos e ouvimos algumas mulheres, mesmo de formação académica superior, a falar de dinâmicas familiares, de deveres de parentalidade, etc. não muito raro se assiste a responsabilizar mais a mulher pela educação e por qualquer falha que possa existir, muitas vezes, com julgamentos quase insultuosos. E estas, se lhe perguntarem se se estão a ver a um espelho, estala-se-lhes todo o verniz.

Vemos estas diferenças, desde o primeiro momento, quando se prepara a chegada de um novo rebento. O momento em que se sabe o sexo da criança, determina a cor do enxoval e, continua com os brinquedos para meninos e para meninas, sendo que elas terão, bonecas, panelinhas e afins, enquanto eles terão carros, motas, armas… estamos na gramática dos papéis sociais que lhes são atribuídos e que vão determinando desigualdades gritantes.

A afirmação dos direitos das Mulheres e dos feminismos nunca deve seguir e cometer os mesmos erros do machismo. Deve ser uma luta libertadora, até das suas próprias amarras.

Por tudo isto, faz sentido que todos os dias sejam dias de refletir e de batalhar pela igualdade de direitos, pelo respeito e pela partilha da vida, em tudo o que ela tem de bom, menos bom e mau. Que o dia 8 de março, dia Internacional da Mulher, seja mais um desses dias.

Termino esta crónica com uma nota de esperança. Parafraseando o poeta António Machado, “faz-se o caminho a andar”. E tem sido feito algum caminho.

Viva o Dia Internacional da Mulher! Vivam todas as mulheres e todos os homens que as sabem respeitar como seres diferentes, mas seus pares iguais e que fazem da vida uma caminhada livre e partilhada.

 

Maria Odete Souto

 

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