Paulo Esperança | A PROPÓSITO DE PAULO RANGEL
No último fim de semana a comunicação social fez parangonas com o facto de Paulo Rangel ter assumido publicamente a sua orientação homossexual.
De caminho foi lembrado que um Secretário de Estado do actual Governo é casado com um ser humano do mesmo sexo, que um antigo dirigente do CDS não permitiu que retirassem um cartaz seu onde havia uma “pichagem” que dizia que era “gay”, porque era verdade e que uma Ministra tem uma relação com outra mulher.
A barbárie da dita comunicação social, mesmo a chamada de “referência” seguiu com respeito a regra jornalística e a fórmula do Correio da Manhãe das revistas de mexericos: não interessam ideias o que conta é que este caso vai vender jornais e telejornais.
Tenho a dizer que não me agrada nada, quer seja gente vulgar ou uma qualquer figura mediática, virem a terreiro dizer que optam por isto ou aquilo quando se referem à sua vida pessoal. Isso é dar asas e potenciar essa mesma indústria instalada dos mexericos.
Eu sei que esta “rapaziada”/”raparigada” que anda na chamada vida pública precisa de exposição mediática: fazer uma cataplana no programa da Cristina Ferreira ou contar como viveu os tempos de infância com pais ausentes e avós que lhe deram o necessário colo.
Os espectadores ficam embevecidos e o ego dessa “malta” subirá ao nariz.
Até lhes pode confortar esse ego... será que essas atitudes abrirão algum caminho de futuro?
Mas Isso é com ele(a)s e não me interessa para nada! Assim como não me interessa saber se o meu Director é do Salgueiros ou se é vegetariano. Isso não conta para a verdade jornalística.
Por muito que se pense que a sociedade está mais aberta – e está – ainda há escolhos a transpor.
Ninguém questiona se o Joaquim ou a Maria são heterossexuais – porque isso é a “norma” - mas qualquer coisa que cheire a “fora do normal” é notícia, normalmente maliciosa.
O que me incomoda é que Paulo Rangel não irá ser combatido, com honestidade, pelas suas opções políticas mas, provavelmente, em surdina, pela sua vida pessoal. E isso é inadmissível!
A sociedade fraterna só poderá ser verdadeiramente livre quando o facto jornalístico for o ser humano e as suas ideias. E nada mais que isso.
NOTA: apesar de estar na antítese da posição política de Paulo Rangel quero dizer-lhe que não hesitarei em apoiá-lo em qualquer tentativa de o combater pelas suas orientações de vida