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BAIÃO CANAL - Jornal

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OS PEQUENOS TAMBÉM SÃO GRANDES | Aníbal Styliano

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1975

Artur Jorge convidou-me para integrar um projeto inovador: O Movimento Nacional de
Futebol Juvenil, com funções de coordenação no distrito do Porto. Em poucas linhas,
pretendia-se dois em um: fazer formação a jogadores cujas lesões determinaram
precocemente o fim da sua carreira como profissionais de futebol e criar-lhes uma colocação
profissional, como “treinadores/monitores” em várias escolas primárias, criando equipas e
transmitindo bases adequadas no momento certo. Nessa época, tudo corria célere.
Apresentei-me na DGD-Porto com os dois colaboradores que escolhi: Sr. Artur Baeta, meu
antigo treinador e um dos maiores especialistas do futebol jovem e não só e o jogador e meu
amigo Vieira Nunes. Tudo montado (iria contar com 44 colaboradores), prazos definidos e cai
mais um governo, como era usual nessa altura. O projeto que era fantástico foi transformado,
com um novo governo, com novos elementos, fundamentos e instituições, num torneio único
e não no projeto contínuo que se pretendia. Posso acrescentar que o pagamento a cada
colaborador andaria à volta de 4 mil e quatrocentos escudos por mês. Nunca foi público o
valor investido nesse torneio único.
Passados longos anos, na AF do Porto construí um novo projeto que se tornou realidade. Era
uma competição entre seleções de futebol de sub-14, dos concelhos do distrito do Porto, que
além dos jogos (às quartas-feiras) tinha mais alguns pormenores: a equipa que recebia tinha a incumbência de oferecer lanche ao visitante. Os árbitros, além da sua tarefa, tinham um
boletim onde registavam pontuação de fair-play, pois era também um título a atribuir.
Finalmente, envolvemos a Comunicação Social Regional para concurso sobre reportagens
desse torneio ao qual demos o nome de Troféu “Álvaro Braga” e que revelou momentos
fantásticos com grande profissionalismo. O torneio interconcelhio recebeu o nome de “Dr.
Adriano Pinto”. Enquanto mantivemos os colaboradores, tudo correu bem, pois tinha como
objetivo alicerçar o futebol positivo nas idades mais baixas. Houve autarquias que levaram a
sua equipa a jogos fora das nossas fronteiras. O torneio chegou a ter uma grande dimensão e
constituiu uma nova forma de abordar os jogos sem a presença de qualquer forma de
violência. Mas tudo tem um tempo e após o falecimento do Presidente da Direção da AF do
Porto, decidi abandonar assa instituição ao fim de cerca de 20 anos. Houve algumas autarquias que ainda levantaram o torneio mas com fim anunciado, por falta de visão estratégica ou outra razão qualquer…
Hoje, decidi desafiar as autarquias a pensarem criar uma iniciativa com futuro: um torneio de
sub-10 ou sub-12 (ou os dois) para futebol de rua, em pelados ou relvados mais pequenos (tipo futebol de sete), com jovens a apitar, após fase de aprendizagem. Não é o título que se
procura, mas aprender a estar em jogo pelo jogo, em apoiar os colegas e saber trocar a bola
sem exageros individualistas. Os resultados são importantes mas só no fim. Noutro dia há
mais. E assim, se em cada escola se conseguir uma equipa (podem ser mistas) a nova
competição pode avançar! Têm a palavra os adultos (pais, professores, funcionários e até a AF do Porto para apoiar com material e logística, como deve ser a sua função). Jogar para ganhar é sempre mais importante do que quem ganhou… Porque, logo depois, vem outro novo jogo e tudo pode ser diferente. Ajudaria dividir o distrito em grupos de concelhos mais próximos mas também com densidade populacional similar. Um forte abraço para o meu inesquecível amigo Artur Jorge, sim o treinador português que ganhou com o FC do Porto, a Taça dos Campeões
Europeus, em 1987.
Aníbal Styliano (Professor e Comentador)