SOCIEDADE | PAÍS | Paulo Esperança
FESTIVAL DA CAUÇÃO
Uns têm de prestar caução de cinco milhões de euros, outros de três milhões e alguns outros de seiscentos mil euros.
São verbas que não entram no meu imaginário porque tento sempre converter em escudos e não chego a conclusão nenhuma!
Sei bem que ainda não expirou o prazo da prestação das respectivas garantias, mas estou atento.
Tendo em conta que há patrimónios individuais que se resumem a garagens e palheiros assola-me a comiseração: como vai esta gente conseguir pagar as cauções estipuladas em tribunal?
Que tal uma “vaquinha” para conseguir angariar, solidariamente, tais importâncias para que esta rapaziada possa viver na liberdade que conquistaram, dizem as “más línguas”, à custa da trapaça, da corrupção e da aldrabice?
Eu, por mim, entro com cinco quadros que copiei à má fila deum museu madeirense e com três camisolas contrafeitas, de águia ao peito, que surripiei sorrateiramente numa loja de conveniência.
Mas isso sou eu, a título individual.
E a chamada comunicação socialresponsável e atenta à suposta verdade dos factos: vai escrutinar de onde virão essas cauções? E vai questionar como é que se podem concretizar tais garantias quando não se têm bens registados que o permitam?
Não, não vai fazer nada disso! Vai é tentar descobrir onde surripiei as camisolas contrafeitas!
Os “fait divers” vão tomar conta do assunto! É o que temos!
Agora mais a sério: há seres humanos em África e furar canalizações para ter água para beber.
Há fábricas de vacinas para o Covid 19 na Índia sem que a respectiva população lhes tenha acesso.
Há gente em Portugal sem o mínimo de condições de habitação, paz, comida e respeito enquanto seres humanos.
Há gente de bem que desespera por um qualquer empréstimo bancário para conseguir umas dezenas de milhares de euros para adquirir habitação digna, própria e permanente.
Toda esta gente tem um azar: ou vive na miséria, ou não tem dinheiro ou pede pequenos empréstimos.
Pois, sendo lugar comum e uma “lapalissada”, aqui vai: dever mil euros a um banco é um problema de quem deve. Dever um milhão…é um problema do banco.
Prejuízos, deficits, amortizações, provisões, ofertas públicas de venda, - com ou sem Fundo de Resolução ou com mais ou menos Fundações - sempre seresolvemem nome das normas contabilísticas adaptadas às circunstâncias que derem mais jeito.
Continuemos para bingo!
Paulo Esperança