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BAIÃO CANAL - Jornal

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BAIÃO | Estão abertas as candidaturas ao Programa Voluntariado Jovem para Natureza e Florestas 2021

No dia de hoje, 2 de julho de 2021, a plataforma ainda não tinha os projetos disponíveis. Mas mantenham a atenção, sendo que os projetos serão divulgados brevemente na Plataforma do IPDJ: https://programas.juventude.gov.pt/florestas e os jovens serão selecionados, por ordem de inscrição

Seleção e colocação:

Consta na informação do IPDJ que "os jovens que reúnam os requisitos do programa são selecionados, por ordem de inscrição, pelas Direções Regionais do IPDJ, I.P."

As inscrições não têm custo associado e têm de ser realizadas individualmente até 5 dias antes do início do projeto na Plataforma do IPDJ: https://programas.juventude.gov.pt/florestas. 
 

Em Baião o programa vai decorrer de 17 de julho a 14 de setembro. Cada turno envolve 10 jovens, tem a duração mínima de 15 dias, 5 horas diárias, das 14 às 19 horas, decorrendo todos os dias da semana, incluindo sábados, domingos e feriados.

Após a inscrição, e seleção, cada jovem voluntário receberá uma bolsa no valor de 180 euros.

Durante o período de voluntariado estão disponíveis quatro turnos:

  • 1º – 17  a 31 de julho
  • 2º – 01 a 15 de agosto
  • 3º – 16  a 30 de agosto
  • 4º – 31 de agosto a 14 de setembro

Os voluntários vão receber uma formação com data ainda a definir.

Sobre o Programa

O Voluntariado Jovem para a Natureza e Florestas é um programa de voluntariado juvenil, que decorre todo o ano, no âmbito da preservação da natureza, florestas e respetivos ecossistemas. Pretende-se sensibilizar as populações, prevenir contra os incêndios florestais e outras catástrofes com impacto ambiental, monitorizar e recuperar territórios afetados.​

 

 

Direitos dos voluntários:

Seguro de acidentes pessoais e de responsabilidade civil;

Certificado de participação;

Formação geral sobre voluntariado e específica sobre as atividades a desenvolver;

Reembolso das importâncias despendidas no exercício das atividades.

 

Âmbito:

Este programa, direcionado aos jovens com idades compreendidas entre os 18 e os 30 anos, tem como objetivo promover práticas no âmbito da proteção da natureza, florestas e respetivos ecossistemas, através da sensibilização e da preservação contra os incêndios florestais e outras catástrofes com impacto ambiental, da monitorização e recuperação de territórios afetados.

Estes objetivos são propostos pelo Governo e a autarquia baionense pretende coloca-los em prática através do programa “Patrulha Baião”, que conta com a colaboração dos Bombeiros Voluntários de Baião, dos Bombeiros Voluntários de Santa Marinha do Zêzere e da  Associação Ambiental e Cultural do Vale de Ovil – EcoSimbioses.

Para além da preservação da natureza e da floresta, a iniciativa vai mais além. Os jovens vão poder contribuir para a preservação dos ecossistemas do concelho através da recolha de lixo acumulado no percurso que fazem até chegarem ao ponto de vigia que lhes está definido.

No projeto “Patrulha Baião” os voluntários intervêm especificamente na sensibilização das populações em geral para a preservação da natureza, florestas e respetivos ecossistemas, através da distribuição de panfletos; Inventariação de áreas necessitadas de limpeza; Vigilância fixa em postos de vigia, definidos pelo Plano Municipal de Defesa da Floresta contra incêndios; Vigilância a pé partindo dos postos de vigia e recolha de lixo.

Jaime Froufe Andrade | Histórias avulso | Não deixes que o medo te mate os sonhos

Histórias avulso 

(A pandemia pôs-nos à espera do futuro. Parados pelo vírus, talvez seja tempo para percebermos o que deixámos para trás. É essa a proposta de Histórias avulso)

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Não deixes que o medo te mate os sonhos

Desajeitadamente, procuro colaborar com o Rodrigo Silva, o Tocas, instrutor deste salto a dois, salto tandem de paraquedas. A avioneta vagueia nas alturas, parece indecisa. Mas agora, aos 3.300 metros, a porta abre-se. A ventania e a barulheira do motor apanham-me à má fila. Manuel Gonçalves, velho ícone das tropas paraquedistas, é o primeiro a largar o avião. Segue-se uma jovem. Andará pelos 20 anos. Na despedida, toca-me com os nós dos dedos. Deve ser acto de culto, gesto litúrgico da tribo do ar, penso. Determinada, passa para o exterior, para o patim da aeronave. Ágil e grácil, mergulha de cabeça, despenha-se no vazio. Agora é a minha vez...

Sentado na chão da carlinga, encaro aquela bocarra escancarada preparada para me engolir. Vou-me arrastando, elegante como um sapo. Chega o momento de pôr uma perna e a outra, fora da nave. Geminado a mim, o Tocas trata do resto da manobra. Não perde tempo. E aí vamos nós, céus abaixo...

Entro numa série vertiginosa de cambalhotas. A velocidade é estonteante. Em meu socorro vem a adrenalina, esse ópio do corpo. Faz-me passar ao lado de uma previsível angústia. Sinto-me ferver num inesperado e avassalador gozo de deuses!

A passagem em queda livre dos dois corpos interrompe bruscamente aquela serenidade tão própria das alturas. O ar, revoltado, lembra o mar em fúria, um oceano gasoso varrido por uma incontrolável agitação. Faz do meu corpo o que quer. Empurra-o para uma viagem desenfreada de montanha russa sem freio, nem carril. A queda prossegue, cada vez mais estonteante, até o Tocas a conseguir estabilizar.

Este voo planado, de braços e pernas abertos, olhos no horizonte, também é excitante. Entro no jogo do "faz de conta". Imagino-me o Superman da minha rua, da minha terra, o Superman do Porto... Mas a súbita abertura do paraquedas põe fim ao devaneio. A torrente de emoções vivida durante o meio minuto que durou a queda livre fizera-me esquecer este decisivo momento.

Agora, de paraquedas aberto, desço suavemente. Vista daqui a terra parece um espaço inocente e inofensivo. Iluminada pelo sol, mostra-se pintada de fresco. Devia ser assim no princípio do mundo. Os carros, na autoestrada, em tamanho e graça são iguais aos carrinhos a corda dos miúdos. Estou no sítio certo para tentar compreender os paraquedistas. Eles dizem que só eles sabem a razão que faz os pássaros cantar.

A aproximação a este mundo onde vivo e ando, todos os dias, de pés no chão vai-me afastando da visão encantatória que tive lá em cima, no reino das alturas. A emoção torna-se mais física com a proximidade da aterragem. A altitude escoa a cada momento como água num ralo. Faltam talvez 200, 50, 10 metros, e eis-me já a correr pelo meu pé na pista do aeródromo.
A experiência, vivida há sete anos atrás, foi a forma que encontrei para festejar os meus 70 anos de vida.

PS - Esta prenda de aniversário que me ofereci exigiu-me prévias ponderações. Levou-me até a questionar a máquina do electrocardiograma para saber o que ela pensaria sobre o assunto. Obrigou-me também a convocar a determinação necessária. Mais fácil seria ter ficado sentado aqui de onde vos escrevo. Preferi levar à risca o ensinamento índio: Não deixes que o medo te mate os sonhos.

Jaime Froufe Andrade

Natércia Teixeira | O gato nasceu completamente terminado

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…” O gato nasceu completamente terminado,

anda sozinho e sabe o que quer.”
Ode ao Gato de
Pablo Neruda.
Não nasci talhada para o conforto de algumas indiferenças, mas também não o lamento.
Também não tenho vocação nem vontade para doutrinar seja quem for, do direito de me indignar, não abdico nem permito que quem quer que seja o questione.
Também me considero livre de ter opiniões, baseada em factos que presencio.
Este episodio é um entre muitos e uma situação transforma-se num problema no momento
em que por repetição se valida uma conduta errada.
Aconteceu num fim de dia normal, bom tempo e boa visibilidade… a azáfama própria de
horário de saída de um Pólo Escolar, pais dentro dos carros a aguardar pelos filhos e outros já
nos passeios a acompanha-los no trajeto de regresso a casa.
Chego à entrada do meu prédio e deparo-me com um felino estendido na rua ao lado de um
carro estacionado.
Pelo posicionamento do gato e pelo movimento de carros na via, a probabilidade de um lhe
passar por cima, era considerável.
A imobilidade do animal fazia supor o pior, apesar da ausência de sinais visíveis de ferimentos.
A possibilidade de o gato estar vivo, pareceu-me motivo suficiente para parar e ir perceber o
que se passava com o bicho.
A aproximação confirmou que se encontrava prostrado, mas com vida.
Entendi, sem margem para duvidas, como humana e por civilidade, ser minha obrigação retirar
dali aquele ser vivo, em evidente agonia e foi o que fiz.
As minhas dúvidas prendem-se quanto à humanidade e civilidade de todos, e foram muitos,
que presenciaram o mesmo que eu e se remeteram à indiferença.
Não sou melhor que ninguém e todos os dias sou agradavelmente confrontada com a
evidencia que há por aí muita gente, que também não sendo melhor que os indiferentes que
por ali passaram naquele dia, são gente que sabe ser gente, pelo que não existe termo de
comparação com os que não o sabem ser.
O mundo não se divide em maus e bons, apenas em atitudes certas e atitudes erradas, bons
exemplos e maus exemplos.
Dirijo-me na primeira pessoa ao ser que estava sentado dentro do carro à espera do filho com
o gato estendido à frente:
És um mau exemplo!
A todos os outros que ali passaram e procederam de igual forma:
Vocês são maus exemplos… de pessoas, de educadores e de pais.
Quanto ao gato:
Gato…provavelmente sem nome, mas também não te fazia falta um, porque não terias quem
te chamasse, sobreviveste sozinho até seres traído pela curiosidade ou pela necessidade de
atravessar a rua.
Foi tarde que pela primeira vez alguém te pegou no colo, te enrolou numa manta fofa e te pôs
a repousar numa cama quente.
Não foi tarde para pela primeira vez pressentires que há humanos que conseguem sê-lo.
Partiste em paz.
Eu fiquei em paz.
Quanto aos outros… os outros são os outros e conseguirão sem dúvida alcançar a paz que
merecem.
Post Scriptum: Alerto, porque julgo pertinente, para a necessidade de se colocarem lombas
que restrinjam a velocidade dos automobilistas numa via que é de acesso a um Pólo Escolar,
assim como passadeiras com sinalização luminosa; pela segurança das crianças, por todos nós,
por todos os seres sencientes e também pelos que o não são.
Natércia Teixeira

OS PEQUENOS TAMBÉM SÃO GRANDES | Aníbal Styliano | Arbitragens esquecidas

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Arbitragens na Liga II (e nos outros campeonatos) podem indiciar problemas. Há previsão de tsunamis com consequências imprevisíveis que vão crescendo sem mediatização, mas com intensidade que pode colocar em risco os alicerces do setor. Se os jogos tivessem adeptos nos estádios, eventualmente tudo seria diferente. A comunicação social não considera notícia osriscos semanais que podem originar conflitos violentos.

A formação de árbitros tem de qualificarcom condições técnicas, capacidade de liderança, autonomia e capacidades físicas excelentes, para se poder valorizar a credibilidade do setor eo próprio futebol português. Esclareçam como se classificam os árbitros e que parâmetros e critérios são usados, de que forma e por quem. As subidas ao patamar superior, além da estatura e de falar inglês, pressupõem um conjunto de capacidades técnicas, disciplinares e de personalidade, que se não forem superadas com rigor potenciam situaçõespenosas. Selecionar implica saber avaliar um conjunto de competências (não só a experiência) para decidir quem pode ou não pode subir mais degraus: sem formação de excelência, o desastre coletivo é uma forte possibilidade. Iniciem com sabedoria escolas para jovens árbitros a partir dos 14 anos, com formadores e observadores com rigor pedagógico. Quem se responsabiliza pela qualidade e condições para apitar o Campeonato de Portugal, os Distritais e os Campeonatos de jovens?A base tem de ter sustentabilidade e apoio qualificado.

A pirâmide está instável; precisa-sede gente que reforce alicerces. Não há capacidade de previsão e antecipação, só conhecem o presente. Encontrar eventuais responsáveis e penalizá-los não é suficiente nem o que se pretende. O mal feito ao futebol, por incompetência ou intenção, não pode ser área de impunidades, onde quem erra sistematicamente pode sair ileso. Impedir o descrédito nacional do futebol português é tarefa de todos nós.

Os treinadores são avaliados na Comunicação Social, aos jogadores até se atribuem notas pelo desempenho, os árbitros saem sem mossa, mesmo que os “tribunais” mediáticos dos vários jornais apontem erros mais influentes (e curiosamente há apreciações tão díspares que nos deixam inquietos perante critérios e argumentos). Notamos uma tendência para criar mais Golias e menos Davides.

Arbitragem sem qualidade afasta atletas, aumenta desistências de clubes, diretores e, muito importante, desvaloriza o desportivismo, alimentando teorias da conspiração por coincidências estranhas. Certamente que todos temosresponsabilidades, mas ou mudamos de paradigma ou ficamos num futebol menor, mesmo com raros exemplos de grande prestígio mas insuficientes para alastrar positivamente.

Os amigos que treinam na Liga II, no Campeonato de Portugal e nos Distritais (adultos e jovens) contam-me ocorrências que não podemos acreditar que a FPF desconheça.

Se de facto não conhece o que se passa, é tempo de mudar de equipa. Temos um universo de talento também para o futebol, a vários níveis e funções, e vamos permitir que, por vaidades, lóbis ou distanciamento, se perca uma herança valiosa?Não! Os clubes têm de exigir rigor e tratamento idêntico para todos, sejam quem forem.

O árbitro é essencial para um jogo de qualidade.

Aumentar para números mais elevados os praticantes e os árbitros depende muito da transparência, de planos concretos e não de estratégias artificiais e oportunistas. Felizmente há quemsirva o futebol com dedicação, com a força da razão e a certeza de que são essenciais para manter a imprevisibilidade e a magia de uma bola a rolar, que os artistas do jogo sabem transformar no maior espectáculo do mundo.

Trabalhar para evitar fanatismos é urgente para o futebol conseguir manter a sua liberdade, beleza, emoção e fantasia.

Lamento os árbitros que se dedicam, que fazem o melhor que podem e, com o tempo, se vão desencantando com os processos de evolução e acabam por abandonar. Há prioridades a manter e formas de acolher os talentos das diversas áreas do futebol: só assim a renovação possibilita um futuro positivo, bem vacinado contra “infeções”.

Felizmente, conheço árbitros que se dedicam ao setor e tudo fazem para o prestigiar.

 

Aníbal Styliano (Professor, Comentador)