NOTA DE IMPRENSA | PCP Baião | Exposição em Baião sobre Saramago
PCP Comissão Concelhia de Baião : Exposição em Baião sobre Saramago Aqui vos deixamos algumas palavras do próprio Escritor que relembram a sua passagem por este nosso mundo, carregado de insensibilidades perante a cultura, bem essencial para o desenvolvimento e emancipação das sociedades de hoje e de sempre. «O autor é um rapaz de vinte e quatro anos, calado, metido consigo, que ganha a vida como praticante de escrita nos serviços administrativos dos Hospitais Civis de Lisboa, depois de ter estado a trabalhar durante mais de um ano como aprendiz de serralharia mecânica nas oficinas dos ditos hospitais. Tem poucos livros em casa porque o ordenado é pequeno, mas leu na Biblioteca Municipal das Galveias, tempos atrás, tudo quanto a sua compreensão logrou alcançar». Quando José Saramago escreveu estas humildes palavras como introdução ao seu primeiro romance, dificilmente poderia pensar que o celebraríamos 100 anos depois do seu nascimento e após ter integrado o catálogo da Editora Caminho, garantindo-lhe assim ser escritor a tempo inteiro. O tempo, tantas vezes intolerante e intransigente, desta vez trouxe justiça, tanto para ele como para a sua obra que teve começo com o livro «Terra do Pecado» publicado em 1947 e reeditado 75 anos depois com o título, que o seu autor desejou, de «A Viúva». Iniciadas a 16 de Novembro de 2021, continuam as celebrações do Centenário de José Saramago, nascido em Azinhaga, freguesia ribatejana que nunca esqueceu, nem mesmo quando deixou Portugal para viver a fase tardia da sua vida em Lanzarote para onde se deslocou, após ter sido vilipendiado na Assembleia da República por um inculto Subsecretário de Estado da Cultura, pasme-se, que considerou o livro «O Evangelho Segundo Jesus Cristo» ofensivo da moral cristã e o retirou da lista de romances candidatos a um prémio literário. Hoje, por todo o País e internacionalmente, eleva-se o nome do escritor e do homem que continua connosco porque um escritor cujas palavras nos tocam profundamente nunca morre e, com efeito, Saramago continua vivo, por exemplo, pela voz dos alunos que hoje em Portugal, Espanha e outros países vão ler excertos dos seus romances, ou nas 100 oliveiras plantadas em seu nome em Azinhaga, mas também nas iniciativas que continua a inspirar, desde a ópera Blimunda, até à atribuição do Prémio Nobel de Literatura 1998 como escritor «que, através de parábolas sustentadas pela imaginação, compaixão e ironia, nos permite apreender continuamente uma realidade fugidia», conforme reza o texto da Academia Sueca ao atribuir o prémio. Por fim e nesta singela homenagem a José Saramago, escritor universal, intelectual de Abril, militante comunista, que deu um contributo inestimável à defesa da Cultura enquanto factor de realização e emancipação humana, daqui afirmamos com toda a convicção «Até sempre, camarada José Saramago». 17-04-2023 Comissão Concelhia de Baião