Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

BAIÃO CANAL - Jornal

BAIÃO CANAL - Jornal

ABRIR OS OLHOS | Samuel Quedas

jh.jpg

Convidada pela companhia “Cães do Mar”, a Lúcia Moniz aceitou o desafio de estar em palco, durante mais de uma hora, a solo, acompanhada apenas pelo espírito das várias mulheres que estiveram em cena através do seu corpo.
No palco do Centro Cultural e de Congressos de Angra do Heroísmo vestiu a pele de uma prostituta conhecida na cidade e que há muito tinha a alcunha de “Música na Estrada”, também o nome da peça, por gostar tanto de música que mantinha o seu rádio a tocar, mesmo durante o trabalho.
Curiosa desde menina, foi o grande abalo de terra de 80 que, ao mesmo tempo que lhe virou a vida do avesso e a deixou a viver numa tenda, também lhe abriu caminho para a descoberta minuciosa das vidas de várias mulheres que foram notáveis na História dos Açores, fosse contra os espanhóis, fosse contra o fascismo português, tantos foram os livros a que passou a ter acesso tomando-os “emprestados”, para os “guardar”.
A Luisa, nome real da fascinante “música na estrada”, termina o seu longo monólogo dizendo que foi preciso um abalo de terra para lhe abrir os olhos.
Para mim foi uma oportunidade de também abrir os olhos, por vezes “distraídos” pela proximidade, para ver uma actriz notável na sua mistura feliz de talento, de força, de entrega e luminosa no dramatismo semeado de momentos de humor.
Nota:
Esta fotografia não faz parte do espectáculo, foi já um momento final dos agradecimentos e aplausos. Muitos aplausos de uma plateia cheia.