Gabinete de Psicologia - Rita Diogo
Sobre a mãe que submergiu a filha numa piscina com água fria para conter uma birra e partilhou um vídeo a dizer isto mesmo.
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Sobre a mãe que submergiu a filha numa piscina com água fria para conter uma birra e partilhou um vídeo a dizer isto mesmo.
Arrancaram no passado mês de junho os ensaios da próxima produção do Teatro Nacional São João, concebida em parceria com uma das mais emblemáticas companhias da cidade do Porto, a Seiva Trupe - Teatro Vivo. Sete anos depois de levantarem 'Espectros', de Henrik Ibsen, os caminhos do TNSJ e da Seiva Trupe voltam a cruzar-se. A relação agora retomada volta a escrever-se novamente com o alto patrocínio de um dos maiores nomes da dramaturgia do século XIX: Anton Tchékhov.
O desporto não se mede aos palmos mas pelas marcas positivas que perduram. Com a globalização vai-se perdendo
proximidade local. Uma rua, um bairro ou freguesia eram os destinos iniciais. A proximidade entranha-se e eterniza-se. Nascem amizades que perduram.
Um dos meus clubes, onde vesti pela primeira vez a camisola oficial para jogar (o extinto Sport Progresso), como tantos outros pelo país, nasceram com força, por todo lado, no final da Monarquia e início da República. Como origem, o cimento da coragem.
Cidadãos e cidadãs criaram espaços de debate, de construção de alternativas, de extensão do conceito de amizade.
Primeira obra notável, o “nascimento” das sedes, a casa para servir todos. Os momentos mais significativos para cada família organizavam-se aí. Depois a organização de processos eleitorais, distribuição de pelouros e responsabilidades e a sempre complexa capacidade em obter fundos para cobrirem as despesas. A cidadania em exercício.
O cartão de sócio funcionava com orgulho como identificador com sabor especial. Como foi possível organizarem secções para diversas modalidades? Com trabalho, com visitas porta à porta e unindo as populações, numa entrega de excelência. Se houvesse um problema, a tarefa para o tentar solucionar passava pelo trabalho coletivo. Quando miúdo, durante a semana, via os funcionários do talho, da mercearia, do café, dos seguros e escritórios e muitos mais que, nos domingos, se transformavam em heróis enormes, dentro das 4 linhas. As cores dos equipamentos, os emblemas e insígnias, nasceram com afeto e numa lógica especial que une e se entranha. Ainda hoje sinto o “mundo” onde aprendi a escolher os caminhos sem esquecimentos. Todas as tarefas que um clube exigia eram desempenhadas com dedicação. As horas dedicadas ao clube, em horário pós-laboral, atingiam um grande volume e responsabilidade. Por outro lado, a convivência entre todos (dirigentes e sócios não estavam em patamares diferentes, porque o foco era o clube). Reuniões debatidas com calor mas nunca desvalorizando o essencial: como manter e até crescer com sustentabilidade? De atletas jovens a seniores, passando por cargos nos Órgãos Sociais era percurso comum; assim como os clubes mais poderosos terem a sua base de recrutamento nos clubes mais humildes, onde se aprenderam as bases e a motivação para o desporto e para a vida.
As horas dedicadas ao clube, as iniciativas organizadas, a festa do aniversário, eram momentos de grande e sentida solenidade. Os campeonatos distritais atingiam qualidade elevada, surgiram depois os campeonatos amadores e um aumento de praticantes que foi exemplar, para valorizar a função do desporto e da solidariedade. Aí se fundamentou
a noção integrada de equipa como identidade. Recordo a inauguração da luz artificial e do jogo com o Infesta (rivalidade por vizinhança), como também muitos dos amigos que partiram… Pertencer a um clube desses deveria ser a lógica inicial. Contudo, a evolução dos tempos revelou profunda mudança: uma elitização de competições (negócio a comandar, adulterou prioridades) e uma redução forte que se abateu sobre os campeonatos locais. À medida que se avança, surgem jogadores e clubes fantásticos, com proezas cada vez mais mediáticas para além do jogo, os adeptos centram-se nas “estrelas” e perdem origens. Pensar global e agir local, inverteu o sentido e empobreceu o conceito. Muitos de nós, quando nos tornamos jogadores profissionais, sempre que era possível cumpríamos a obrigação de dizer “presente” quando a nossa colaboração fosse útil.
Como vamos iniciar mais um ano, desejamos que seja possível retomar percursos e valores indispensáveis.
Homenagear clubes, criar condições que evitem a sua extinção (realidade contínua sem o cuidado merecido), apoiar projetos de crescimento e maior ligação com as autarquias e escolas, procurando atrair os jovens para prática desportiva, sem grandes deslocações e perdas de tempo.
Neste primeiro texto deixo uma sugestão:
- Criar o Dia do Dirigente Desportivo Benévolo (com Estatuto definido).
Como homenagem ao seu trabalho em prol dos clubes, lutando sempre contra muitas dificuldades e praticamente sem apoios. Os clubes merecem que a democracia, que também ajudaram a reforçar, seja eficaz e não inverta as pirâmides do poder: clubes com muitas despesas, exigências institucionais e sem receitas para poder continuar. Ondereside a solidariedade do futebol profissional para com o futebol “amador” (termo que perdeu uso e que tinha uma dimensão fantástica)?
Libertem os pequenos clubes de amarras que destroem, porque a sua obra é gigantesca, específica e indispensável.
O clube pode estar na base da organização desportiva, mas a sua importância tem de estar no topo em função do trabalho que desenvolvem como escola de cidadania.
Bom ano para todos.
Aníbal Styliano ( Professor, comentador )