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BAIÃO CANAL - Jornal

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Rita Diogo | Ser Mulher

 

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Escrever sobre o Dia Internacional da Mulher é escrever sobre luta pela igualdade, sobre
direitos humanos, sobre resiliência.
O caminho que fizermos será aquele que permitirá às raparigas e mulheres serem livres
de desenvolver as suas aptidões pessoais, de prosseguir as suas carreiras e de fazer as
suas escolhas sem limitações impostas por estereótipos, preconceitos e conceções
rígidas dos papeis sociais atribuídos a homens e mulheres. A igualdade entre mulheres e
homens é considerada uma questão de Direitos Humanos e uma condição de justiça
social, necessária para que as sociedades se tornem mais modernas e mais equitativas.
É, por isto, um requisito para o desenvolvimento e para o exercício efetivo e pleno da
cidadania. Infelizmente, a desigualdade existe, por isso prosseguimos num caminho de
luta.
Celebrar o dia 8 de março é celebrar os direitos que as mulheres conquistaram até agora,
mas também relembrar que ainda há muito por fazer. Causas como o direito ao voto,
igualdade salarial, maior representação em cargos de liderança, a proteção em situações
de violência física ou psicológica, ou ainda o acesso à educação continuam atuais. Há
mais de um século, o Dia Internacional da Mulher é um símbolo das lutas e
reivindicações pelos direitos das mulheres. O 8 de março é um momento de reflexão
sobre as conquistas das mulheres, mas também um momento de reafirmação da luta
contra o sexismo e as desigualdades de género. A Organização das Nações Unidas
incorporou, em 1975, esta data no calendário internacional.
A mudança efetiva tem-se mostrado difícil e lenta para a grande parte das mulheres e
raparigas do mundo. Muitos têm sido os obstáculos que permanecem inalterados na lei e
na cultura de muitos países. Por muito que já tenhamos alcançado muitos direitos, estes
nunca devem ser tidos como garantidos. Veja-se o que aconteceu nos EUA com a
revogação do direito ao aborto voluntário ou aquilo que se passa nos hospitais
portugueses “amigos dos bebés” (mas que negam a legalidade do aborto consagrado na
lei).
Precisamos de continuar a lutar para que sejamos tratadas com justiça e para que se
mudem algumas realidades:
As mulheres continuam a ganhar menos 23% do que os homens.
1 em cada 3 mulheres já sofreu de violência física ou sexual.
Muitas vezes culpadas pela própria violação, pelo que vestem, por andarem sozinhas
neste ou naquele sítio, por beberem de mais ou “por não se saberem comportar”.
As mulheres fazem telefonemas falsos pela rua à noite, enquanto caminham com as
chaves enfiadas por entre os dedos prontas para se defenderem.
Mais de 200 milhões de mulheres e raparigas foram vítimas de mutilação genital.
Ao chegarem a casa do trabalho, as mulheres ainda têm muito do trabalho doméstico a
seu cargo.
As mulheres ainda são preteridas nos lugares de decisão.

Ser mulher e ser negra ainda significa ser inferior, mais do que ser mulher e ser branca.
Ainda é perguntado às mulheres nas entrevistas de emprego “tenciona engravidar?”.
As mulheres, menstruadas todos os meses, mas muitas delas, aqui e em todo o mundo,
sem dinheiro para comprar artigos de higiene menstrual.
As mulheres casadas, maltratadas e violadas pelos nossos próprios maridos. Acolhidas
em casas abrigo, despidas dos seus bens e das suas casas, muitas vezes sem capacidade
económica.
As mulheres que são olhadas de lado se fazem aborto voluntário, que são olhadas de
lado porque são mães solteiras, que são olhadas de lado se não querem ser mães.
A luta é linda e somos nós quem a fazemos!!!

Rita Diogo,
Psicóloga especialista em Psicologia Clínica e da Saúde