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BAIÃO CANAL - Jornal

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8 de Março: uma Luta, uma Mulher

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Em pleno século XIX, o pensamento progressista americano reflecte um conjunto de influências, desde o racionalismo aos ideais da Revolução Francesa de 1789 (recordemos que muitos revolucionários, banidos pelo domínio napoleónico, emigram para a América) e ao socialismo utópico, nomeadamente de Calvet e de Owen. Este chega mesmo a fundar, em maio de 1825, uma comuna em território americano - “A Nova Alemanha” - e influenciará a parte mais silenciada do feminismo americano através da comunalista Fanny Wright. Entretanto, em meados do século, surgem timidamente alguns centros de pensamento marxista ligados ao núcleo revolucionário de Marx e Engels em Bruxelas, que constitui o embrião da Associação Internacional de Trabalhadores. O próprio Marx publicará, em 1853 e 1854, diversos artigos ao New York Dally Tribune. Paralelamente, o movimento operário americano apresenta já um forte carácter reivindicativo, patente nas enormes manifestações de massas, em fevereiro, contra o desemprego e a inflação, quando do pânico da crise de 1837.

É babilónico, na sua composição, este jovem proletariado americano. Entre 1815 e 1860, aportavam à América do Norte 5 milhões e meio de estrangeiros, que em 1850 constituem já 43% da população urbana. Provavelmente mais desprotegido do que qualquer outro, porque a abundância de mão-de-obra, por um lado, e a concentração industrial favorecida pelo desenvolvimento da rede ferroviária, proporcionam níveis de exploração intensíssimos, a par do desemprego, da insegurança, das tensões no movimento operário. O escritor inglês conta que os mecânicos desempregados de Nova Iorque têm “ar de lobos esfomeados”.

Charles Dickens fala da “pobreza, desgraça e vício da cidade”, em 1842. Lydia Maria Child, autora de uma invocação a favor da classe dos negros americanos”, desabafa “It is sad to walking in the city” (“é triste andar na cidade”). Mais triste ainda, a sorte da mulher trabalhadora. A ela os salários mais miseráveis; as piores condições de trabalho, a opressão mais profunda.

Neste contexto de fermentação ideológica e social sucederá o 8 de Março. Mas as mulheres que ganham as ruas de Nova Iorque, na primeira grande manifestação de mulheres, não sabem ler, não conhecem Owen, estão longe de saber o que significa a Igualdade, Liberdade e Fraternidade apregoados pela Revolução Francesa e assimilados pelo pensamento progressista americano. Não são iguais a não ser entre si, irmanadas na mesma sorte pois até em relação aos operários elas são discriminadas.

Não conhecem a fraternidade a não ser a da nascente solidariedade feminina pois que os trabalhadores, particularmente os desempregados lhes são, amiúde hostis. Muito menos são livres…

Quais então as “causas” do 8 de Março nos EUA, Nova Iorque em 1857? Elas não são imediatas e muito menos, simples. Necessariamente terão de ser buscadas na própria vivência feminina no território americano, desde a participação das mulheres na colonização ao movimento feminista, passando pela intervenção feminina na guerra da independência, nas associações filantrópicas e pacifistas e no movimento abolicionista.

Em 1857, no dia 8 de março, pela primeira vez nas ruas de Nova Iorque, uma manifestação de mulheres, mulheres em luta. No mesmo ano, a 5 de junho, em Widerau, uma vila agrícola e industrial de Saxe, nasce Clara Eissner, mais tarde Clara Zetkin.

Duzentos e sessenta e quatro anos são passados sob o primeiro 8 de março. Mais de duzentos anos decorridos, recordamos o primeiro 8 de março. Não em termos de memória passada mas como impulso de um combate hoje mais extenso e exigente. Pela igualdade, a democracia, a paz. A igualdade na diferença.

Retomada a memória. Reinventada a origem.

No dia 8 de março de 1875, centenas de mulheres operárias do vestuário e do calçado manifestaram-se nas ruas de Nova Iorque. É a época das jornadas de trabalho de dezasseis horas e dos salários miseráveis. Elas avançam pelas ruas exigindo “o dia das 10 horas, oficinas claras e sãs para trabalhar, salários iguais aos dos alfaiates.”.

São carregadas violentamente pela polícia e presas.

Na mesma época, em Inglaterra, a luta das mulheres expande-se assumindo mesmo forma violenta com uma exigência dominante: direito de voto, que apenas será concedido parcialmente em 1918 e totalmente em 1938.

Na Alemanha, Clara Zetkin escreve sobre a condição da mulher em 1887; ergue a voz pela total igualdade de direitos no Congresso Constitutivo da II Internacional Socialista; luta na frente de mulheres socialistas; e, finalmente no Congresso Internacional Socialista, no qual participa Lenine, propõe que o 8 de Março seja comemorado como Dia Internacional da Mulher. O apelo de Clara Zetkin, que o imperador da Alemanha considerava “a mais perigosa bruxa do império alemão” é escutado por todo o mundo. Mais e mais mulheres vão correspondendo às suas palavras: fazer do 8 de Março “um dia em que seria afirmada a necessidade de uma luta comum de trabalhadoras e de trabalhadores, manuais e intelectuais, e no qual as reivindicações particulares das mulheres no domínio político, social e económico seriam particularmente defendidas”. Particularmente mas não exclusivamente. Porque a luta das mulheres tem de ser de todas as idades, estações e tempos. Assim foi a de Clara Zetkin até à sua morte em 1933. Dela Aragon, o mesmo poeta que cantou a mulher como o futuro do homem, traça-nos o retrato na obra “Os Sinos da Basileia”:

O contorno do rosto é marcado, forte. Numa multidão, não podemos deixar de a notar. Ela veste sempre negligentemente mas não são os fatos largos ou o casaco mal assente sobre os ombros que chamam a atenção, que atraem o olhar sobre ela. O que nela há de insólito são os olhos… Os olhos de toda a Alemanha operária, azuis e móveis, como águas profundas atravessadas por correntes… Ela é a mulher de amanhã, ou melhor, ousemos dizê-lo: ela é a mulher de hoje. A igual”

Caminhos que vão dar a Abril - uma cronologia

8 de Março de 1857

Em Nova Iorque, operárias têxteis fazem greve pela primeira vez e descem à rua para exigirem a redução do tempo de trabalho de 16 para 10 horas por dia e salários iguais ao dos homens.

8 de Março de 1909

Manifestação que reúne milhares de mulheres em Nova Iorque. Reivindicam outras condições de vida e exigem direito de voto.

1910

Quando do Congresso Internacional das Mulheres Socialistas em Copenhaga, Clara Zetkin propõe que o 8 de Março se torne Dia Internacional da Mulher. “Em nome das nossas irmãs americanas, para exigir nossos direitos, e exprimir a solidariedade e o amor pela paz que nos unem.”

1911

O Congresso da II Internacional Socialista aprova a proposta de Clara Zetkin.

8 de Março de 1911

Mais de um milhão de mulheres celebram este dia: na Alemanha (só em Berlim fizeram-se 42 «meetings», que reuniram 40 a 50.000 mulheres), na Áustria, na Dinamarca.

Em Paris, Alexandra Kolontai organiza uma manifestação de mulheres.

8 de Março de 1914

Em França e na Alemanha fazem-se manifestações contra a guerra e pela libertação de Rosa Luxemburgo.

8 de Março de 1915

Alexandra Kolontai organiza em uma manifestação de mulheres contra a guerra, em Berna e Clara Zetkin realiza uma conferência de mulheres socialistas. Paralelamente, mulheres russas, italianas, francesas, polacas, alemãs, holandesas e inglesas, apelam contra a guerra, em plena Guerra Mundial.

8 de Março de 1917

A 23 de fevereiro de 1917, mulheres de Petrogrado descem em massa à rua para reclamar pão e fim da guerra. Convidam o povo a unir-se a elas e a cidade subleva-se. Segundo Trostki, esta luta é o preâmbulo da Revolução de Outubro.

A 8 de Março, sucedem reuniões clandestinas de mulheres francesas em pleno período de guerra.

8 de Março de 1925

Em Paris, 5.000 mulheres reunidas na «Grange aux Belles» protestam contra a guerra colonial em Marrocos.

8 de Março de 1937

Mulheres manifestam-se em Espanha contra o franquismo.

8 de Março de 1943

Mulheres manifestam-se em Itália contra o fascismo mussoliniano.

8 de Março de 1945

A União das Mulheres Francesas, criada pelas mulheres comunistas da resistência, organiza pela primeira vez uma manifestação de mulheres.

8 de Março de 1970

13 mulheres guerrilheiras Tupamaras escolheram o 8 de Março para se evadirem da prisão de Montevideo (Uruguai).

8 de Março de 1971

Em Portugal, mulheres do Movimento Democrático de Mulheres comemoram este dia fazendo um piquenique, onde foram atacadas pela G.N.R.

8 de Março de 1974

Mulheres manifestam-se em Saigão contra a ocupação americana.

8 de Março de 1975

Pela primeira vez em Portugal as mulheres puderam livremente comemorar o Dia Internacional da Mulher.

8 de Março de 1977

Em Espanha, as mulheres comemoraram em liberdade o seu dia. Desde 1937 que o franquismo não o deixava fazer.

8 de Março de 1980

Em Itália, as mulheres organizaram inúmeras festas, manifestações; projectam filmes, organizam teatro de rua. A revista "Noi Donni" faz um número duplo quase só dedicado ao tema: "Os anos 70 e a luta das mulheres".

8 de Março de 1982

As mulheres francesas lutam para que o 8 de Março se torne em França feriado nacional.

E deste modo o 8 de Março tem sido um dia de união, de mãos dadas, juntas, mãos de mulheres em volta do mundo, num longo cordão umbilical de vida…

Professora universitária, investigadora

 

AVISO À POPULAÇÃO CHUVA - MEDIDAS PREVENTIVAS AUTORIDADE NACIONAL DE EMERGÊNCIA E PROTEÇÃO CIVIL

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AVISO À POPULAÇÃO
CHUVA - MEDIDAS PREVENTIVAS
1. SITUAÇÃO
De acordo com a informação do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA),
prevê-se para os próximos dias chuva, vento e agitação marítima, salientando-se:
− Precipitação em todo o território, por vezes forte no Minho e Douro Litoral em
especial na madrugada e manhã do dia 8 de março, passando gradualmente a
regime de aguaceiros a partir da tarde e podendo ser de granizo nas regiões
Norte e Centro até ao final da manhã de quinta-feira, 9 de março;
− Vento predominando de sudoeste, mais intenso nas terras altas e na faixa
costeira das regiões Norte e Centro;
− Agitação marítima a aumentar gradualmente a partir da tarde de amanhã, 8 de
março, atingindo 4 a 4,5 metros na 5.ª feira (09MAR) a norte do Cabo Raso.
Acompanhe as previsões meteorológicas em www.ipma.pt.
2. EFEITOS EXPECTÁVEIS
Face ao quadro meteorológico previsto, poderão ocorrer os seguintes efeitos:
− Ocorrência de inundações em zonas urbanas, causadas por acumulação de águas
pluviais por obstrução dos sistemas de escoamento;
− Ocorrência de cheias, potenciadas pelo transbordo do leito de alguns cursos de
água, rios e ribeiras;
− Instabilidade de vertentes, conduzindo a movimentos de massa (deslizamentos,
derrocadas e outros) motivados pela infiltração da água, podendo ser
potenciados pela remoção do coberto vegetal na sequência de incêndios rurais,
ou por artificialização do solo;
− Arrastamento para as vias rodoviárias de objetos soltos, ou ao desprendimento
de estruturas móveis ou deficientemente fixadas, por efeito de episódios de
vento forte, que podem causar acidentes com veículos em circulação ou
transeuntes na via pública;
− Piso rodoviário escorregadio por eventual formação de lençóis de água.
3. MEDIDAS PREVENTIVAS
A ANEPC recorda que o eventual impacto destes efeitos pode ser minimizado, sobretudo
através da adoção de comportamentos adequados:
− Garantir a desobstrução dos sistemas de escoamento das águas pluviais e retirada
de inertes e outros objetos que possam ser arrastados ou criem obstáculos ao
livre escoamento das águas;
− Garantir uma adequada fixação de estruturas soltas, nomeadamente, andaimes,
placards e outras estruturas suspensas;
− Ter especial cuidado na circulação e permanência junto de áreas arborizadas,
estando atento para a possibilidade de queda de ramos e árvores, em virtude de
vento mais forte;
− Ter especial cuidado na circulação junto a zonas ribeirinhas historicamente mais
vulneráveis a fenómenos de transbordo dos cursos de água, evitando a circulação
e permanência nestes locais;
− Adotar uma condução defensiva, reduzindo a velocidade e tendo especial
cuidado com a possível formação de lençóis de água nas vias;
− Não atravessar zonas inundadas, de modo a precaver o arrastamento de pessoas
ou viaturas para buracos no pavimento ou caixas de esgoto abertas;
− Não praticar atividades relacionadas com o mar, nomeadamente pesca
desportiva, desportos náuticos e passeios à beira-mar, evitando ainda o
estacionamento de veículos muito próximos da orla marítima;
− Estar atento às informações da meteorologia e às indicações da Proteção Civil e
Forças de Segurança.
ANEPC | Divisão de Comunicação e Sensibilização

N.º
AUTORIDADE NACIONAL DE EMERGÊNCIA E PROTEÇÃO CIVIL
Av. do Forte | 2794-112 Carnaxide – Portugal
T.: 351 21 424 7100 | www.prociv.pt

Lousada – Detido por incêndio florestal

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O Comando Territorial do Porto, através do Posto Territorial de Lousada, no dia 4 de março, deteve um homem com 66 anos, por incêndio florestal, no concelho de Lousada.
No âmbito de uma ação de policiamento de proximidade, os militares da Guarda verificaram uma coluna de fumo, tendo-se deslocado ao local, onde apuraram que o incêndio teve origem de forma negligente, quando o suspeito procedia a uma queima não autorizada de sobrantes agrícolas, tendo-se descontrolado, provocando um incêndio, consumindo 0,15 hectares de área ardida.
O suspeito foi detido, constituído arguido e os factos foram remetidos ao Tribunal Judicial de Lousada.
Esta ação contou com o apoio dos Bombeiros Voluntários de Lousada.
A proteção de pessoas e bens, no âmbito dos incêndios rurais, continua a assumir-se como uma das prioridades da GNR, sustentada numa atuação preventiva e num esforço de patrulhamento nas áreas florestais.
A GNR relembra:
• As queimas e queimadas são das principais causas de incêndios em Portugal;
• Em qualquer altura do ano é proibido queimar matos cortados e amontoados e qualquer tipo de sobrantes de exploração florestal ou agrícola bem como efetuar queimadas sem pedir autorização ou fazer comunicação prévia;
• Para evitar acidentes, siga as regras de segurança, esteja sempre acompanhado e leve consigo o telemóvel.