Eduardo Roseira | VERGADO
Caminha vergado.
Não pelo peso da idade,
mas pelas contrariedades
duma vida plena de amarguras.
Caminha vergado,
olhando atentamente
para um interrogado futuro.
Caminha vergado,
em busca daquilo
que o passado
lhe negou
e o presente
lhe roubou.
Caminha vergado.
Mas os que por ele passam,
vêem um homem de largo
sorriso no rosto.
Caminha vergado,
mesmo quando regressa
à solidão acompanhada
que habita no seu lar…
e até o velho soalho,
solidário com ele,
chora, ao senti-lo passar.
Caminha vergado,
quer em casa,
como na rua,
vergado de tristeza,
mas sempre com um passar
cheio de firmeza
e com postura bem erguida.
É assim que esconde o desgosto
e enfrenta a puta da vida.
Eduardo Roseira
(poema e foto)