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BAIÃO CANAL - Jornal

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Museu do Aljube Resistência e Liberdade

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No mês de maio de 1943, as marchas da fome, exigindo pão e paz, aconteceram em muitas cidades e vilas do país.
Em S. João da Madeira, as mulheres ameaçam tocar os sinos a rebate se o milho distribuído não for repartido pela população mais carenciada.
Na vila da Feira, mulheres da Arrifana realizam uma marcha da fome, exigindo da Junta de Freguesia a repartição justa das sobras do racionamento.
Em Braga, as mulheres realizam uma marcha da fome até à Câmara Municipal, gritando por pão e empunhando a bandeira negra.
Em Lisboa, mulheres de Marvila assaltam uma mercearia onde se vendem chouriços fabricados com serradura e destroem todos os géneros em mau estado.
A 8 e 9 de Maio de 1944, a partir de um apelo do PCP, milhares de operários e camponeses da região de Lisboa e do Baixo Ribatejo, fizeram dois dias de greve, “Pelo Pão e pelos géneros".
No concelho de Loures, as mulheres realizaram uma marcha contra a fome e pelo pão até aos Paços do Concelho.
Um ano depois, a 8 de Maio de 1945, em Viana do Castelo, as Mulheres do Bairro da Ribeira promovem uma manifestação que mobiliza a cidade, celebrando a fim da II Guerra Mundial, a derrota do nazismo e exigindo a queda do governo.
Em maio de 1946, em Montoito (Redondo) a população organiza uma marcha contra fome, em protesto contra a falta de géneros e exigindo pão.
Seis anos depois, em maio de 1962, uma vaga de greves e manifestações dos trabalhadores rurais no Alentejo e Ribatejo conquistaria por fim a jornada de 8 horas de trabalho.
📷 GNR dispersando as famílias de operários grevistas na Av. 24 de Julho, Lisboa, 1943. Fotografia patente na exposição de longa duração.

Baião | Mostra do Peixe do Rio voltou a deliciar os apreciadores

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Realizou-se nos dias 5 e 6 de maio, em Santa Cruz do Douro, junto à estação de Aregos (Tormes), Baião, a IV. ª Mostra do Peixe do Rio. Um regresso muito apreciado, após um interregno por força da pandemia, e que atraiu muitos apreciadores. Um cartaz que também promove o Turismo, cujo “crescimento que se tem verificado em Baião se deve, também, a estes eventos que promovem o nosso território através do melhor que temos para oferecer. E o Turismo é muito importante para nós, para a nossa economia, contribuindo, por essa via, para melhoria da qualidade de vida das nossas populações”, sublinhou o Presidente da Câmara, Paulo Pereira, na abertura do evento.

O Presidente da Assembleia Municipal de Baião, Armando Fonseca, saudou o regresso da iniciativa, elogiando a “organização, a vontade e o empenho em promover os produtos locais e o convívio da população”.

No seio de uma paisagem deslumbrante, junto ao Douro, a Mostra do Peixe do Rio, organizada pela União de Freguesias de Santa Cruz do Douro e São Tomé de Covelas, com apoio da Câmara Municipal de Baião, além do peixe do rio, onde pontuaram o barbo, o lúcio, o achigã, o muge, entre outros, confecionados de acordo com a tradição local, e sempre acompanhados pelos bons vinhos locais, apresentou ainda doçaria local, compotas, licores, artesanato, entre outros produtos locais e regionais.

O Presidente da União de Freguesias de Santa Cruz do Douro e São Tomé de Covelas, António Vieira, deu nota de que a “Mostra do Peixe do Rio” é uma forma de “promover e dinamizar a freguesia”, sendo, por outro lado, “um evento que faz recordar a importância que a pesca e o peixe do rio já tiveram na vida de muitas famílias da zona ribeirinha”, explicou o autarca.

A iniciativa proporcionou dois dias de grande convívio à volta de sabores e tradições, onde a animação esteve sempre presente, com as atuações do Grupo de Concertinas "Os Monteiros do Lameirão", um desafio de concertinas, bem como de Igor Teixeira no saxofone, do Rancho Folclórico de Santa Cruz do Douro e ainda de Pedro Mota & Andreia Vieira.

OS PEQUENOS TAMBÉM SÃO GRANDES | Aníbal Styliano | Saudades do futuro!

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Ao longo de décadas, fomos assistindo ao desaparecimento de clubes por todo o país,por incapacidade financeira, por falta de apoio e de legislação adequada. O número efetivo de praticantes federados, no total das diversas modalidades, no nosso país, deveria envergonhar os governantes!

Foram vários os clubes que chegaram a atingir a principal competição profissional do nosso futebol, cobrindo quase todas as regiões do país, que desapareceram ou estão em vias de extinção ou “modernização”, com as SAD que afastam os adeptos do convívio natural com quem dirige os clubes, por ação de ilustres programadores para quem a bola “atrapalha”, embora eleitos em processos onde a democracia é palavra desvalorizada.

A tendência é para destacar os mais poderosos, desviando as atenções da coragem, esforço e determinação de inúmeros clubes de formação que raramente são indicados como essenciais. Identificados, com exigência de certificação (?), mas sem apoios substanciais: mais uma historinha para adormecer.O tempo ditará as suas decisões… o panorama não deixa grandes expectativas.

Num passado recente, havia dirigentes, mas desconheciam-se os “investidores nacionais e internacionais”. O mundo globalizou-se, as fronteiras pulverizaram-se e a distância (e também os princípios) acabou. Embora numa União que se designa Europeia, em vez de caminhar para a Europa dos cidadãos, avança-se para egoísmos nacionais. O futebol revela também esse caminho, bastando analisar o que se passa com os clubes milionários para os quais não há limites, para já. Começam-se a vislumbrar riscos de falências mas há sempre criativos que “inventam a lâmpada” de um novo e jovem craque, que a publicidade cobrirá com investimentos imparáveis, até um dia… Recorde-se que o futebol é o principal elevador social para sair da pobreza: basta ser escolhido por um grande clube e pronto! Ao passo que a saída da pobreza está calculada, para as famílias mais carenciadas, num prazo de 5 gerações. Assim se constroem “especificidades” que subvertem a concorrência.

Nesta nova normalidade, surgem dirigentes que se acham acima das leis e investidores para os quais a bola é incontrolável e que não conhecem, nem querem saber, pormenores legais: se for entrave, muda-se a legislação. Especialistas trabalham com toda a sua competência e empenho para superarem limites, barreiras, num circuito sem obstáculos, para os interesses dos investidores. “A FIFA é ingovernável” afirmou há anos atrás Poiares Maduro. Hoje, quem tutela o futebol, encara-o essencialmente como negócio, mesmo como indústria global. Com a publicidade e o marketing, controlam e centralizam as atenções nos clubes poderosos, mesmo que alguns corram para se afastarem dos riscos de incumprimento, enquanto se aproximam inconscientemente do precipício. Jovens de regiões interiores têm como ídolos não os jogadores dos clubes onde fazem jogadas únicas, golos fantásticos e defesas brilhantes, mas antes o tal jogador que custou muitos milhões, que vive num palácio imaginário e se esquece que o amanhã pode ser brutal. Os dramas humanos são mais do que os golos e recordes dos melhores jogadores do mundo… Por isso, o clubismo deve começar na proximidade. Só o que se conhece ganha sentido. O resto pode ser uma enorme desilusão assim como uma utopia ao serviço de quem trata o futebol apenas como negócio. O futebol é herança da Humanidade e espaço intemporal de memórias que agrega gerações. Começar pelo meio onde se vive é o primeiro passo para evitar quedas e alienação que podem deixar marcas graves. Não é o dinheiro que faz o futebol ser apaixonante, apenas os jogadores e a bola o conseguem fazer, com o apoio dos treinadores e a paixão dos adeptos.

 

Aníbal Styliano (Professor e Comentador)

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