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BAIÃO CANAL - Jornal

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OS PEQUENOS TAMBÉM SÃO GRANDES | Depois do adeus | Aníbal Styliano

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Assim começou uma revolução.

A violência associada ao desporto, com situações de conflito graves e com consequências trágicas, tem origem fora do desporto e nas grandes concentrações de pessoas, o seu universo preferido. Os ódios clubísticos são levados a extremos que contradizem os fundamentos do próprio movimento associativo. Ao longo dos anos, as modalidades foram-se organizando em Federações e Associações Distritais/Regionais e, com o natural desenvolvimento, há instituições que cresceram bastante e tornaram-sedestinos e lugares a conquistar. As constantes polémicas e lutas pelo controlo dessas instituições têm pouco de desportivo e muito de aparelhos e estratégias de poder, inclusivamente a nível internacional, deixando memórias de corporativismo e de controlo pela legislação. Em vez de cooperação, surgem indícios de oposição. Regulamentos desadequados, falhas de enquadramento para situações excecionais, hábitos que devem ser corrigidos: passar a valorizar o cargo, evitando a supremacia de quem o ocupar. A agenda tem se adequar aos planos para futuro. Convém agir no momento, com celeridade e competência, para evitar situações complexas e desprestigiantes mesmo a nível internacional.

Assim como os governantes têm as suas remunerações sem ter em linha de conta o salário médio da população e outros benefícios presentes e futuros (por vezes exageros nas pastas e nos departamentos) também as instituições do topo desportivo deveriam ter a perspetivaexata das realidades, para evitar que os clubes sejam sobrecarregados e os membros e funcionários das entidades que os representam inflacionem despesas. Os clubes devem exigir moderação e justiça. Nos últimos tempos, o seu desaparecimento (alguns centenários) revela desequilíbrios que merecem reflexão profunda. Evitar criar uma elite que vive muito acima daqueles que deve representar. A mais-valia da exposição pública e a maior proximidade com os Órgãos de Soberania, só por si representa um capital de oportunidades valioso mas restrito. Qualquer dirigente de clube do Campeonato de Portugal ou dos Distritais, sente desconforto em relação à forma como são tratados em comparação com os primeiros classificados da Liga principal.Basta questionar os critérios utilizados na atribuição dos subsídios que permitam avanços e desenvolvimento futuro.

Outra questão importante, sempre negligenciada, é o facto dos jovens praticantes, chegados ao escalão sénior ficarem sem as opçõesque mais gostam.

Com tantos especialistas de formação e de organização, não seria possível modernizar os anteriores campeonatos de empresas, universidades ou investir para criar novos clubes ou novas secções nos clubes existentes? E com que apoio financeiro poderão contar?

Deixar sem alternativa preferidao universo de jovens que aos 18 anos abandonam a prática desportiva federada, atinge valor superior a 90%, o que é grave e sem merecer a atenção devida.

Governos sem políticas definidas, instituições públicas sem planos para evitar um enorme abandono de atividade desportiva, revelam muitas das nossas carências, porque nada é tratado com visão integrada nem planos de longa duração.

Conhecendo as suas vantagens em termos globais, o que significará essa falta de alternativas? Quem assume a responsabilidade?

Fica uma questão essencial: o desporto (como o futebol profissional e outras modalidades com atletas profissionais) está inserido no Ministério da Educação! Não será mais lógico e adequado, reorganizar estrutura governamental e criar o Ministério do Desporto, pela dimensão e interligação com muitos setores da vida nacional?

Basta atentar nas afirmações e decisões do Ministro da Educação ou do Secretário de Estado da Juventude e Desporto para não ter qualquer dúvida.

Por fim, procurem entender o simbolismo das festas de homenagem aos jogadores que abandonaram a prática e deixaram marcas inesquecíveis, particularmente nos clubes dos distritais, onde nascem as amizades eternas. Depois do Adeus, vem sempre o reconhecimento e a felicidade partilhada, em dia de festa em família.

 

Aníbal Styliano (Professor, comentador)