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BAIÃO CANAL - Jornal

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MÚSICA | | Manuel Cardoso (Paradela) | Nacionalismo Musical e Escolas Nacionais

Paradela

Foram estas, outras das manifestações típicas da música do Sec. XIX.

O que havia sido a Revolução Francesa de 1789 para o movimento romântico em geral, seriam depois as pequenas Revoluções de 1830 e de 1848, (designação dada ao registo histórico europeu no início da década de 1830 aos movimentos que abalaram o continente europeu.) Movimento este que mais tarde teria repercussões em Portugal e Espanha, e que teve como consequência a propagação do liberalismo e o nacionalismo.

 Em sentido rigoroso, seria um sentimento de valorização, marcado pela liberdade e pela aproximação e identificação com uma nação. Por consequência destas mesmas pequenas revoluções disseminadas por toda a parte, o campo musical sofre a sua influência e é levado desempenhar papel similar em relação aos nacionalismos musicais. O movimento romântico tem um carácter vinculadamente germânico tendo o seu epicentro na Alemanha, esta daria aos restantes países a consciência e a coerência musical nacionalista, favorecida em alguns países por uma marcante identidade rácica ou por uma tradicional resistência a influencias estranhas, como no caso da Rússia da Hungria da Boémia e da Espanha. Ou ainda pelo seu isolamento geográfico caso da Inglaterra e Portugal.

A primeira manifestação nacionalista seria o romantismo literário, a segunda seria o romantismo musical. Este último identificando-se com as mesmas fontes tradicionais, e inspirando-se no mesmo filão que aquele, voltava-se para as tradições musicais populares. Tradições  estas mais fiéis do que as linguísticas porque menos sujeitas a transformações.

Temas lendários ou medievais, motivos musicais extraídas das canções e danças populares, iriam impregnar tanto o género musical vocal (Ópera; Lied; Balada) como o instrumental ( Poema sinfónico; Sinfonia; Concerto; Quarteto; pequenas peças características) conferindo-lhes um sabor especial.

 Todo este património ia sendo descoberto, colecionado e classificado, estando na origem das diversas escolas nacionais.

Manuel Cardoso (Paradela)

OS PEQUENOS TAMBÉM SÃO GRANDES | Aníbal Styliano | Sentir o futebol

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Depois do tempo dos relatos na rádio, que permitiam a cada um ver o “seu” jogo, transmissões televisivas, a princípio raras e atualmente várias por dia, mudaram a forma de sentir o futebol. Perderam-se “deuses” e sonhos; agora alimentamo-nos de rotinas cansativas. A publicidade é terrível! A excelência cede lugar à normalidade e a jogada inesquecível é substituída por outra ainda mais original. Nem há tempo para saborear. A tecnologia pulverizou distâncias e uniformizou projetos de jogo. Os adeptos trocaram a proximidade dos ídolos pelos salários exorbitantes dos craques à distância de milhares de quilómetros.

Das entradas como “bando de pardais à solta”, despareceram muitos espaços livres para convívio e padroniza-se velozmente a forma de assistir: cada um na sua cadeira. Em casa, os sofás amontoam-se com a família, os amigos e não faltam palpites, comentários e críticas mais duras aos que falham golos ou passes perdidos: “Até eu marcava!”.

Como “tudo é composto de mudança”, a linguagem futebolística deixou-secontaminarpor uma novilíngua. George Orwell avisou do perigo que é real, porque impede o pensar em liberdade e acrescenta riscos de alienação!

Os dribles, dobras e coberturas cederam perante a largura e a profundidade.A desmarcação cedeu à pressão, a identidade e os duelos vão desaparecendo. O espaço de jogo é cada vez mais inflacionado pelo aumento da procura. A mobilidade aperfeiçoa a dinâmica e o contra-ataque passa a transição rápida. A movimentação coletiva implica dinâmicas diferenciadas, assim como a organização do jogo para controlar o espaço e a bola.

A reação à perda da bola ganha cada vez mais importância para a recuperar e regressar à organização ofensiva para criar espaços para finalização, em função dos jogadores de referência na área adversária. As táticas são mais fluídas e do 3x4x3, muda-se para o 5x3x2, ou mesmo o 4x3x3, de forma imparável… As diferenças diluem-se e tornam-se hábito.

Mas há sempre quem consegue improvisar, inventar um movimento que ilude o adversário e surpreende tudo e todos. São cada vez mais raros, mas ainda existem artistas que não perdem a bola. Normalmente são aqueles que ainda fazemreceções orientadas com a cumplicidade do esférico. Há equipas mais pragmáticas, com espaços definidos para cada um, e outras que nunca param,comsistemáticas trocas de posição.

Há quem aborde os princípios esub-princípios do jogo, diferentes periodizações, fatores de desequilíbrio, equipas com características definidas e quem prefira o jogo direto. Uns falam do modelo de jogo, outros preferem padrões, mas no fundo quem gosta de futebol (para além do clubismo) pretende emocionar-se com um passe inesperado, uma desmarcação surpreendente, um lance ao primeiro toque em velocidade, um golo impossível ou um voo do outro mundo de um guarda-redes que supera as leis da gravidade. E quanto mais cedo tivermos a oportunidade de memorizar lances fantásticos, mais colaboramos na imortalidade do jogo em que onze jogadores de cada lado disputam a posse de uma bola, para ganhar um jogo. Em momentos históricos, já houve jogos em que países que estavam em guerra e as suas equipas disputaram uma partida numa prova internacional, todos os jogadores deram uma importante lição aos governantes e ao mundo. Nessaépoca o futebol esteve prestes a ser um candidato a Prémio Nobel da Paz... Mas há sempre quem não o entende como linguagem universal onde, sem falar, apenas com o olhar e a expressão facial, todos se entendem completamente.

O futebol será sempre um espaço de inteligência em movimento. Nunca se pode repetir um jogo porque é único. Desde o apito inicial, a sorte (ou o destino) está lançada.

Se cada jogador se transforma num elemento especial, os adeptos e espectadores devem confiar no que estão a ver. Por vezes, quem comenta acrescenta pormenores parciais, podetentar alterar a percepção dos lances repetindo com insistência, para criar uma ilusão que acaba por se tornarnuma falsa realidade. Por isso, a velocidade com que se criticam árbitros, a relação de factos ocorridos no passado com o jogo do presente (sempre guardados para ocasião escolhida), as insinuações que “especialistas” mantém em lume brando e só usam quando oportuno, é muito intensa. Raramente, uma equipa de arbitragem recebe as felicitações pela sua ação! Será por esquecimento? É impossível (mesmo com tecnologia a auxiliar) acertar sempre ao longo de 90’ (mais o tempo extra) quando numsegundo cada um vê de forma diferente, em função do espaço em que se encontrae tem de decidir.

Sintam o jogo. Valorizem os lances de qualidade. Puxem pela vossa equipa sem perder tempo a insultar “os outros”, garantam-lhes confiança e, no fim reconheçam o esforço independentemente do resultado. Nós somos uma só equipa!

Grandes são os clubes que apoiam sempre a sua equipa.

É raro o adepto que diz: “A minha equipa joga hoje”. Sempre diz: “Nós jogamos hoje”. Este jogador númerodoze sabe muito bem que é ele quem sopra os ventos de fervor que empurram a bola quando ela dorme, do mesmo jeito que os outros onze jogadores sabem que jogar sem adeptos é como dançar sem música.” Eduardo Galeano.

Aníbal Styliano (Professor e comentador)

 

 

DIA MUNDIAL DA POESIA

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DIA MUNDIAL DA POESIA - 21 de Março de 2024
das 20 às 21 horas.
O MERCADO DO BOM SUCESSO vai receber no Dia Mundial da Poesia a Troupe de Palavras Vivas, que vai apresentar o espectáculo "UM PORTO À MANEIRA", dando voz a poetas portuenses de berço e de coração.
O espectáculo irá encerrar com o poema de Lourdes dos Anjos "A Vida e a Voz da Cidade", mais conhecido por "PREGÕES", dito a várias vozes.