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BAIÃO CANAL - Jornal

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Gabinete de Psicologia - Rita Diogo

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Sobre a mãe que submergiu a filha numa piscina com água fria para conter uma birra e partilhou um vídeo a dizer isto mesmo.
Fiquei chocada com a partilha desta forma de "disciplinar " e com a falta de empatia pelo que a birra poderia estar a comunicar. Fiquei chocada com o que parecia uma luta pelo poder da relação entre mãe e filha.
Não sei dizer se é uma boa ou má mãe. Há muitas formas de ser mãe. Pode ter sido apenas um episódio infeliz. O que sei é que esta senhora não consegue refletir no seu papel enquanto mãe, parecendo confundi-lo com o de "instagramer". Achou com certeza que tinha feito uma partilha cheia de graça, que ia ter muitas visualizações e likes, como se isto pudesse medir a sua capacidade de influenciar outras pessoas.
As mães e os pais deparam-se com birras das crianças. As mães e os pais esperam que as suas crianças não façam birras, não as envergonhem em público, por exemplo. As mães e os pais, na ânsia de conter as birras, esquecem-se daquilo que pode estar na essência deste comportamento: sono, cansaço, sobre estimulação, fome, sede, fralda suja, cólicas, dores, febre. As crianças têm necessidades específicas e próprias das suas idades que, às vezes, são esquecidas quando se quer por termo a uma birra. A birra pode ser apenas a forma de dizer "estou aqui, olha para mim".
Uma criança de 3 anos, ainda não tem a capacidade e a clareza de partilhar o que realmente se está a passar no seu interior. Precisa de um adulto regulado e estável para a guiar e garantir que se sinta segura.
Os pais e as mães devem investigar as suas próprias expetativas, as suas crenças e desenvolver uma maior consciência de como elas influenciam as suas perceções sobre o comportamento das crianças. Devem investigar quais as necessidades em causa, tanto as suas como as dos filhos.
Isto é fácil? Não!!! De forma alguma. Nem sempre vamos conseguir, é muito difícil, mas bater ou por a criança em água fria não resolverá, apenas irá causar um choque na criança (o que inicialmente pode conter o comportamento) que irá desorganizá-la.

Seiva Trupe Teatro Vivo

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Arrancaram no passado mês de junho os ensaios da próxima produção do Teatro Nacional São João, concebida em parceria com uma das mais emblemáticas companhias da cidade do Porto, a Seiva Trupe - Teatro Vivo. Sete anos depois de levantarem 'Espectros', de Henrik Ibsen, os caminhos do TNSJ e da Seiva Trupe voltam a cruzar-se. A relação agora retomada volta a escrever-se novamente com o alto patrocínio de um dos maiores nomes da dramaturgia do século XIX: Anton Tchékhov.
No ano em que a Seiva Trupe cumpre 50 anos, o TNSJ alia-se à companhia portuense e a Júlio Cardoso, um dos seus históricos fundadores e antigo diretor artístico, para levantar 'O Canto do Cisne' (1888), um dos clássicos do dramaturgo russo.
(Fonte TNSJ)

OS PEQUENOS TAMBÉM SÃO GRANDES | Aníbal Styliano

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Que 2021 traga boas novidades para o desporto.

O desporto não se mede aos palmos mas pelas marcas positivas que perduram. Com a globalização vai-se perdendo
proximidade local. Uma rua, um bairro ou freguesia eram os destinos iniciais. A proximidade entranha-se e eterniza-se. Nascem amizades que perduram.
Um dos meus clubes, onde vesti pela primeira vez a camisola oficial para jogar (o extinto Sport Progresso), como tantos outros pelo país, nasceram com força, por todo lado, no final da Monarquia e início da República. Como origem, o cimento da coragem.
Cidadãos e cidadãs criaram espaços de debate, de construção de alternativas, de extensão do conceito de amizade.
Primeira obra notável, o “nascimento” das sedes, a casa para servir todos. Os momentos mais significativos para cada família organizavam-se aí. Depois a organização de processos eleitorais, distribuição de pelouros e responsabilidades e a sempre complexa capacidade em obter fundos para cobrirem as despesas. A cidadania em exercício.
O cartão de sócio funcionava com orgulho como identificador com sabor especial. Como foi possível organizarem secções para diversas modalidades? Com trabalho, com visitas porta à porta e unindo as populações, numa entrega de excelência. Se houvesse um problema, a tarefa para o tentar solucionar passava pelo trabalho coletivo. Quando miúdo, durante a semana, via os funcionários do talho, da mercearia, do café, dos seguros e escritórios e muitos mais que, nos domingos, se transformavam em heróis enormes, dentro das 4 linhas. As cores dos equipamentos, os emblemas e insígnias, nasceram com afeto e numa lógica especial que une e se entranha. Ainda hoje sinto o “mundo” onde aprendi a escolher os caminhos sem esquecimentos. Todas as tarefas que um clube exigia eram desempenhadas com dedicação. As horas dedicadas ao clube, em horário pós-laboral, atingiam um grande volume e responsabilidade. Por outro lado, a convivência entre todos (dirigentes e sócios não estavam em patamares diferentes, porque o foco era o clube). Reuniões debatidas com calor mas nunca desvalorizando o essencial: como manter e até crescer com sustentabilidade? De atletas jovens a seniores, passando por cargos nos Órgãos Sociais era percurso comum; assim como os clubes mais poderosos terem a sua base de recrutamento nos clubes mais humildes, onde se aprenderam as bases e a motivação para o desporto e para a vida.
As horas dedicadas ao clube, as iniciativas organizadas, a festa do aniversário, eram momentos de grande e sentida solenidade. Os campeonatos distritais atingiam qualidade elevada, surgiram depois os campeonatos amadores e um aumento de praticantes que foi exemplar, para valorizar a função do desporto e da solidariedade. Aí se fundamentou
a noção integrada de equipa como identidade. Recordo a inauguração da luz artificial e do jogo com o Infesta (rivalidade por vizinhança), como também muitos dos amigos que partiram… Pertencer a um clube desses deveria ser a lógica inicial. Contudo, a evolução dos tempos revelou profunda mudança: uma elitização de competições (negócio a comandar, adulterou prioridades) e uma redução forte que se abateu sobre os campeonatos locais. À medida que se avança, surgem jogadores e clubes fantásticos, com proezas cada vez mais mediáticas para além do jogo, os adeptos centram-se nas “estrelas” e perdem origens. Pensar global e agir local, inverteu o sentido e empobreceu o conceito. Muitos de nós, quando nos tornamos jogadores profissionais, sempre que era possível cumpríamos a obrigação de dizer “presente” quando a nossa colaboração fosse útil.
Como vamos iniciar mais um ano, desejamos que seja possível retomar percursos e valores indispensáveis.
Homenagear clubes, criar condições que evitem a sua extinção (realidade contínua sem o cuidado merecido), apoiar projetos de crescimento e maior ligação com as autarquias e escolas, procurando atrair os jovens para prática desportiva, sem grandes deslocações e perdas de tempo.
Neste primeiro texto deixo uma sugestão:
- Criar o Dia do Dirigente Desportivo Benévolo (com Estatuto definido).
Como homenagem ao seu trabalho em prol dos clubes, lutando sempre contra muitas dificuldades e praticamente sem apoios. Os clubes merecem que a democracia, que também ajudaram a reforçar, seja eficaz e não inverta as pirâmides do poder: clubes com muitas despesas, exigências institucionais e sem receitas para poder continuar. Ondereside a solidariedade do futebol profissional para com o futebol “amador” (termo que perdeu uso e que tinha uma dimensão fantástica)?
Libertem os pequenos clubes de amarras que destroem, porque a sua obra é gigantesca, específica e indispensável.
O clube pode estar na base da organização desportiva, mas a sua importância tem de estar no topo em função do trabalho que desenvolvem como escola de cidadania.
Bom ano para todos.
Aníbal Styliano ( Professor, comentador )