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BAIÃO CANAL - Jornal

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Um Natal | Maria Odete Souto |Então é Natal...

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É Natal, o tempo em que se comemora o solstício de dezembro e, portanto, a chegada do inverno no hemisfério norte, com os dias cinzentos, chuvosos e frios. Para os crentes, celebra-se também o nascimento de Jesus.

Para mim, o Natal é a festa da Família e esta é um valor maior. Não sou nada presa ao bulício de Natal, às compras e às prendinhas, ao consumismo que isto envolve. Esse é o lado triste, é o inverno das relações humanas.

Mas sou muito presa ao estar e ao ser, às conversas à volta de uma mesa, ao bulício de fazer comida para muitos e de os ter, de deitar conversa fora, ou apenas ouvir, de recordar, de gargalhar, ou de chorar, se esse for o caso. São as dores que se partilham, as alegrias, as angústias, mas, tal como a partir do solstício os dias vão crescendo e a luz aumentando, também isto faz com que a empatia aumente e os laços e as relações de pertença se aprofundem.

É normal que as  pessoas andem mais sensíveis nesta época e não há mal nenhum na sensibilidade. Os corações partidos continuam a ser corações que têm que continuar a bater. Soubéssemos nós transformar esta sensibilidade em amor verdadeiro, em dádiva, em gratidão e o mundo seria bem melhor.

Gosto do Natal, pese embora o facto de cada vez mais, faltarem alguns à mesa. Consoante a idade avança esta realidade será cada vez mais comum. E temos que apresender a viver com ela. Uns partem, mas outros vêm. E precisamos de ver esta dimensão da vida.

Os últimos Natais foram, para mim, muito complicados porque me roubaram esta essência de Natal. A pandemia encarregou-se de promover o afastamento das pessoas e eu não concebo a vida assim.

No último Natal, depois de ter perdido a minha mãe, no mês anterior, o maldito “Covid 19” atirou-me para isolamento e fiquei em “prisão domiciliária”. Foi-me, particularmente, difícil, porque se sempre pugno por um Natal em família, este seria especialmente importante.Foi duro. Mas passou, com miminhos de mão amiga. Os amigos são a família que a gente escolhe...

É Natal e eu gosto do Natal. Um Natal de partilha, amor e  encontros. E, à partida, voltarei a poder ter Natal com a minha Família, na casa da minha Mãe, onde vamos buscar este sentimento bom de sermos e de estarmos. Todos juntos. É a casa Natal. A casa que sempre teve portas abertas para todos. Onde apresendemos a dar e receber, a estar disponíveis para os outros, a emprestar ombros e a saber tê-los. A casa onde não se punha o sapatinho na chaminé porque não havia que lhe pôr, mas se partilhava o que havia e a alegria de estar bem, mesmo com pouco.

Gosto deste conceito tribal de Família. Família, não se reduz à família biológica. É de afetos e alarga-se. Todos cabem, assim saibam caber...

Termino com os votos de um Feliz Natal para todos e todas, perseguindo este caminho de amor, paz e gratidão à vida, mesmo quando esta nos apronta aquilo que não esperávamos...

Façamos o Natal acontecer, todos os dias.

 

Maria Odete Souto

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