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BAIÃO CANAL - Jornal

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POLÍTICA | JSD BAIÃO | INTERIORIZAR A RAZÃO OU ECOAR A PROMESSA?

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Já são longas as horas de discussão e a longinquidade das palavras escritas sobre promoção da interioridade, coesão territorial e igualdade de oportunidades para as regiões. No entanto, numa era em que o mutualismo europeu -em virtude das necessidades emergentes da pandemia que assolou o nosso planeta - sedimentou a sua posição enquanto pilar fundamental da construção europeia, num modelo de trabalho em rede e de cooperação recíproca, nasce uma nova vida para a esperança de um interior cada vez mais envelhecido, rural, desertificado, estagnado e associado a um secular definhamento e esquecimento, cujo dia-a-dia é mantido na tênue linha da sobrevivência.

Porquanto, as dificuldades das regiões em se debaterem de igual para igual tendem a agravar-sefaceos espinhosos efeitos do novo contexto internacional, contemplando-se assim que 30% da população portuguesa continua a sofrer diária e diretamente as consequências de uma naçãohipercentralizada,que a torna refém de um Estado obeso, labiríntico, volúvel e incapaz de potenciar uma distribuição de investimento público a nível geográfico e em função das concretas atividadeseconómicas, sociaise culturais de cada região.E, aqui chegados, encontramos o verdadeiro responsável pelo atropelo de direitos fundamentais como a saúde, a educação ou o emprego. Isto é, percebemos que é o próprio Estado o responsável, não por uma mera virtualidade, mas sim pela dura e fria realidade, onde milhares de jovens se veem limitados no acesso a um ensino de qualidade; onde o cidadão do interior é obrigado a deslocar-se durante horas para ter acesso a cuidados de saúde; e onde o pequeno empresário se vê sufocado por uma elevada carga fiscal e despido de infraestruturas que o auxiliem na hercúlea tentativa de salvar o seu negócio.

No entanto, aquando da disponibilização para consulta pública do Plano de Recuperação e Resiliência, enraíza-se a incógnita: será que contemplaremos, em primeira mão, a um ligeiro avanço nesta batalha quase secular entre dirigentes políticos, economistas, dezenas de autarcas, de empresários, de agentes da cultura e da sociedade civil, que, legitimamente, procuram inverter um ciclo vicioso de subdesenvolvimento que condena três quartos do território nacional. Vejamos que a inversão do paradigma social imposto pela crise sanitária forçou o recurso à razão, obrigando os nossos decisores políticos a interiorizar os factos que durante décadas foram colocados em cima das suas secretárias. Assim,aquela que eraapenas para alguns uma clarividência, tornou-se trivial, levando-nos a acreditar que será possível implementar umapolítica equilibrada de gestão territorial enquanto garante do nosso desenvolvimento sustentável.

Porém, não obstante, a sua imperiosa necessidade, bem como a crescente tendência de deslocalização de trabalhadores e de recurso aos mecanismos tecnológicos e digitais pelos agentes privados, na procura de minimizar custos e maximizar lucros, a desconfiança tende a não desvanecer, sob pena de cairmos uma vez mais na teia das abundantes promessas dos dirigentes políticos em vésperas eleitorais. Aliás, a título de exemplo, bastará uma ligeira leitura dos programas eleitorais do partido socialista - a nível local e nacional - para percebermos que muitas das infraestruturas hoje mencionadas no PRR, nunca passaram de meras bandeiras eleitorais, sem qualquer tentativa ou esforço evidente.

No entanto, nunca será demais reafirmar a relevânciade todos aqueles investimentos prioritários para o interior, que, para além de devidos, poderão afirmar o seu valor nocombate à sobrelotação das grandes malhas urbanas e consequentes problemas associados à habitação, mobilidade e qualidade de vida! Chegou o momento deo poder político compreender que poderá encontrar no interior, particularmente na deslocalização de empresas e de determinados setores estratégicos para as regiões de baixa densidade, o artificio necessário para construir um Portugal mais justo e equitativo. É esta a nova esperança do interior!

 

Rui Pedro Pinto

Presidente da JSD Baião

Vice-Presidente da JSD Distrital do Porto

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