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BAIÃO CANAL - Jornal

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OS PEQUENOS TAMBÉM SÃO GRANDES | Do virtual para o real | Aníbal Styliano (arquivo)

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A realidade virtual prepara-se para ultrapassar velozmente a realidade natural. As pessoas desde que nascem vão superando fases de crescimento a nível físico, emocional e civilizacional. Saltar uma etapa, por vezes, pode criar um desenvolvimento sem alicerces estruturados.

Da criança ao adulto não se podem ultrapassar fases de crescimento, mas manter um percurso contínuo, crescente,sem uma fusão num mesmo patamar. Os pais, por variadíssimas circunstâncias, ou opção sem resistência, reforçam uma abertura total, mesmo que a precocidade de alternativas possam ter efeitos complexos. Para já, a necessidade de cada um criar horários e tarefas, ou se aprende cedo ou talvez nunca. Para superara falta de tempo e de paciência (disponibilidade) por cansaço, os adultos cedem à liberdade total das novas tecnologias. Sem dúvida uma grande aquisição e futuro. Contudo, as plataformas digitais oferecem jogos onde as mortes, as destruições, a violência para vencer o jogo, transportam para património mental de cada um, valores e atos que acabam por fazer parte do quotidiano “natural”. E do virtual para o real a distância pulverizou-se. Num jogo virtual perdem-se vidas mas podevoltar-se ao início. O mundo real não permite essa renovação. Também por isso, à medida que dependências ou modas se instalam, a violência entre jovens e adultos aumenta, as frustrações e o bullying crescem sem haver a coragem de mudar para construir estabilidade. Com idades tão díspares, a perceçãodacapacidade para distinguir o certo do errado,pode ter consequências virais. O futebol de formação é outro universo com mais-valias. No desporto jovem pode residir um complemento eficaz, desde que os treinadores entendam a sua função.Tivemos a felicidade de ter excelentes treinadores nos escalões de formação, recordando muitos e destacando como “representantes” de muitos outros, Artur Baeta, António Feliciano, Óscar Marques, Jaime Garcia…

Integrar clubes da região é decisão acertada, para evitar, aos mais pequenos, deslocações inadequadas que sobrecarregam pais, inclusivamente em termos monetários e nem sempre fomentando amizades duradouras, porque circunstanciais.A proximidade reforça valores erotinas de aprendizagem, solidariedade no jogo e fora dele, pertença a um grupo com identidade própria.

A liberdade de escolha implica sempre responsabilidade esclarecida. Ver o futebol (ou outro desporto qualquer) como estratégia de complemento de formação está certo. Mas sem exigências, interferências de pais que encaram os filhos como cautela de lotaria ou raspadinha premiadade milhões, quando a principal preocupação poderia ser a oportunidade de criar amizades e fortalecer a personalidade. No desporto, os jogos começam a horas marcadas e não quando apetece. Por outro lado, numa falha, não podemos voltar ao início como no jogo do telemóvel.É preciso cooperar para tentar vencer. Os jogos duram o seu tempo próprio e no fim, sem frustrações nem grandes exageros, cumprimentar adversários, árbitros e regressar ao balneário. Ouvir as indicações do treinador, refletirsobre o que se fez e no que se podia fazer, pensando como treinar para conseguir melhorar.

O desporto é um espaço de crescimento e um reforço de estrutura mental de organização.

Quanto à ação dos pais no acompanhamento dos filhos, algumas sugestões:

  1. Em vez de ficarem a assistir ao treino (influenciando o filho) seria preferível, juntar os pais ou outros familiares e fazerem uma caminhada até ao fim do treino.
  2. Não dar indicações, pois o treinador é que tem essa função.
  3. Não criar pressão sobre o jovem.
  4. No fim, perguntar sempre como correu e deixar falar o jovem; saber se gostou do treino, se está contente e integrado.
  5. Dar tempo para o jovem falar espontaneamente, sem ser interrompido. Ter confiança na família que lhe permite espaço para dizer o que pensa em liberdade, sempre com responsabilidade.

Dessa forma, os clubes revelam a sua Alma e nessa área o S.C. e Salgueiros é um dos grandes especialistas.

 

Aníbal Styliano (Professor, Comentador)