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BAIÃO CANAL - Jornal

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Museu do Aljube Resistência e Liberdade

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“Vamos para as oito horas, basta de trabalhar de sol a sol, e então os prudentes temem-se do futuro, Que será de nós se os patrões não quiserem dar trabalho, mas as mulheres que estão a lavar a loiça da ceia, enquanto o lume arde, têm vergonha de que tão prudente o seu homem seja e estão de acordo com o amigo que lhes bateu à porta para dizer, Vamos para as oito horas, basta trabalhar de sol a sol, porque também elas assim trabalham, e mais ainda, doridas, menstruadas, pejadas da barriga à boca, ou, quando já não, com os seios a derramar o leite que devia ter sido mamado, é uma sorte, não se lhes secou, muito se engana pois quem julgue que basta levantar uma bandeira e dizer, Vamos.”
José Saramago, “Levantado do Chão”, 1980.
Após 5 anos de preparação, nos primeiros dias de maio de 1962 os trabalhadores rurais do Ribatejo e do Alentejo avançam para a luta das 8 horas de trabalho. Sob direção e influência do PCP, a reivindicação do fim do trabalho de sol a sol e da conquista das 8 horas de trabalho seria finalmente conquistada.
António Gervásio, trabalhador rural, antigo preso político e dirigente do PCP que participou neste processo afirmou que “a bandeira das 8 horas não caiu do céu, já vinha de trás da longa batalha contra o fascismo pelo Pão, pelo Trabalho, pela Liberdade. A conquista das 8 horas, nos anos do fascismo, foi a batalha mais longa, mais abrangente, mais abrangente e com maior impacto na vida dos trabalhadores e das populações do Sul”.
📷Mulheres no cultivo do arroz no Alentejo. Fotografia patente no piso 2 do Museu do Aljube Resistência e Liberdade.