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BAIÃO CANAL - Jornal

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Já tens planos para o fim de semana ou para as tuas férias? Estás por Lisboa ?

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Estamos na Rua de Augusto Rosa, 42
O Museu do Aljube Resistência e Liberdade é dedicado à memória da resistência à ditadura, à luta pela liberdade e democracia em Portugal. Lugar de memória e educação para os direitos humanos. Visita-nos!
Na exposição de longa duração podes conhecer as histórias da resistência à ditadura em Portugal até à revolução do 25 de Abril de 1974.
No piso 0 encontrarás a exposição "25 de Abril SEMPRE!", uma viagem pelas resistências desde o 25 de Abril de 1974 até aos nossos dias para sonharmos juntos o futuro em democracia.
No piso 4 a instalação "A Liberdade passou por aqui!". Esta instalação resulta de dois murais coletivos orientados por Inês Vieira da Silva e por Nuno Saraiva.
TER - DOM | 10h - 18h

DUAS DE LETRA - lourdes dos anjos.

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ENVELHECER...
Envelhecer é sinal que vivemos , JÁ vivemos.
Mas, é também sentir que "ESTOU VELHA COMÓ CARAÇAS"...
Hoje vieram-me à lembrança as meninas chiques que eram minhas colegas no colégio Silva Teixeira , na Rua de Pinto Bessa, que diziam que iam de férias para a quinta da avó
E eu , pobrezinha, ia apenas "para casa da minha avó". Eu só conhecia, lá para as bandas de Estarreja, a quinta do Visconde de Salreu, a quinta do Marques Padeiro e a quinta do dr.José Luciano.Todas eram QUINTAS de gente muito, muito rica ,alguns amigos do meu avô que lhes guardava as vinhas no lugar de VALE DA MÓ
Quem lá vivia sempre foram, para mim, figurantes dos meus sonhos de menina onde vagueavam vestidos de anjos ou de bruxas mas sempre vivendo nessas casas ENORMES, vedadas por altos muros com capelas onde os santos viviam encarcerados e nem conheciam o sotaque da voz do povo que na entrada da porta, no cantinho da parede, lhes deixava uma reza , uma promessa paga com meio litro de azeite(que faltava na mesa) e um pedido de alguma saúde, de um naco de paz ou de um pedacito de vida feita fardo mais leve...
.Um dia perguntei á minha avó porque não tinha também uma quinta e aquela mulher sábia e santa respondeu-me que era muito mais rica que essa gente que tinha quintas com muros altos em redor...
Ela tinha todos os dias da semana e todos os caminhos da sua terra onde podia chorar e cantar, abraçar os netos ou lembrar os filhos ausentes.Toda a aldeia era sua e os muros não riam nem limpavam lágrimas
Ela tinha domingos, segundas, terças, quartas ,sextas e sábados...e tinha POVO que era GENTE como ela...
Uma vez mais só percebi a resposta alguns anos depois...
Era burra como uma porta e dizerem-me estas coisa quando tinha 5 ou 6 anos era mesmo "falar prá central".
Ai como é bom envelhecer e lembrar com lágrimas de boa saudade estas miudezas que me ajudaram a crescer mesmo sem perceber"patavina" do discurso limpo e puro da avó que, tenho a certeza, ainda me espera sentada ao lado da minha mãe para que na chegada ao outro lado, ao abrir a porta do lugar onde descansam, a sua filha não receba a sua neta , a sua cachopa tripeira com um raspanete porque...porque a minha avó sabe que a sua filha que herdou o seu nome (Adelaide) e os olhos verdes do meu avô(MANUEL) SERÁ SEMPRE ASSIM...RESMUNGONA.
SERÁ SEMPRE ASSIM ... A MINHA MÃE.
MINHA MÃE... PALAVRAS ONDE CABEM TODAS AS LETRAS DE AMOR, SAUDADE ,PAZ E VERDADE E...OBRIGADA.