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BAIÃO CANAL - Jornal

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Natália Correia | 100 anos

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Natália Correia, poeta, escritora, jornalista, feminista, mulher de paixões, nasceu em 1923, na ilha de São Miguel (Fajã de Baixo), Açores. Ainda criança muda-se para Lisboa com a sua mãe e irmã, onde estudou e iniciou a sua vasta obra literária (romance, poesia, ensaio, teatro).
Importante voz de oposição à ditadura, participou no Movimento de Unidade Democrática (MUD), no apoio às candidaturas para a Presidência da República de Norton de Matos e (1949) e de Humberto Delgado (1958) e na Comissão Eleitoral de Unidade Democrática (1969). Escreveu para diversas publicações nacionais e estrangeiras, foi também tradutora, guionista e dirigiu a Editora Arcádia. Foi uma figura central das tertúlias que reuniam em Lisboa nomes da cultura e da literatura portuguesas: primeiro em sua casa, nas décadas de 1950 e 1960, e a partir de 1971 no 'Botequim', na Graça. Editora da “Antologia da Poesia Portuguesa Erótica e Satírica”, em 1966, foi condenada a três anos de prisão, com pena suspensa, pela publicação desta obra considerada imoral e ofensiva dos “bons costumes”. Em 1972, com a publicação das “Novas Cartas Portuguesas” cuja editoria assume, é acusada no processo que envolve Maria Teresa Horta, Maria Isabel barreno e Maria Velho da Costa, do qual seriam absolvidas poucos dias após o 25 de Abril de 1974.
Foi deputada à Assembleia da República (1980-1991) eleita nas listas do PPD-PSD. Em 1981 foi condecorada Grande-Oficial da Ordem Militar Sant’Iago da Espada; em 1991 recebeu o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores pelo livro Sonetos Românticos; e no mesmo ano recebe a Ordem da Liberdade.
Corajosa e irreverente, a sua obra e vida são prova de um espírito à frente no seu tempo que, com determinação, abriu caminho importante nos direitos das mulheres e na sociedade portuguesa.

SERÕES NA SERRA | Domingo, 17 de setembro, no Espaço Montemuro - Serões na Serra: "AI, QUE SUSTO!" | Teatro das Beiras

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SINOPSE
O medo nasce connosco, mesmo antes de nascermos. Acompanha-nos a vida toda até, pelo menos, à nossa morte. Está em nós e é tão necessário como o ar que respiramos. E materializa-se em sensações bem concretas: palpitações, suores, cabelos em pé, arrepios, boca seca, nós na garganta, pele de galinha, olhos esbugalhados, vontade de gritar, tremores, tonturas, que nos levam a ter medo do próprio medo. 

Ao abordar medos e fobias, “Ai, que susto!” não pode nem pretende ser exaustivo, já que a lista é infindável. Também não é pedagógico ou profilático; isso é função de professores ou, eventualmente, de assistentes sociais. 

Pensamos que não será com espetáculos de teatro que se tiram os medos das crianças (e dos adultos). O teatro não se substitui a psicólogos, sociólogos e à própria vida. É um bocadinho de divertimento, de prazer, que procura só isso mesmo: divertir e dar prazer. Não passa, pois de um simples brinquedo. Ou, se preferirem, uma brincadeira pegada. 

“Ai, que susto!” tem como grande objetivo fazer com que o seu público sinta, experimente e compreenda o medo como reação natural e saudável, como sentimento comum a todos os seres humanos, como mecanismo emocional que é possível de superar sempre que se comece a revelar limitador e constrangedor da autonomia e vivência humanas.

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Rita Diogo |O regresso às aulas e às rotinas

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Para muitos jovens o ano não começa em janeiro, mas sim em setembro, com o início de um novo ano letivo. Depois de um período de férias, na maioria dos casos, sem horários, sem atividades estruturadas, com poucas rotinas, sem horários para dormir ou acordar, com horas a mais nos telemóveis, eis que chega setembro, rápido demais.

Começa a azáfama da compra dos livros e material escolar, da escolha das atividades extraescolares que se quer continuar e de que se quer abdicar, de conhecer o horário da escola e o nome dos professores. Nos frigoríficos colocam-se horários que compilam tudo isto, para facilitar a logística. Falamos da logística de encaixar o trabalho, a vida e as agendas dos pais, a vida da família, com todas as atividades dos miúdos. Quem leva, quem vai buscar e todo o stresse que isto gera, nos pais e nos filhos. Desengane-se quem pensar que isto é uma tarefa fácil, pois não é certamente, e se calhar todos os que estão a ler esta crónica se identificam com isto e sentem já alguma ansiedade a tomar conta de si. Pois bem, precisamos de tempo no meio disto tudo, precisamos de tempo para não fazer nada, de ócio, de prazer, de viver com mais calma. Miúdos na escola entre as 8h00 e as 17h00, música, teatro, futebol, ginásio, natação, etc, depois destes horários. Pais que são autênticos Ubers, a correr de um lado para o outro. É assim a escola atual. E, depois, ainda se exigem bons resultados aos filhos e aos pais.

Ninguém consegue aprender depressa, num ritmo assim acelerado, a aprendizagem implica tempo para pensar. O tempo para ser criança é único e não volta mais. Vamos tentar viver mais devagar para que o tempo não fuja, nem aos pais nem aos filhos.

As famílias têm alguns dias para preparar o regresso às aulas - período muitas vezes marcado pela adaptação a novas escolas, turmas, rotinas, disciplinas, etc... O que pode representar uma sobrecarga emocional para os mais novos e para os pais. A grande dificuldade neste regresso à escola é voltar às rotinas e aos horários mais rígidos para os filhos. Já para os pais é terem de voltar a reorganizar as agendas para encaixar os horários escolares e das atividades extracurriculares que os filhos têm. Neste reajuste para toda a família, é importante viver algumas etapas e momentos em conjunto: Os pais devem partilhar os momentos da compra do material escolar com os filhos, devem explorar os manuais das disciplinas juntos, no sentido de reforçar o sentimento de partilha desta nova etapa, tentando transmitir segurança e tranquilidade. Sobretudo, há um fator importante que os pais devem ter sempre em conta: os sentimentos dos filhos são comuns a quase todos os miúdos, são válidos, têm uma causa. Os pais devem validar a ansiedade e ajudá-los a superá-la, falando do motivo desta maior agitação, demonstrando disponibilidade e tempo para os ouvir neste processo do regresso.

Quando se trata de novos ciclos letivos ou, se os alunos vão mudar de escola ou de turma, é preciso ter uma conversa mais abrangente sobre os momentos de mudança na vida e que as mudanças podem ser difíceis mas são também oportunidades de fazer novos amigos e ter novas experiências. O regresso às aulas não tem que ser motivo de instabilidade, não tem que ser um momento desorganizador para pais e para filhos, pode ser afinal mais um momento de mudança em que o mundo de cada um pula e avança.

Desejo a todos e a todas um ótimo regresso às aulas.

Rita Diogo