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BAIÃO CANAL - Jornal

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DIA INTERNACIONAL DA LEMBRANÇA DO HOLOCAUSTO.

 

DIA INTERNACIONAL DA LEMBRANÇA DO HOLOCAUSTO.
27 de Janeiro de 1945. Um tanque T-34, comandado pelo soldado aliado, David Dushman, soviético de origem judaica, derrubava a vedação electrificada que rodeava o campo de concentração de Auschwitz , símbolo aterrador de que o inferno na terra existiu, alerta de que a história nunca é um livro fechado.
Nos dias anteriores, as rotinas mantinham-se. Na formatura da manhã para contagem dos prisioneiros, tinham que estar todos, mesmo aqueles que tinham morrido durante a noite. Os cadáveres apresentavam-se amparados por dois companheiros sem forças para os susterem, nem para viver.
Depois de uma refeição de pão feito com miolo de castanha e sopa, água com ervas, os prisioneiros de fatos listados, atravessavam os portões para o trabalho, ao som pungente e trágico da orquestra feminina de Auschwitz, comandada pela guarda Maria Mandel, no campo conhecida como a besta , responsável pela morte de meio milhão de mulheres judias, ciganas e de outras etnias e nacionalidades.
Desde 1947 quando foi aberto ao público, o portão com a inscrição, "Arbeit Macht Frei" já foi transposto por mais de 40 milhões de pessoas que querem ver para testemunhar até onde foi a condição humana.
O PORTÃO SEM SAÍDA
Naquele dia , restavam 7.000 mortos/vivos entre eles 500 crianças, espólio macabro de 1 milhão de seres humanos que ao longo de cinco anos ali deram a vida em trabalho escravo para depois "repousarem" nos fornos crematórios. O dístico sobre o portão de entrada, sem saída para sobreviventes, judeus, negros, ciganos ou deficientes, ostentava : Arbeit macht frei - o trabalho liberta... seria que lá dentro, metade trabalhava para outra metade que se limitava a vigiar, torturar e assassinar?
Uma macabra marcha de mortos nas câmaras de gás, execuções, fome e doenças.
O último sobrevivente dos libertadores de Auschwitz, David Dushman morreu há cerca de um ano com 98 anos. Vivia em Munique e a cidade prestou-lhe uma sentida homenagem.
Nunca fui à Polónia mas a Sandra e eu queremos proximamente caminhar pelas ruas do inferno na terra e viver o silêncio das almas que ali vagueiam .
Agora aguardamos que a versão século XXI não aconteça, para numa paz que tantos ansiamos um novo holocausto seja apenas uma página em branco da história .
A Mariana em visita de estudo, já esteve neste campo de extermínio. Fez apenas uma foto e nunca nos relatou o que viu. Respeito o seu recolhimento como também as emoções das nossas mãos dadas quando os dois visitámos a casa de Anne Frank em Amesterdão, também deportada com a família para Auschwitz e posteriormente para Bergen Belsen com a irmã onde morreriam de tifo pouco antes da libertação.
A história é memória, e o presente tem a obrigação de nunca se esquecer.
Recordar com orgulho triste ,Aristides de Sousa Mendes, o Consul português de Bordéus, diplomata desobediente em favor da sua consciência.
O Papa Francisco, referiu-se a este herói nacional que só depois da morte foi reconhecido, numa frase libertadora :- A liberdade de consciência deve ser sempre respeitada...e iluminada pela palavra de Deus.
E que tal um minuto, apenas um minuto, para meditarmos sobre o que nos cabe num gesto pela paz.
Créditos. Julio Isidro