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BAIÃO CANAL - Jornal

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Nacional | Operação RAILPOL - "24st - 24BLUE/RAD"

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O Comando Territorial do Porto está a realizar, de 7 a 11 de novembro, a Operação "Railpol - 24st - 24BLUE/RAD", através da realização de ações de fiscalização nos comboios, nas estações ferroviárias e estruturas de proteção da ferrovia, na sua área de responsabilidade, a fim de prevenir e combater a criminalidade geral e transfronteiriça.
GNR, uma força Humana, Próxima e de Confiança
Fonte: GNR

Maria Odete Souto | Carta para a minha Mãe

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Mãezinha, eu sei que as comunicações nem sempre são eficazes e que há correspondência que nunca chega ao seu destino.  E esta será uma delas. Mesmo assim, no dia em que se completa um ano da sua partida para a “constelação da utopia” quero escrever-lhe e dar-lhe conta do quanto está presente e continua a marcar o ritmo e o sentido das nossas vidas. E isso é muito bom.

Continuamos a ser a Família que construiu. Mantemos os rituais, os valores e o sentido de vida que nos transmitiu e inculcou. E que, afinal, foi o grande alicerce para tanto e tantos.

Guimarei continua a ser o nosso ponto de encontro e a nossa casa, Mãezinha, continua a ser uma casa com vida. A mesma vida que sonhou e cumpriu, que nos uniu a todos e continua a conferir sentido e a fazer-nos ser família e sermos felizes.

Sabe, Mãezinha, mantemos as “escalas de serviço” quinzenais, ao domingo. Abrimos inscrições para o repasto. Cada um na sua vez lá “caça o avental” e lá estamos, a comer, beber, conversar, gargalhar. E é tão bom!

A sua cozinha continua a ser o que era. E continuamos a falar alto, a discutir “os problemas de mundo”, a contar as mesmas peripécias trintas vezes e a rirmo-nos delas outras tantas. Como sabe, há muitos especialistas e muitas especialidades lá em casa e, por isso, desde o fisco à banca, da política à economia, da agricultura à culinária, da educação à justiça e à saúde, entre outras matérias, tudo se vai tratando de forma mais ou menos serena ou empolgada. E quinze dias depois lá estamos com a mesma vontade e a mesma sede de viver e de estar.

Continuamos a comer de pé, encostados ao balcão da cozinha, quando as mesas e as cadeiras não chegam para todos. E a colocar os copos na chaminé. Vêm os seus filhos e as suas filhas, os seus genros e as suas noras, os seus netos e as suas netas, e a sua bisneta, e os amigos…

Às vezes falham alguns, e sempre que isso acontece há sempre alguém a recordar: se a Mãezinha estivesse aqui dizia “hoje somos poucos”. Quinze ou vinte… E segue-se uma risada e mais umas recordações de outras frases e ou situações vividas. Temo-la tão presente, Mãezinha!

No dia 1 de novembro, cumprimos o ritual. Claro que lhe colocamos flores na campa, como a Mãezinha gostaria que se fizesse e assim será feito enquanto ela for pertença nossa e não levar o corpo de outro alguém. É pública.

Fui ao cemitério, embora fora das cerimónias, para me poupar, confesso. E por lá encontrei outras pessoas que falavam da sua vida, da sua bondade e dedicação aos outros. Recontaram histórias das injeções que dava, dos auxílios nas situações difíceis, da capacidade de perdoar, da sua inteligência, da abnegação e do exemplo de vida, de uma vida que valeu a pena…

Há dias em que a saudade aperta mais. E dói. Mas reconfortamo-nos nas memórias boas e no exemplo de vida que nos deu. E estamos muito melhor juntos. A união faz a força, não era isso que os dizia?

Por cá continuamos e zelar pela herança que nos deixou. E não estou a falar de bens materiais. Esses são para uso e valem pouco. Falo do exemplo de Vida e de Humanidade, da pessoa de bem que foi e que é, agora em outra dimensão, dos valores que nos inculcou e da Família.

Vive-se também de saudades e de memórias.  Vive-se tanto melhor quando estas memórias são boas. Tivemos tanta sorte, Soutos!

Obrigada, Mãezinha. Deixou a sua obra tão bem cumprida! Os Soutos continuarão a honrar a sua memória e a aguentar a saudade. Tanta saudade…

 

Maria Odete Souto