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BAIÃO CANAL - Jornal

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Nacional | Centenário nascimento Augustina Bessa Luís

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Agustina Bessa-Luís, nome literário de Maria Agustina Ferreira Teixeira Bessa, nasceu em Amarante, a 15 de Outubro de 1922. É descendente de uma família de raízes rurais de Entre Douro e Minho e de uma família espanhola de Zamora, por parte da mãe. A sua infância e adolescência são passadas nesta região, cuja ambiência marcará fortemente a sua obra. Casou-se em 1945 com o estudante de Direito Alberto Luís, que conheceu através de um anúncio no jornal. Desse casamento teve duas filhas, Amélia Bessa-Luís e Mónica Bessa-Luís Baldaque. Fixou-se, entretanto, no Porto, onde reside.

Agustina Bessa-Luís, estreou-se nas lides literárias aos 26 anos, com a novela “Mundo Fechado”, tendo desde então mantido um ritmo de publicação pouco usual nas letras portuguesas, contando mais de meia centena de obras nos escaparates. Agustina viu os seus primeiros livros elogiados por autores já então consagrados como Aquilino Ribeiro, Ferreira de Castro e Vitorino Nemésio.

Foi em 1954, com o romance “A Sibila“, que Agustina Bessa-Luís se impôs como uma das mais importantes representantes da ficção portuguesa contemporânea. Conjugando influências pós-simbolistas de autores como Raul Brandão na construção de uma linguagem narrativa onde o intuitivo, o simbólico e uma certa sabedoria telúrica e ancestral, transmitida numa escrita de características aforísticas, se conjugam com referências de autores franceses como Marcel Prouste Henri Bergson, nomeadamente no que diz respeito à estruturação espácio-temporal da obra, Agustina é senhora de um estilo absolutamente único, paradoxal e enigmático.

Agustina Bessa-Luís tem representado as letras portuguesas em numerosos colóquios e encontros internacionais e realizado conferências em universidades, um pouco por todo o mundo, e vários dos seus romances foram adaptados ao cinema pelo realizador Manoel de Oliveira. É também autora de peças de teatro e guiões para televisão, tendo o seu romance As Fúrias sido adaptado para teatro e encenado por Filipe La Féria (Teatro Nacional D. Maria II, 1995).

Agustina Bessa-Luís é membro da Academie Européenne des Sciences, des Arts et des Lettres (Paris), da Academia Brasileira de Letras e da Academia das Ciências de Lisboa, tendo já sido distinguida com a Ordem de Sant’Iago da Espada em 1980, a Medalha de Honra da Cidade do Porto em 1988, o grau de “Officier de l’Ordre des Arts et des Lettres”, atribuído pelo governo francês em 1989, o Prémio Camões, que é o mais importante prémio literário da língua portuguesa, em 2004 e, em 22 de Março de 2005, foi doutorada “honoris causa” pela Universidade do Porto, junto com Eugénio de Andrade, por serem “personalidades de prestígio no campo literário, motivadores de vocações e inspiradores de importantes estudos académicos”.

No final da cerimónia, Agustina Bessa-Luís agradeceu a distinção oferecida pela Universidade do Porto, apesar de considerar que, no seu caso, não há razão suficiente para que o doutoramento lhe tenha sido atribuído.

Agustina reconheceu ser uma honra receber o anel do letrado e dar testemunho de uma obra que, sempre imperfeita, foi realizada em liberdade de espírito.

Agustina Bessa-Luís foi membro do conselho directivo da Comunitá Europea degli Scrittori (Roma, entre 1961 e 1962). Entre 1986 e 1987 foi Directora do diário O Primeiro de Janeiro (Porto). Entre 1990 e 1993 assumiu a direcção do Teatro Nacional de D. Maria II (Lisboa) e foi membro da Alta Autoridade para a Comunicação Social.

Fonte: Vogais e Companhia

OS PEQUENOS TAMBÉM SÃO GRANDES | Aníbal Styliano | Saudades do futuro!

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O desporto não se mede aos palmos mas pelas marcas positivas que perduram. Com a globalização vai-se perdendo
proximidade local. Uma rua, um bairro ou freguesia eram os destinos iniciais. A proximidade entranha-se e eterniza-se. Nascem amizades que perduram.
Um dos meus clubes, onde vesti pela primeira vez a camisola oficial para jogar (o extinto Sport Progresso), como tantos outros pelo país, nasceram com força, por todo lado, no final da Monarquia e início da República. Como origem, o cimento da coragem.
Cidadãos e cidadãs criaram espaços de debate, de construção de alternativas, de extensão do conceito de amizade.
Primeira obra notável, o “nascimento” das sedes, a casa para servir todos. Os momentos mais significativos para cada família organizavam-se aí. Depois a organização de processos eleitorais, distribuição de pelouros e responsabilidades e a sempre complexa capacidade em obter fundos para cobrirem as despesas. A cidadania em exercício.
O cartão de sócio funcionava com orgulho como identificador com sabor especial. Como foi possível organizarem secções para diversas modalidades? Com trabalho, com visitas porta à porta e unindo as populações, numa entrega de excelência. Se houvesse um problema, a tarefa para o tentar solucionar passava pelo trabalho coletivo. Quando miúdo, durante a semana, via os funcionários do talho, da mercearia, do café, dos seguros e escritórios e muitos mais que, nos domingos, se transformavam em heróis enormes, dentro das 4 linhas. As cores dos equipamentos, os emblemas e insígnias, nasceram com afeto e numa lógica especial que une e se entranha. Ainda hoje sinto o “mundo” onde aprendi a escolher os caminhos sem esquecimentos. Todas as tarefas que um clube exigia eram desempenhadas com dedicação. As horas dedicadas ao clube, em horário pós-laboral, atingiam um grande volume e responsabilidade. Por outro lado, a convivência entre todos (dirigentes e sócios não estavam em patamares diferentes, porque o foco era o clube). Reuniões debatidas com calor mas nunca desvalorizando o essencial: como manter e até crescer com sustentabilidade? De atletas jovens a seniores, passando por cargos nos Órgãos Sociais era percurso comum; assim como os clubes mais poderosos terem a sua base de recrutamento nos clubes mais humildes, onde se aprenderam as bases e a motivação para o desporto e para a vida.
As horas dedicadas ao clube, as iniciativas organizadas, a festa do aniversário, eram momentos de grande e sentida solenidade. Os campeonatos distritais atingiam qualidade elevada, surgiram depois os campeonatos amadores e um aumento de praticantes que foi exemplar, para valorizar a função do desporto e da solidariedade. Aí se fundamentou
a noção integrada de equipa como identidade. Recordo a inauguração da luz artificial e do jogo com o Infesta (rivalidade por vizinhança), como também muitos dos amigos que partiram… Pertencer a um clube desses deveria ser a lógica inicial. Contudo, a evolução dos tempos revelou profunda mudança: uma elitização de competições (negócio a comandar, adulterou prioridades) e uma redução forte que se abateu sobre os campeonatos locais. À medida que se avança, surgem jogadores e clubes fantásticos, com proezas cada vez mais mediáticas para além do jogo, os adeptos centram-se nas “estrelas” e perdem origens. Pensar global e agir local, inverteu o sentido e empobreceu o conceito. Muitos de nós, quando nos tornamos jogadores profissionais, sempre que era possível cumpríamos a obrigação de dizer “presente” quando a nossa colaboração fosse útil.
Como vamos iniciar mais um ano, desejamos que seja possível retomar percursos e valores indispensáveis.
Homenagear clubes, criar condições que evitem a sua extinção (realidade contínua sem o cuidado merecido), apoiar projetos de crescimento e maior ligação com as autarquias e escolas, procurando atrair os jovens para prática desportiva, sem grandes deslocações e perdas de tempo.
Neste primeiro texto deixo uma sugestão:
- Criar o Dia do Dirigente Desportivo Benévolo (com Estatuto definido).
Como homenagem ao seu trabalho em prol dos clubes, lutando sempre contra muitas dificuldades e praticamente sem apoios. Os clubes merecem que a democracia, que também ajudaram a reforçar, seja eficaz e não inverta as pirâmides do poder: clubes com muitas despesas, exigências institucionais e sem receitas para poder continuar. Ondereside a solidariedade do futebol profissional para com o futebol “amador” (termo que perdeu uso e que tinha uma dimensão fantástica)?
Libertem os pequenos clubes de amarras que destroem, porque a sua obra é gigantesca, específica e indispensável.
O clube pode estar na base da organização desportiva, mas a sua importância tem de estar no topo em função do trabalho que desenvolvem como escola de cidadania.
Bom ano para todos.
Aníbal Styliano ( Professor, comentador )

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