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BAIÃO CANAL - Jornal

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Rita Diogo | Dia Nacional do/a Psicólogo/a

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Os dias comemorativos fazem-nos refletir, fazem-nos pensar sobre a sua existência. O passado dia 4 de setembro foi o Dia Nacional do/a Psicólogo/a, data em que foi aprovado pela Assembleia da República, em 2018. O objetivo da criação deste dia prendeu-se, essencialmente, com a necessidade de promover o reconhecimento e valorização da profissão e também da saúde mental. Exercer psicologia é aplicar a ciência psicológica com vista à prevenção do sofrimento e à promoção do bem estar emocional. Os/as psicólogos/as podem atuar nas mais variadas áreas, desde a clínica, a saúde até à escolas, à justiça passando pela saúde pública, pelas empresas, organizações ou pelo desporto.

Os/as psicólogos/as estão presentes em vários locais, ainda em pequeno número para as necessidades, exercendo as suas funções lado a lado com as pessoas e com a comunidade. A resposta da psicologia é atualmente mais compreendida pela população em geral. Embora ainda exista resistência e estigma na procura de ajuda e/ou acompanhamento psicológico há já um caminho que foi feito. Quando as pessoas recorrem a um/a psicológo/a têm a oportunidade de se conhecer melhor, comunicar e gerir os seus sentimentos, preocupações e comportamentos e aumentam a sensação de bem estar e de satisfação consigo próprias e com o que as rodeia. O sofrimento psicológico não é tão visível como o sofrimento físico o que contribui para que seja desvalorizado, escondido ou escamoteado. É importante perceber que existe um contínuo entre o normal e o patológico, que não estamos sempre bem nem sempre mal, a principal diferença em cada um dos estados é o nível de sofrimento, a intensidade dos sintomas e a capacidade de os gerir. Ás vezes esperamos que passe, mas não fazemos o mesmo com uma perna partida, pois não? O sofrimento de uma perna partida poderá ser tão incapacitante quanto o stress pós traumático ou a depressão ou a ansiedade e deixar sequelas quando não é tratado. Quando há um mal estar intenso e o indivíduo sente que deixou de dar resposta aos acontecimentos e desafios através dos seus recursos internos, quando se isola, quando se sente ansioso, desamparado e desmotivado, quando deixa de ter interesse em atividades das quais antes retirava prazer, quando se verificam dificuldades ao nível do sono ou do apetite (quer seja a mais ou a menos), cansaço constante, medo, choro persistente, insegurança, etc., e sempre que estes sintomas interferem no seu funcionamento diário de forma significativa, é fundamental receber ajuda. Quando estas situações não configuram adaptação e significam incapacidade deve ser pedida ajuda psicológica. O acompanhamento psicológico pode, então, ser positivo nestes momentos, servindo para reorganizar a experiência e a dar novos significados à mesma.

Para além da ajuda na resolução de problemas de saúde mental, como as fobias, a ansiedade, a depressão, as adições e nas situações de crise, o psicólogo pode também ajudar a pessoa a conhecer-se melhor, promovendo o seu autoconhecimento e a mudar comportamentos menos ajustados, melhorando a visão de si mesmo e ajudar a promover as suas capacidades. É, então, num ambiente seguro, numa relação de confiança que o/a psicólogo/a poderá, em colaboração com quem o/a procura, prestar apoio e ajudar na resolução de problemas, tomada de decisão, ajustamento de comportamentos, pensamentos e sentimentos que causem mal estar. Os/as psicólogos/as também trabalham na, e com a, comunidade e têm contribuído para uma sociedade mais inclusiva e mais equitativa, procurando assegurar direitos humanos fundamentais, a qualidade de vida, a igualdade de oportunidades, a não discriminação e a não exclusão social.

Sou psicóloga há quase 25 anos, a minha escolha profissional foi esta e é nela que me sinto realizada. É com o maior rigor e responsabilidade que exerço a minha profissão. Já trabalhei em várias áreas do exercício da psicologia: estive em escolas, numa CPCJ, nos cuidados de saúde primários, na formação, em IPSS´s em ONG's, na administração local e no ministério da saúde, já exerci em contextos individuais e comunitários. É com lamento que constato que persiste, ao longo dos anos, um investimento público tão reduzido na saúde mental. O reconhecimento da psicologia e da sua intervenção na melhoria do bem estar das pessoas e da comunidade não tem sido, infelizmente, acompanhado pela criação das respostas necessárias. Que o Dia Nacional do/a Psicólogo/a sirva também para que se priorize a saúde mental.

Psicóloga Especialista em Psicologia Clinica e da Saude