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BAIÃO CANAL - Jornal

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NOTA DE IMPRENSA | BAIÃO É O PRIMEIRO MUNICÍPIO PORTUGUÊS CERTIFICADO COMO DESTINO TURÍSTICO SUSTENTÁVEL

Baião é o primeiro concelho português certifica

O Município de Baião foi certificado com o “Galardão Prata” EarthCheck como destino turístico sustentável, uma certificação internacionalmente reconhecida e validada pela organização internacional Global Sustainable Tourism Council(GSTC).

Baião é o concelho “mais verde” do distrito do Portocom 68 por cento do seu território coberto por áreas verdes e floresta e torna-se assim o primeiro município português a obter esta distinção como “Destino Turístico Sustentável”.

 

ANÁLISE E MELHORIA DE INDICADORES

O processo relativo a Baião foi iniciado em 2018 e resulta de um extensotrabalho de recolha e análise de informação referente a três anos, tendo culminado com uma auditoria feita pela entidade internacional “EarthCheck”, uma Organização Não Governamental de referência na área.

Pelo meio, em dezembro de 2019, o município recebeu a medalha de bronze pelo seu processo de benchmarking, num evento que decorreu nos Açores por altura da certificação daquele arquipélago, que se tornou o primeiro arquipélago mundial certificado como Destino Turístico Sustentável.

Esta auditoria mostra a evolução do concelho em vários indicadores ambientais, económicos, culturais e sociais e faz a comparação com outros territórios igualmente certificados. A metodologia detrabalho, permite o alinhamento com aquilo que de melhor se faz a nível mundial, assim como a identificação de boaspráticas ao nível do desenvolvimento sustentável em territórios que desejam desenvolver o seu potencial turístico de forma integrada e equilibrada.

Foram analisados diversosindicadores como os consumos energéticos, incluindo a utilização de energias limpas, os processos de tratamento de resíduos (quantidade de resíduos enviada para aterro e resíduos enviados para reciclagem), o tratamento das águas, as áreas verdes, mas também indicadores associados àsegurança, à economia e à cultura.

 

UM PROCESSO CONTÍNUO

Esta certificação é um processo contínuo, que implica objetivos concretos de melhoria assentes num Plano de Ação a cinco anos que integra um conjunto de obras, ações e projetos transversais e complementares que visam a valorização sustentável de ativos turísticos. O foco da implementação desta certificação centra-se num equilíbrio entre 4 pilares: ambiental, social, cultural e económico, numa abordagem de desenvolvimento integrado no qual todos os ativos e atores do território devem ser mobilizados para um desenvolvimento sustentável.

Todos os anos serão realizadas auditorias que permitirão alcançar patamares de certificação cada vez mais elevados. Pretende-se contribuir para um concelho amigo do ambiente numa filosofia na qual os ativos culturais, ambientais e paisagísticos sejam dinamizadores do tecido económico e social beneficiando toda a comunidade.

 

COMPROMISSO COM A SUSTENTABILIDADE

“Estamos empenhados em fazer de Baião um território de referência como destino turístico sustentável. Queremos ser reconhecidos como uma terra de boas práticas ambientais onde a atividade económica do turismo é encarada como um recurso para o bem-estar das pessoas, em respeito e equilíbrio com as nossas tradições e a natureza.

Não queremos ser certificados apenas por ser, mas sim pela importância deste processo. Sabemos do potencial turístico do concelho. É vital sermos um concelho amigo do ambiente, porque isso significa um maior bem-estar para os baionenses e contribui para posicionar Baião como um destino atrativo para turistas que procuram locais acolhedores, seguros e ambientalmente sustentáveis”, refere o presidente da Câmara Municipal, Paulo Pereira.

“O perfil do turista tem vindo a mudar. Hoje estão mais conscientes das problemáticas ambientais e sensibilizados para a mudança. No futuro, ou o turismo é sustentável ou deixará de existir. É isto que defendemos para Baião: um projeto de desenvolvimento turístico, gerador de riqueza para todos, mas no qual exista uma pegada ecológica responsável e responsabilizadora de todos”, acrescenta Paulo Pereira.

 

O Diretor Executivo (CEO) e fundador da organização EarthCheck Stewart Moore nota que Baião passa a integrar um movimento global de destinos sustentáveis que querem fazer a diferença.

“A EarthCheck pode ajudar a construir a reputação de Baião como um território na linha da frente em termos de sustentabilidade, tanto para os visitantes como para a comunidade local. Gostaria de dar os parabéns à equipa do Município de Baião pelo esforço e dedicação que colocaram em medir indicadores e avaliar a sua prestação e compará-las com as melhores práticas neste domínio.

Vários destinos em todo o Mundo estão a reconhecer a necessidade de abraçar a causa da sustentabilidade. Apenas quando um território compreende totalmente a sua pegada ambiental e social e consegue o envolvimento da sua comunidade local pode tomar decisões informadas sobre como planear e gerir o seu futuro. É importante compreender que não podemos gerir algo que não conseguimos medir”, conclui Stewart Moore.

 

TERRITÓRIOS SUSTENTÁVEIS SÃO CADA VEZ MAIS PROCURADOS

Num contexto internacional em que as alterações climáticas provocadas pela atividade humana irão condicionar exponencialmente a atividade humana e em que o turismo é encarado como uma importante ferramenta de desenvolvimento para as comunidades, importa que territórios com elevado potencial turístico,como o de Baião, adotem medidas e ações concretas e responsabilizadoras que permitam um equilíbrio entre o turismo como fator gerador de receitas, o ambiente e as comunidades.

São cada vez mais os territórios que têm avançado neste processo de certificação um pouco por todo o mundo, apostando num turismo de qualidade capaz de atrair turistas e visitantes exigentes,que buscam experiências autênticas em locais que evidenciem práticas sustentáveis entre o ambiente e as comunidades.

 

ENVOLVIMENTO DA COMUNIDADE     

O contexto pandémico que atravessamos tem dificultado este processo, mas nos próximos anos, deverá registar um novo impulso, de acordo comoplano de ação já existente.

Um dos objetivos do Município de Baião é promover um maior envolvimento de escolas, associações, empresas e da população do concelhonesta causa, e fazer evoluir os seus eventos mais emblemáticos para “eventos verdes” ou “eventos ambientalmente responsáveis” abraçando o lema “Verde é o novo Destino/Green is the new Destination”.

 

Conheça aqui o processo de certificação de Baião como Destino Turístico Sustentável - https://baiaosustentavel.pt/

 

EXEMPLOS DE POLÍTICAS AMBIENTAIS DESENVOLVIDAS PELO MUNICÍPIO DE BAIÃO

– Criação de um serviço gratuito de Recolha de Monstros Domésticos;

– Criação de um serviço gratuito de Recolha de Resíduos de Construção de Demolição;

Aquisição de terrenos florestaisem locais estratégicos e de elevado valor ambiental, ecossistémico e/ou cultural, o que contribuirá para um território mais resiliente e ordenado;

–Elaboração de projetos de engenharia ambiental para a criação de percursos pedonais ao longo dos rios Ovil, Teixeira e Douro e outras linhas de água;

–Substituição do sistema de iluminação pública do concelho por um sistema mais eficiente e com menos emissões de CO2 (tecnologia LED);

– Realização de ações de reflorestação (14 290 árvores plantadas no mandato 2017-2021);

–Promoção de ações de voluntariado juvenil para defesa da floresta e proteção ambiental (projeto “Patrulha Baião”, em parceria com o IPDJ);

Repovoamento dos rios Ovil e Teixeira com a colocação de trutas;

– Criação de uma Rede Municipal de Oleões – conta atualmente com 22 oleões;

– Ampliação da Rede Municipal de Ecopontos – conta atualmente com 118ecopontos (parceria com a RESINORTE);

– Distribuição de 3000 sacos de reciclagem aos cidadãos (parceria com a RESINORTE);

– Gradual renovação da frota automóvel municipal com a aposta em veículos elétricos.

MARIA ODETE SOUTO |Da cultura do individualismo à desumanização da escola e da vida.

Odete Souto

Vivemos tempos muito estranhos. Parece que um mostro nos vai engolindo lentamente sem que consigamos parar para pensar, refletir e agir de uma forma consciente, responsável e sustentada E isto é tanto mais grave quanto temos responsabilidades acrescidas nos nossos papeis sociais.

Sinto-o, todos os dias, na escola. Sou professora, não sou mãe. Mas lido e trabalho com os/as filhos/as dos/as outros/as e tento, todos os dias, criar empatia e pôr-me no lugar do outro. E questiono-me, observo, penso e, claro, ajo. Mas faço-o sempre, de acordo com aminha consciência. E é um esforço medonho. É remar contra a maré.

Nestes tempos estranhos há escolas e práticas para todos os gostos. Desde os que acham que é possível fazer “um ensino misto, online e presencial”, colocando câmara na sala de aula para  que, quem teve que ficar em casa, possa assistir à aula, um verdadeiro “bigbrother”, até aos que, como eu, acha que a aula se constrói com aqueles sujeitos e aquele professor, que o ato de aprender se inscreve na relação, no afeto, na curiosidade, na mediação e orientação, no vínculo que se cria e que não é apenas cognitivo, mas que se inscreve num compromisso relacional, ético, afetivo, emocional… É uma tarefa hercúlea, mas que, para mim, faz sentido.

Claro que vivemos todos em contexto pandémico. São tempos estranhos que já duram há tempo demais. É meu entendimento que o vírus não atacou só a parte física, mas que nos empurrou para uma “verdadeira esquizofrenia coletiva”.

No início foi o possível. E todos desregulamos tudo. Sabemos. E não sei se poderia ter sido de outra forma. Era importante manter contactos, perceber como estavam, agilizar, ajudar… e fez-se de tudo. Misturou-se vida pessoal com vida profissional, facultaram-se contactos pessoais ao cão, ao gato e ao periquito, recebeu-se, respondeu-se e fez-se contactos a qualquer hora do dia ou da noite e a qualquer dia da semana. E ficou. Passou a ser norma.

Pela minha parte, como não embarco de qualquer forma, passado o primeiro impacto, posicionei-me e tentei autorregular-me e resistir.Não faço aulas presenciais e online. Aliás, não acredito na eficácia disto e não ando cá para “entreter meninos”, nem tenho o dom da ubiquidade. Gosto demasiado deles.

Sejamos claros e conscientes. Se os alunos estão em isolamento profilático, de duas uma: ou estão sintomáticos e têm com que se entreter; ou não estão e têm um tédio tremendo. Mesmo assim, têm uma classroom onde têm todos, confinados ou não, materiais e tarefas, se quiserem e puderem aceder. É que nem todos têm a mesma circunstância e, aquilo que estamos a fazer, com estas práticas, é cavar ainda mais o fosso que já existia. Deixemo-los em paz e, entretanto, regressam. O mesmo se aplica aos professores. Recuso-me a fazer tal coisa. Ou bem que estou com uns, ou bem que estou com os outros. E como já atrás referi, se os que estão em casa estão “com sintomas” têm com que se entreter. Respeitem-nos! Desde quando alguém doente, por um período curto de tempo, precisa de escola em casa? Haja senso…

Eu sei, eu sei, que os pais querem o melhor para os filhos e acham que estão a perder aprendizagens. E pressionam. Eu sei que muitos professores e muitos diretores acham que não se podem perder aulas. Eu sei que estamos todos a ser engolidos pelo monstro… Mas é importante parar e refletir.

O maior drama não está nas aprendizagens escolares que não se fazem, mas nas questões morais, de relacionamento e de saúde mental. E vão-se contando os suicídios, as depressões, as agressões, a indiferença… Em nome de todas as Amélie, Rose… e tantos e tantas jovens que têm desistido de viver nas últimas semanas, parem para pensar. Por favor e enquanto é tempo.

E não posso terminar esta minha reflexão sem falar do episódio da morte do fotógrafo René Robert, que tombou, desmaiado, numa rua de Paris e sucumbiu, ao frio, perante a indiferença de todos. Terá sido socorrido nove horas depois e o alerta terá sido dado por um sem-abrigo. Terá morrido de hipotermia. Dá que pensar…

Esta é a verdadeira pandemia que iniciou antes do covid 19 e que se prolongará na era pós covid: a indiferença, a desumanização, a falta de empatia, a competição desenfreada, o individualismo...Triste mundo este! Urge reverter este caminho e não custa dinheiro, não endivida, mas faz-nos todos melhores pessoas.

Com Mia couto, acho que “é preciso remar contra toda essa corrente. É preciso mostrar que vale a pena ser honesto. É preciso criar histórias em que o vencedor não é o mais poderoso. Histórias em que quem foi escolhido não foi o mais arrogante mas o mais tolerante, aquele que mais escuta os outros.»

É preciso construir pontes. É preciso voltar às coisas simples e humanizar. E isto faz-se com tempo e disponibilidade, com diálogo igualitário, com reflexão e partilha.

 

Maria Odete Souto