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BAIÃO CANAL - Jornal

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MARIA ODETE SOUTO | MAIO

Odete Souto

“Maio, maduro maio,

Quem te pintou?
Quem te quebrou o encanto
Nunca te amou.”
José Afonso

Estamos em maio, um mês que começa com a celebração do dia do trabalhador. Um feriado
nacional, de que muito poucas pessoas conhecem a dimensão da conquista e da luta e, por isso, acham que é mais um feriado. Mas não é. E hoje, mais do que nunca neste virar de
milénio, é cada vez mais premente lutar pelo direito ao trabalho, pela regulamentação deste e pelos direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras.
Mas maio é também o mês de Maria, de grande importância para os crentes. E é o mês do
coração. Claro que quando falamos do mês do coração é de um órgão vital que estamos a falar e é de saúde física. Mas também de saúde mental e emocional. Uma não existe sem a outra. E por isso, maio é, sobretudo, o mês do amor. Assim, como se fosse necessário e possível um mês para amar.
Revisitando o poema sublime de José Afonso “(…) sempre depois da sesta / chamando as
flores / era o dia da festa / maio de amores.” E não era por acaso. Tinha terminado a
quaresma, tempo de recato. Os dias crescem, há mais luz, mais calor e mais energia.
E hoje como antes, maio é o mês das flores, dos montes e campos floridos, das temperaturas amenas, das energias que brotam na natureza e nos corpos. O mês dos acasalamentos. O mês das lutas.
Foi em maio que, em Paris, emergiu o movimento estudantil que ficou conhecido por “Maio de 68” e que teve forte impacto na sociedade e na política de então. E trouxe para a ordem do dia valores humanistas. E foi um maio de esperança.
Estamos em maio. Vivemos ainda em contexto de pandemia e em crise sanitária. Mas vivemos também uma crise de valores, de desesperança, de descrédito nos políticos e nas instituições, acompanhado por um vazio ideológico. Ao mesmo tempo avolumam-se os problemas sociais.
Chegam-nos notícias da fome, da guerra, dos refugiados, dos radicalismos, dos problemas
ambientais, do desemprego. São tempos estranhos que implicam reinvenção, implicam sonho e implicam luta.
E temos jovens, muitos jovens escolarizados e sem futuro. Aqueles a quem tudo deram, tudo
prometeram e se encontram sem chão, perdidos.
Que mundo lhes deixamos? Que armas lhes demos? Que valores lhes transmitimos?
Tenho para mim que falhamos em muitas coisas. Mas demos-lhes conhecimento e este é arma mais poderosa e a única forma de poder. Neles e nelas se deposita a esperança de construção de um mundo novo.
Que maio se cumpra e que cantemos, com Zeca Afonso “… venham ver maio nasceu /que a
voz não te esmoreça /a turba rompeu.

Maria Odete Souto

Respeitar o futebol | Aníbal Styliano

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Os tempos são sempre complexos e as dificuldades aguçam o engenho. Era assim, mas ventos de mudança trazem novos desafios cada vez mais complexos.

O Presidente da Liga de Futebol, Pedro Proença, alertou para os riscos do jogo do título que o Sporting venceu. Sugeriu medidas adequadas (adeptos no estádio com distanciamento adequado e uso de máscara) em oposição aos festejos sem controlo na via pública. O Secretário de Estado da Juventude e Desporto voltou a revelar total desconhecimento do universo do futebol e disse, nada dizendo, esperando não sabe o quê… Quem tem de assumir as culpas e desaparece em silêncio, acaba por ser cúmplice por incompetência. Deveria ser demitido, juntamente com outros governantes que insultam nas redes sociais programas de televisão que “destapam a careca” e ministros que afirmam algo e com o tempo o seu contrário. Lisboa é realmente outro mundo, por isso, repito, deveria ser um microestado autónomo e Portugal recuperava a sua independência com grandes oportunidades para um desenvolvimento integrado, sem o despesismo da capital e dos sucessivos governos que acabam por ser trampolins para outros voos posteriores.

No final do jogo Sporting-Boavista, aconteceu na via pública o que se temia, segundo a comunicação social: violência, destruição, a PSP teve de disparar balas de borracha, para tentar impedir arremessos de garrafas de vidro, de tochas, petardos e fogo-de-artifício para o outro lado do gradeamento, onde estavam a polícia, os bombeiros e os jornalistas. Ilegalidades que deveriam merecer antecipação musculada. Os celebrantes não cumpriram distanciamento social nem muitos tinham a máscara obrigatória. Alguns adeptos chegaram mesmo a sofrer ferimentos, tendo recebido prontamente assistência dos bombeiros, enquanto a multidão colocada nessa zona fugia à intervenção policial. O que vai fazer o governo? Certamente não tem certezas e apenas muitas dúvidas, como tem sido usual desde o início...

O futebol pode ser uma via de aprendizagem única. Vejamos: o “mister”, durante os treinos, com conhecimento dos adversários, define uma estratégia, uma dinâmica e uma organização coletiva com a qual pretende surpreender o adversário. Para além disso, em todos os momentos, procura aperfeiçoar qualidades e reduzir defeitos, envolvendo todos numa missão única: tentar vencer. Há quem tenha melhores jogadores e mesmo assim não consegue superar uma equipa, com jogadores de menor valia, mas com uma identidade reforçada em que todos são um só. Por outro lado, sem a proximidade televisiva, reduzem-se as simulações para mais tarde ver nas repetições em vários canais. Fica a impressão de que só existe um campeonato e pouco mais.  Mas assim não é. São muitos milhares de jogadores e muitas centenas de equipas que todas as semanas se entregam ao serviço público voluntário de cumprir as estratégias e a tentar superação constante: não há lugar para desistentes. O movimento associativo (desportivo, social, etc.) é um suporte essencial da democracia que deveria ter maior importância e melhores apoios. Os excessos de festejos dos adeptos são praga relativamente recente e fica a ideia de que, em alguns casos como recentemente em Alvalade e nas ruas de Lisboa, os adeptos se tornaram o centro e a equipaum simples conjunto de funcionários ao serviço da massa associativa. Convido quem anda mais afastado, para verem um jogo dos distritais ou do Campeonato de Portugal. E aqueles jogos que nos encantavam em miúdos, alguns também com zaragatas que a GNR e a PSP resolviam de imediato, e a maior parte das vezes terminando nuns festejos dos bares muito simples, dos campos de futebol onde o pelado exigia competência com o controlo da bola. Com o tempo veio a certificação dos clubes, várias iniciativas promocionais (em inglês, claro) sem grande utilidade para além da valorização da imagem de protagonistas que não calçam chuteiras, as regras das grandes ligas internacionais, os padrões que as televisões revelam e num momento tudo se transforma: o adepto esquece onde está e passa a viver num mundo virtual onde se julga o protagonista essencial. Há até quem discuta com o televisor como se fosse ouvido do lado de lá (possível talvez daqui a uns anos). É esta alteração coletiva do paradigma que tornou o futebol-jogo-arte-talento num espetáculo-negócio-indústria que visa o destaque social, os grandes investimentos sem cobertura garantida, assim como uns dribles com a colocação de milhões nos espaços menos acessíveis e só com desmarcações sem vestígios. Antes de ser profissional e com idade de júnior, joguei nos seniores do Sport Progresso e, aqueles enormes jogadores que admirávamos ao longe, passaram a ser amigos, conselheiros e nos ensinaram para sempre como se respeita o futebol. Para além deles que ficaram amigos para sempre, conheci dirigentes com mais de 50 anos ao serviço do clube, de forma benévola, inventando sorteios de bolas, festas, angariações de fundos, que me davam a sensação de estar em família. Por isso, na hora da partida para outros horizontes, cada um à sua medida, deixava a prenda significativa que poderia oferecer. As rivalidades entre clubes acabaram por aumentar o número de amigos que ainda permanecem. No fundo, é tudo uma questão de respeito e humildade. Isso aprende-se em miúdo, sempre com uma bola debaixo do braço e um clube que aceita todos e não exclui nunca. Muitas vezes, adultos com pouca escolaridade mas com uma vasta experiência de coerência e sabedoria nos ajudavam a ficar mais fortes e a decidir com coragem e certeza. Mas aquelas primeiras chuteiras, calçadas com muitos pares de meias para encher o espaço e não se soltarem pelo ar, nunca serão esquecidas assim como a bola que só com muita coragem se conseguia cabecear. Uma palavra final para muitos árbitros que, nos intervalos, nos colocavam perguntas sobre as leis de jogo, para tentarmos acertar na resposta e ficar a saber algo mais.

 

Aníbal Styliano (Professor e comentador)

 

DUAS DE LETRA | Lourdes dos Anjos | MÃES VIÚVAS DOS SEUS MENINOS

Lourdes dos Anjos

 

Hoje, dei comigo a pensar que, quando nos morrem os pais, ficámos orfãos; se morre o companheiro, ficámos viúvas mas, se nos falta um FILHO...a vida não segue o seu rumo natural e por isso não há nome que se encaixe na situação.
E amanhã posso ser eu...
Hoje queixei-me das minhas dores de envelhecimento, dos meus pés que não gostam da porra dos cubinhos de granito mal acabados com que fazem agora os passeios , dos joelhos tão "sem jeito" das minhas mãos que vão perdendo as forças e do meu medo de perder o tino...
Hoje,depois de ouvir o meu muro das lamentações, o meu neto mais velho, bem maior do que eu, baixou-se e , silenciosamente, deu-me um abraço tão apertadinho e...achei-o tão lindo, e então reparei nos seus olhos tão doces com duas lágrimas e pensei: amo tanto este gajo este filho da mãe e... do meu filho e... nunca lhe falo disso...
Hoje fiquei a pensar ...e se ... e se me tocasse a mim a desgraça , a tal desgraça sem nome que faz tantas mães viúvas de seus meninos!?
Hoje, depois das lamentações todas, fiquei a pensar...
E a nossa juventude que antes de abril ia...partia no Vera Cruz sem lamentos nem perguntas e alguns, muitos... regressavam em caixas de pinho sem nomes nem amanhã!...
Quantas mães ficaram viúvas dos seus filhos!?
Outros tempos mas eternas MÃES. Ontem como hoje MÃES VIÚVAS DOS SEUS MENINOS
E depois pensei numa amiga com 91 anos que, diáriamente, toma o café comigo a meio da manhã, que perdeu um dos seus filhos e mantém o seu sorriso porque acredita que o seu amor está em paz e a espera com um sorriso....
Hoje, hoje... pouco mais consigo dizer e por aqui me fico...com o rosto do filho do meu filho desenhado na minha alma , dois gajos que amo tanto ... e raramente lhes falo nisso
Hoje, mando um abraço para as mães viúvas dos seus filhos.
Hoje, lembro apenas que acredito que a vida continua sem missas nem rezas sem velinhas nem retratos coloridos no cemitério mas com uma saudade imensa escondida na alma e um desejo de reencontro para acariciar os cabelos brancos dos nossos filhos e depois limpar as lágrimas deles mais as dos filhos deles mais as nossas numa promessa de amor incondicional e eterno .
Hoje, ainda não disse ao meu filho o tamanho do meu amor... mas acho que ele sabe!
Hoje interrogo-me :
que contas terão para fazer alguns seres humanos/animais ferozes que torturam , escravizam e matam os seus filhos?
PORQUÊ SE O AMOR ENTRE ELES DEVIA SER ENORME PURO E INCONDICIONAL?
Hoje ou amanhã talvez seja muito difícil encontrar alguém que me possa dar respostas e as minhas perguntas ficarão comigo.
Hoje deixem que vos deixe com um poema :
 
UM FILHO É UM TESOURO-lourdes dos anjos Um filho é um eterno tesouro.
Um diamante,ou um coração de ouro.
É um pedaço da nossa alma
Jóia rara que nos inquieta e envaidece
Sol que nos queima, ilumina e aquece
É um ser mais que perfeito e muito diferente
de todos os seres e dos filhos de outra gente.
Um filho é o nosso tesouro.
Um cofre de sonhos e emoções
É a alegria de tudo dar e nada pedir
É nunca mais lembrar as lágrimas de parir
É o medo de ter medo de o ver sofrer
É ser, eternamente,MÃE sem tempo pra morrer
É tê-lo, pequenino, no nosso peito
e vê-lo crescer sem tom nem jeito
É dizer-lhe :-VAI, AGORA A VIDA É TUA
E querer que o mundo seja só a nossa rua
Mas um filho nosso, é um tesouro
Diamante que queremos,habilmente lapidar,
Coração ,à solta, no peito, a cavalgar
É a arma com que fazemos paz ou guerra
É construir,só para ele, um céu, na terra
É o gosto doce da vitória que nos acalma
e o perfume suave que nos enche a alma
É um ser diferente, tão diferente,
que não queremos partilhá-lo com outra gente.
Será, ao anoitecer,a voz que queremos ouvir
Para nos falar de amor, na hora de partir.

Lourdes Dos Anjos (Professora /Escritora)
 

Natércia Teixeira | O Voo do Pombo

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O Voo do Pombo

“…. Salvou-me aquela parede…granito polido, de um cinzento irisado, em que me apoiei.

Desacostumei-me rápido de ajuntamentos de povo barulhento e buliçoso, provavelmente porque em boa verdade nunca os apreciei e a euforia daquele corrupio de gente que desfilava na rua em frente, causava-me vertigens.

A parede em que me encostei, ajudou-me a ultrapassar a sensação de estar a resvalar à deriva, para lugar nenhum…salvou-me também de ser engolida por uma amálgama viva que menauseava…proporcionou-me momentaneamente algum enraizamento a um chão que parecia escapar-me debaixo dos pés.

Era chegada a hora de partir definitivamente daquele mundo…um sonho realizado que veio com uma fatura acima das minhas possibilidades, que hipotecava um valor reconhecido e criado a duras penas.

Um mundo que me tinha feito perder o sono…não desistir dele seria uma roleta russa onde não aposto, que a Vida não fosse a próxima fatura a chegar sorrateiramente à caixa de correio.

- Laura Antunes, Dra. -

Lembro-me ainda do sorriso de satisfação com que nos primeiros tempos admirava o meu nome desenhado naqueles caracteres estilizados.

Tenho presente os últimos em que olhava o próprio nome como se não me pertencesse.

É assim que morrem os sonhos.

São assim os epílogos de alguns propósitos.

Dificilmente alguma coisa sobrevive à ausência de respostas, raramente não se sucumbe ao caos das indefinições.

No dia em que as perguntas se tornam inúteis perdemo-nos de nós mesmos.

Nesse dia não haverá lágrimas suficientes que lavem a alma, nem encontraremos justificação em sentimento algum para a vergonha que todos os espelhos nos devolvem.

O contacto com a pedra fria, confortava-me…provavelmente porque as emoções que me visitavam eram incomparavelmente mais geladas.

Os pensamentos corriam velozes em contraste com a inércia que me acorrentava ao chão.

Um bater de asas despertou-me daquele torpor…um pombo pousara uns passos adiante de mim, saltitava à minha frente numa dança acompanhada de uns arrulhos melodiosos e com o bico fazia uma inspeção criteriosa ao pavimento em busca de uma qualquer migalha.

Detive-me a admirar aquela labuta e os matizes que pintavam as sedosas penas daquele animal…olhava-o e reconhecia-me nele nos últimos tempos… também eu, saltitante, esplendorosa, a entoar cantos de sereia e à cata de migalhas.

O pombo percebeu o interesse com que o observava e parou a escassos centímetros, também a observar-me, numa atenção curiosa que o fez comicamente, inclinar a cabeça numa interrogação muda quanto ao motivo da minha presença ali.

Uns segundos decorridos, sacudiu-se energicamente, disparou em minha direção e já em voo, passou tão perto que senti a deslocação de ar à sua passagem.

Pairou uns metros acima de mim, arrolhou ruidosamente erumou a horizontes que não me pertencem.

Segui a ave com o olhar, enquanto me foi possível.

Invejei-lhe a liberdade e o arrojo.

Um sussurro, como um sopro, sobrepôs-se a este pensamento…o que chamam de voz da consciência ou voz de Deus, impeliu-me a desencostar da parede e a mover-me em direção à saída daquele átrio.

Respirei fundo e sem olhar para trás nem me deter…misturei-me em contramão na multidão borbulhante que já não me podia queimar.

O meu pensamento pairava agora muito acima dali… ganhara asas e partia em busca de outros horizontes, omeu coração ansiava por novos propósitos.

In  Grãos de Pimenta Rosa

Natércia Teixeira

Professores acusam Governo de degradar profissão "envelhecida e que também adoece"

PROFESSORES

 

A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) responsabilizou hoje o Governo pela greve de docentes que decorre a nível nacional devido ao “bloqueio negocial” que “cada vez mais degrada” as condições de uma profissão “envelhecida e que também adoece”.

“Esta greve foi marcada depois de terem sido esgotadas todas as outras vias para quebrar o bloqueio negocial. Não há reuniões com o ministro da Educação [Tiago Brandão Rodrigues] desde janeiro. Depois disso apareceu um vírus e acentuaram-se os problemas. A lei diz que as questões de segurança e saúde sanitária são de negociação obrigatória com os sindicatos”, disse Manuela Mendonça, representante da Fenprof e coordenadora do Sindicato de Professores do Norte (SPN), à porta da Escola Secundária Clara de Resende, no Porto, onde ao longo das primeiras horas da manhã encarregados de educação foram deixando os filhos num cenário de aparente normalidade.

Cerca das 09:00, Manuela Mendonça considerou ser “cedo” para fazer balanços de uma greve nacional de educadores de infância e de professores do ensino básico e secundário, cujo pré-aviso foi divulgado a 27 de novembro.

“Esperamos uma boa adesão. Embora variável de escola para escola (…). Sabemos que a greve se realiza em contextos difíceis (…). A Fenprof dirigiu-se ao primeiro-ministro várias vezes, inclusive quando foi entregar o pré-aviso de greve e avisou que a greve só se faria se o Governo quisesse. Faltavam 15 dias para a greve e estávamos disponíveis para reunir em qualquer dia”, disse a dirigente sindical.

Manuela Mendonça admitiu que o momento, quer devido à pandemia da covid-19, quer por estar próximo do final do período e da aviação dos alunos, “é muito complexo” e contou saber que “alguns colegas que por força dos feriados e das pontes ficaram com muitos poucos dias letivos e não vão fazer a greve embora se revejam nos motivos” e frisou o porquê da paralisação.

“Não podíamos deixar de tomar uma posição para protestar pelo bloqueio negocial e exigir respeito pelos professores que também estão na linha da frente [do combate à pandemia] a dar o melhor de si aos seus alunos. Estão a permitir, em condições sanitárias insuficientes, que os pais e encarregados de educação estejam a trabalhar a bem da economia do país. Em segundo lugar exigimos respeito pelos sindicatos e pelas leia da República. Nenhum Governo está acima da lei e tem de negociar”, referiu a coordenadora do SPN.

Os professores e educadores exigem “diálogo, negociação e resolução dos problemas que afetam os docentes, mas também as escolas e os alunos”, acrescentou a dirigente sindical, apontando que esses “problemas já existiam antes, mas a pandemia tem vindo a agravá-los”.

“A falta de professores está hoje a deixar sem aulas milhares de alunos. É consequência da degradação progressiva das condições da profissão docente que afasta os jovens da profissão e que provoca níveis de desgaste e de exaustão aos professores que estão no ativo. A profissão envelhece e adoece. Há muitos professores de baixa médica”, disse Manuela Mendonça, questionando a “falta de diálogo” de Tiago Brandão Rodrigues.

“O ministro da Educação não está disponível para discutir soluções. Se o senhor ministro não está preocupado com a falta de professores, está preocupado com o quê?”, sublinhou.

Manuela Mendonça alertou que “ao contrário de outros países” a situação de Portugal “ainda não é tão crítica”, porque “há professores qualificados no país”, mas “não há professores qualificados nas escolas”.

“A carreira não atrai novos profissionais e a renovação não se faz. Se não forem tomadas medidas urgentes que revertam esta situação, a médio prazo a falta de professores qualificados em Portugal pode vir a ser o mais grave problema do nosso sistema educativo. É preciso criar condições para que regressem. E criar condições é dar-lhes estabilidade, abrir vagas nos quadros das escolas, valorizar a carreira e os salários e retirar burocracia das tarefas docentes”, concluiu.
Fonte: LUSA
JOÃO RELVAS/LUSA

DESPORTO |SPORTING É CAMPEÃO NACIONAL

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Ninguém conseguiu conter as lágrimas após o apito final em Alvalade

Com a vitória frente ao Boavista, o Sporting sagrou-se campeão nacional pela 19.ª vez na sua história.

Depois de 19 anos de espera, o Sporting volta a conquistar a Liga Nos, ao derrotar os axadrezados do Boavista por 1-0.Um triunfo que colocou o clube a oito pontos do segundo classificado, FC Porto, e permitiu que festejasse o título de campeão nacional mais cedo.

Com duas jornadas ainda por disputar, oSporting venceu a competição com 82 pontos na tabela classificativa, mas ainda pode chegar aos 88 pontos na 34.ª jornada. Em 32 jogos realizados, os leões venceram 25 jogos, empataram sete e não somaram qualquer derrota, tornando-se a primeira equipa da história do futebol nacional sem registar qualquer desaire em 32 duelos disputados dentro das quatro linhas.

Com este feito, o clube liderado por Frederico Varandas festeja o 19º título de campeão nacional e, além disso, garantiu um lugar na tão desejada Liga dos Campeões, onde não participa desde a temporada 2017/2018.

Baião | Detido em flagrante por tráfico de mais de 250 doses de estupefacientes

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O Comando Territorial do Porto, através do Núcleo de Investigação Criminal (NIC) de Amarante, no dia 7 de maio, deteve em flagrante um homem de 47 anos por tráfico de estupefacientes, no concelho de Baião.
No seguimento de diversas denúncias relacionadas com a venda de produtos estupefacientes naquele concelho, os militares da Guarda realizaram diligências policiais que culminaram na abordagem do suspeito e na apreensão de 62 doses de cocaína. No decorrer da ação, foi realizada posteriormente uma busca domiciliária, onde, para além da droga anteriormente mencionada, foi possível apreender o seguinte material:
• 197 doses de haxixe;
• Oito doses de canábis;
• 200 euros em numerário.
O suspeito foi detido e presente a primeiro interrogatório judicial no Tribunal de Instrução Criminal de Penafiel, onde lhe foi aplicada a medida de coação de apresentações diárias no posto policial da sua área de residência.
Fonte: GNR

 

 

Condenação a nove e sete anos a inspetores do SEF pela morte do cidadão Ucraniano Ihor

SEF

 

Os três inspetores do SEF acusados do homicídio do ucraniano Ihor Homeniuk, em março de 2020, foram hoje condenados a nove e sete anos de prisão, pelo crime de ofensa à integridade física grave qualificada, agravada pela morte.

Duarte Laja e Luís Silva  nove anos, Bruno Sousa por sua vez teve uma pena de prisão de sete anos. Não foi dado como provado o homicidio qualificado

Entrega de armas nos Postos da GNR

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Entrega de armas nos Postos da GNR
Se tem armas de fogo não manifestadas ou registadas, regularize a situação em qualquer Posto da GNR.
Nos termos da Lei 5/2021, de 19 de fevereiro, decorre, até dia 23 de junho, o período de entrega voluntária de armas detidas fora das condições legais, sem consequência para os seus detentores.

Bebé morre por ter sido deixado esquecido no interior de uma viatura durante todo o dia

Segundo a referência feita pela polícia, a criança terá ficado esquecida durante todo do dia de ontem no interior de um automóvel. Quando a família se apercebeu, já ao final da tarde, ainda levaram a criança para o Hospital de Santa Maria (Lisboa), mas esta acabou por falecer.

A PSP confirmou à agência Lusa que a morte da criança de dois anos terá ocorrido na sequência de um alegado acidente, estando a Polícia Judiciária a investigar as circunstâncias da ocorrência.

Foto: Imagem ilustrativa relativa à segurança das crianças nas viaturas, retirada de graphene car seat)

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Segurança Infantil


Sabia que os acidentes são a maior causa de morte de crianças e jovens em Portugal?

Com crianças, todos os olhos são poucos.
A sua casa pode ser o sítio onde se sente mais seguro e confortável mas, para bebés e crianças, há perigos à espreita. O mesmo se passa em cada viagem de carro. Será que a cadeirinha do seu bebé está bem colocada? E na água, sabia que bastam 2,5 cm para uma criança se afogar?


SEGURANÇA NA ÁGUA

SEGURANÇA RODOVIÁRIA 

SEGURANÇA EM CASA

SEGURANÇA NA ESCOLA 

SEGURANÇA NOS ESPAÇOS DE RECREIO, DESPORTIVOS E LAZER

Para um crescimento saudável é necessário vivenciar, experimentar, criar em liberdade e de forma espontânea. 

É importante brincar ao ar livre, na natureza, andar a pé, de bicicleta, com o mínimo de restrições possível. Para isso é fundamental que os espaços e os ambientes sejam estimulantes e cheios de oportunidades, mas onde os riscos sejam saudáveis e possíveis de gerir!

Segurança não é estar fechado numa “redoma”, é garantir que todas as crianças crescem e brincam livremente, de forma segura e autónoma.

É nisso que a APSI acredita. É por isso que a APSI promove, desde 2017, o Dia Nacional da Segurança Infantil (23 de maio).

O evento pressupõe o envolvimento das crianças em diversas atividades que promovam a segurança infantil, o andar a pé ou de bicicleta, a atividade física, brincar ao ar livre, entre outros.

 

Foto: Hospital de Santa Maria, Lisboa

Paulo Esperança | O EMBUSTE EM ESCADA

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Há anos valentes, durante um dos seus passeios higiénicos, um amigo do Presidente da Junta deu-se conta que nos arrabaldes das explorações agrícolas havia seres humanos amontoados em coisas parecida com casas.

Quase à noite, na tasca local falou ao Presidente da Junta do que vira.

O Presidente da Junta disse-lhe que a situação já lhe tinha chegado aos ouvidos (não costumava ir passear para aquelas zonas) e que ia transmitir à Câmara Municipal …quando tivesse tempo.

O Presidente da Câmara Municipal recebeu a notificação do Presidente da Junta e quando teve tempo remeteu-a, com o respectivo despacho, para o vereador da Protecção Civil e da Segurança Social.

Estes…quando tiveram tempo… falaram ao telefone com alguns empresários do sector agrícola da região, leram uns jornais e reportaram as conclusões em relatório formal.

O Presidente da Câmara…quando teve tempo … perante esses relatórios e cumprindo as normas do poder hierárquico enviou-os para o Secretário de Estado da Administração Interna e da Segurança Social.

Quando tiveram tempo ambos analisaram esses relatórios remetendo-os aos Ministros da tutela devido à sensibilidade do assunto.

Os Ministros, quando tiveram tempo, pediram aos seus assessores para produzirem um parecer jurídico o que aconteceu quando os assessores… tiveram tempo.

Recebidos os pareceres, os Ministros, quando tiveram tempo, mandaram enviá-los para o SEF, GNR, ARS da região, Centro de Segurança Social, Protecção Civil e claro, à autarquia local.

Entretanto, a cultura intensiva devastadora de solos e água na região, o fechar de olhos ao tráfico de seres humano e à sua miserável exploração, as suas condições insalubres de “habitação” continuaram olimpicamente à espera de mais relatórios …quando houvesse tempo.

Mas o Covid é traiçoeiro e pregou uma finta ao tempo.

Casos e casos que, mais uma vez, atacaram uma população sofrida e desprezada.

Finalmente houve tempo! Polícia, Câmara Municipal, Junta de Freguesia, Protecção Civil, Administração Interna, GNR, DGS, Segurança Social, Governo, Assembleia da República, etc, puseram-se em campo e exclamaram “aqui- d´el-rei”!

Vai daí toca de atirar culpas de uns para os outros. No final, como dizia José Mário Branco no seu “FMI”, “a culpa é de todos, não é? Afinal a culpa é de todos e não é de ninguém, não é filho?”

Vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar canta Francisco Fanhais num belíssimo poema – “Cantata da Paz” – de Sophia de Mello Breyner Andresen. Aqui ninguém viu, ninguém ouviu, ninguém leu.

É a democracia representativa a funcionar, dizem-nos.

Até pode ser, mas os resultados, neste caso, mostram que quem diz que representa, de facto, não teve tempo para representar quem anda nos labirintos obscuros da vida.

Experimentem a democracia directa. Vão ver que a cambada de facínoras que escraviza estes seres humano deixaria de se considerar impune e talvez não tivéssemos vergonha do que estamos a fazer a cidadãos que andam sistematicamente à procura de serem um pouco menos infelizes.

Porto, 6 de Maio de 2021

Paulo Esperança

 

POLÍTICA | PSD Baião: Roteiro de visitas aos Agrupamentos de Escolas de Baião

cc052528-f41a-412a-a210-07ba47566918.jfifEm nota de imprensa enviada ao Baião Canal, o PSD Baião refere que, no dia 5 de maio, Paulo Portela, candidato pela coligação “Com Determinação por Baião” à Câmara municipal de Baião, deslocou-se aos Agrupamentos de Escolas de Vale de Ovil e do Sudeste de Baião onde foi recebido pelos Diretores Carlos Alberto Carvalho e Manuela Miranda.

A visita teve como objetivos a apresentação da sua candidatura e ouvir dos responsáveis sugestões de melhoria para a educação em Baião.

Paulo Portela foi membro do Conselho Geral durante 9 anos, sendo considerado pelo Diretor do Agrupamentos de Escolas de Vale de Ovil “um dos melhores elementos que a escola teve”.

Os Diretores consideraram importante esta visita para que Paulo Portela possa tomar conhecimento da realidade e construir um programa baseado naquilo que é a realidade.

Paulo Portela reafirmou que a educação é uma das suas prioridades e quer ouvir para depois decidir, o que faz parte da sua forma de estar na política.

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Por Ana Raquel Azevedo

Presidente do PSD Baião

COVID-19 | Mais 5 mortes e 373 novas infeções. Com tendência para aumentar!

Os dados do boletim desta quinta-feira.Cuide de si, dos seus e dos outros!

Entre os novos 373 casos, 181 foram registados na região Norte, 106 na de Lisboa e Vale do Tejo, 32 no Centro, 12 no Algarve e 10 no Alentejo. Há ainda mais 16 casos, tanto na Madeira como nos Açores.

Quanto às mortes, três foram registadas na região de Lisboa e Vale do Tejo e as outras duas na região Norte.

A incidência da Covid-19 em território nacional é agora de 61,3 casos por 100 mil habitantes, com um risco de transmissibilidade R(t) atual de 0,95.

De acordo com o boletim epidemiológico apresentado pela DGS, nas últimas 24 horas há registo de mais 538 recuperados. Estão internados 283 doentes, dos quais 77 em unidades de cuidados intensivos.

Portugal tem atualmente 22 535 casos ativos.

A Comissão Europeia prepara debate com vista à suspensão de patentes das vacinas para a covid-19. O presidente norte-americano, Joe Biden, já fez saber que apoia a suspensão das patentes. O Presidente francês também se mostrou favorável à abertura das patentes.

Relatório de Situação nº 430 | 06/05/2021

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Relatório de Situação nº 430 | 06/05/2021

 
 

Baião: Minipreço foi assaltado durante a madrugada

Mini preço

Baião, 06/05/2021

Segundo apuramos junto de uma das colaboradoras, o assalto terá ocorrido entre as três e a cinco horas da madrugada. Os assaltantes partiram o vidro da porta, mas não provocaram outros estragos, não tendo, ainda, sido referido o que terão furtado. 

Devido à ocorrência, a loja esteve encerrada durante a manhã de hoje, tendo reaberto da parte da tarde.

A GNR tomou conta da ocorrência e a Polícia Judiciária já está a acompanhar o caso, sendo que, segundo apuramos, têm vindo a ocorrer outros assaltos em outras lojas, designadamente do setor alimentar. Alguns dos nossos leitores referiram que também terá sido assaltada a loja do minipreço do Marco de Canaveses. 
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Rede de Emergência Alimentar ajuda 79 mil pessoas, incluindo dentistas e empresários

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Lisboa, 21 mar 2021 (Lusa) – Dentistas, empresários e treinadores estão entre as mais de 79 mil pessoas afetadas pela pandemia que encontraram na “Rede de Emergência Alimentar” ajuda para comer, mas também para pagar despesas, como a conta da luz ou renda da casa.

A informação foi avançada à Lusa pela presidente do Banco Alimentar Contra a Fome (BACF), Isabel Jonet, que lançou a iniciativa há exatamente um ano, durante o primeiro estado de emergência.

Quem agora recorre à rede de emergência tem, na maior parte das vezes, histórias bem diferentes das de quem há muito conta com o auxílio dos bancos alimentares.  

“São sobretudo pessoas que nunca recebiam ajuda, que tinham a sua vida organizada. Tinham até dois empregos e perderam um deles ou mesmo os dois”, disse a presidente do BACF. 

À Rede de Emergência Alimentar chegam relatos de quem pediu um empréstimo para iniciar um negócio próprio que não chegou a abrir por causa do confinamento ou de quem teve de fechar pouco depois da inauguração.  

Às histórias dos empresários, juntam-se os dramas dos seus empregados que também ficaram sem trabalho.  

“Estamos a falar, por exemplo, de pessoas ligadas ao setor da estética, da restauração, da cultura, dos ginásios, os ‘personal-trainers’, os higienistas e os dentistas”, deu como exemplo Isabel Jonet.   

A presidente do Banco Alimentar lembrou ainda todos os que trabalham em feiras: “Muitas pessoas que por vezes esquecemos, que fazem romarias no verão e que deitam fogo de artifício, os que vendem farturas ou cachorros. Estas pessoas estão desde março do ano passado sem poder trabalhar, sem ter rendimentos”.  

Em apenas um ano, os serviços dos centros de emprego registaram um aumento de mais 100 mil pessoas que tinham perdido os seus rendimentos.   

Os últimos números do Instituto de Emprego e Formação Profissional apontavam para mais de 400 mil desempregados em Portugal. Mas existem muitos casos que não chegam ao conhecimento dos serviços dos centros de emprego.

“Nós não podemos deixar que estas pessoas percam a esperança e desistam, porque isso seria dramático”, sublinhou Isabel Jonet.  

Por isso, quando a pandemia obrigou o país a abrandar, a presidente do Banco Alimentar sabia que “a ajuda não podia parar”, até porque os pedidos de auxílio “estavam a aumentar”.  

A 19 de março do ano passado lançou a Rede de Emergência Alimentar, uma plataforma online onde é possível pedir auxílio sem sair de casa.

“Os formulários online permitem resguardar o anonimato e dar uma resposta a quem, não estando habituado a lidar com a pobreza, tinha vergonha ou sentia algum desconforto em mostrar que estava a pedir ajuda”, acrescentou Isabel Jonet. 

Este novo projeto não se limita a dar apoio alimentar. Há um atendimento social que faz um retrato da família e permite perceber se, por exemplo, falta “um computador para a criança seguir as aulas online e não perder o ano”.    

A Rede de Emergência também ajuda a pagar a renda da casa, a conta da água ou da luz. A ideia é apoiar no momento certo para que possam “dar outra vez a volta à sua vida”. 

Mas também o Banco Alimentar se defrontou com problemas complicados quando começou o confinamento.

A descoberta dos primeiros casos de infetados em Portugal levou o país a fechar-se dentro de portas, num movimento nacional ao qual as instituições não escaparam.   

No Banco Alimentar Contra a Fome, os voluntários mais velhos foram aconselhados a ficar em casa por precaução e foram suspensas as duas campanhas anuais de angariação de alimentos, que punham nas ruas de todo o país mais de 42 mil voluntários.  

As instituições que trabalham com os bancos alimentares, desde associações de bairro a igrejas, também foram obrigadas a fechar as portas. 

Mas a ajuda nunca falhou, garantiu Isabel Jonet. 

Os alimentos continuaram a chegar ao armazém através de donativos de muitas empresas e da “generosidade de escuteiros, escolas e empresas” que lançaram as suas próprias campanhas. 

Os trabalhadores mais velhos dos bancos alimentares – “muitos com mais de 80 anos” - foram temporariamente substituídos por colaboradores mais jovens. Isabel Jonet recorda a ajuda dos estudantes que estavam fartos de estar fechados em casa e dos professores temporariamente sem trabalho, contou à Lusa. 

As pessoas, em nome individual, e o conjunto de organizações que estão no terreno a trabalhar para a Rede de Emergência Alimentar “foram a almofada de segurança deste país, evitando casos de rutura social”. 

SIM // JMR

Lusa/FIM 

Rota do Românico inaugura ciclo de exposições “Ver do Bago”

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A Rota do Românico é a protagonista e coautora de uma inesquecível viagem em três etapas em que o território é a ideia e a cultura o instrumento, propondo um ciclo de três exposições que celebra a relação material e simbólica entre a vinha e a paisagem cultural e humana dos vales do Sousa, Douro e Tâmega.

De 13 de maio deste ano a meados do próximo, viveremos uma trindade de eventos que nos levarão a “Ver do Bago”, como deve ser: devagar e com todos os cinco sentidos; numa viagem por um notável tríptico de lugares inesquecíveis, em Baião primeiro, em Penafiel a seguir e chegando, já em 2022, a Lousada.  

A primeira exposição deste ciclo, chamada “Ver do Bago nos Mosteiros”, será inaugurada no próximo dia 13, quinta-feira, às 15h30, e convida-nos, a partir do Mosteiro de Santo André de Ancede, em Baião, a celebrar um verdadeiro brinde entre Deus e os Homens em torno do diálogo entre escultura, pintura e arqueologia, propondo a todos um roteiro interpretativo que evidencia a importância que a cultura da vinha e o consumo do vinho tiveram em todos os momentos da vida destas gentes.

Através do mergulho em quatro espaços expositivos totalmente distintos (o Rio; o Mosteiro; a Adega; e o Lagar), descobriremos peças preciosas, como o tesouro nacional que é o tríptico de São Bartolomeu, só exposto há quase um século (Exposição do Mundo Português, anos 40 do século XX), e experimentaremos duas verdadeiras experiências imersivas.

Já se imaginou a literalmente entrar num copo de vinho? E há quanto tempo não pisa num lagar? E quando antes folheou, leu e coescreveu um livro digital interativo, que nesta exposição começa agora a ser construído e que só terminará com o fim do ciclo das três exposições, daqui a mais de um ano?

Agora que, finalmente, podemos estar juntos, queremos mesmo estar juntos. Connosco. Com Deus. Com o Homem. Com o Vinho. E com a Arte.

O projeto “Ver do Bago” é cofinanciado pelos Municípios que integram a Rota do Românico e pelo Norte 2020, Portugal 2020 e União Europeia, no âmbito da operação “O Vinho, a Arte e os Homens”.

Conta com o apoio da Diocese do Porto, da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes, da Direção Regional de Cultura do Norte, do Turismo do Porto e Norte de Portugal, entre outras entidades.

A Rota do Românico reúne, atualmente, 58 monumentos e dois centros de interpretação, distribuídos por 12 municípios dos vales do Sousa, Douro e Tâmega (Amarante, Baião, Castelo de Paiva, Celorico de Basto, Cinfães, Felgueiras, Lousada, Marco de Canaveses, Paços de Ferreira, Paredes, Penafiel e Resende), no Norte de Portugal.

As principais áreas de intervenção da Rota do Românico abrangem a investigação científica, a conservação do património, a dinamização cultural, a educação patrimonial e a promoção turística.

  

CICLO DE EXPOSIÇÕES “VER DO BAGO”

 Ver do Bago nos Mosteiros

Mosteiro de Santo André de Ancede, Baião

13 de maio a 12 de setembro de 2021

Entrada gratuita | Quarta-feira a domingo: 09h-13h e 14h-17h. [A partir de 2 de junho: 10h30-13h30 e 14h30-18h]

 

Ver do Bago nos Santos

Igreja de Santo António dos Capuchos, Penafiel

setembro de 2021 a janeiro de 2022

 

Ver do Bago no Sangue

Centro de Interpretação do Românico, Lousada

fevereiro de 2022 a junho de 2022

NACIONAL | Tancos: "Investigação paralela" da PJ Militar foi “completamente ilegal”

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A ex-procuradora-geral da República Joana Marques Vidal reiterou hoje que a “investigação paralela” da PJ Militar ao furto do armamento de Tancos foi “completamente ilegal” e insistiu que a competência exclusiva para investigar o crime era da PJ.

Joana Marques Vidal depôs hoje como testemunha no julgamento do processo de Tancos, no Tribunal de Santarém, dizendo que “a investigação paralela da Polícia Judiciária Militar [PJM] sem qualquer suporte à direção do inquérito [Ministério Público] era completamente ilegal”, justificando que a linha de investigação que estava a ser seguida era a de terrorismo, criminalidade violenta e organizada, “da competência exclusiva da PJ”

Tecendo várias críticas à atuação da PJM neste caso e à atitude do seu ex-diretor e arguido Luis Vieira, a magistrada admitiu, porém, que teria sido desejável que, após a atribuição do processo ao Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) e à PJ, tivessem sido definidas as regras de colaboração institucional da PJM.

Manifestando a sua posição com base na experiência adquirida, a magistrada foi crítica em relação à atuação da PJM em vários processos, considerando existir uma “deficiência na formação dos seus elementos” e uma deficiente coordenação entre investigadores", devido à exigência de respostas perante as hierarquias, que “pode, por vezes, sobrepor-se à responsabilidades de responder perante as autoridades judiciárias, neste caso ao Ministério Público”.

A testemunha defendeu inclusivamente a reformulação da investigação de crimes militares

Joana Marques Vidal partilhou ainda o teor do telefonema (03 de julho de 2017) que teve com o ex-diretor da PJM, quando lhe comunicou que a investigação do furto seria da PJ, dizendo que o coronel teve uma “reação desabrida, exaltada” e se mostrou “inconformado” com a decisão e que ficou com a sensação que “faltava conhecimento sobre os princípios estruturantes do Código de Processo Penal”.

A magistrada insistiu que em causa estava criminalidade altamente organizada, eventuais ações terroristas e tráfico internacional de armas e esses crimes são da competência exclusiva da PJ.

“O Ministério Público, eu própria e o diretor do DCIAP estávamos convencidos que entre as linhas de investigação havia uma possibilidade credível que o material fosse usado para atos terroristas”, sublinhou.

Em termos temporais, a ex-PGR contou ao tribunal que soube do furto do material militar dos paióis pela comunicações social e que, meses mais tarde, teve conhecimento do achamento do mesmo, na Chamusca, através do diretor do DCIAP que lhe falou do comunicado público da PJM.

“Logo que a PJ Militar recebeu a chamada anónima [que na ocasião era tida como verdadeira] a denunciar o local das armas tinha a obrigação legal de comunicar ao MP”, criticou.

Lamentou ainda que, no dia do achamento do material, tenha tentado “insistentemente” falar com Luis Vieira, sem sucesso, atitude que admitiu a ter irritado e que comunicou isso mesmo ao ministro da Defesa, na altura Azeredo Lopes, e também arguido neste processo, a quem chegou mesmo a dizer que a atitude dos elementos da PJM na investigação era passível de procedimento disciplinar.

O processo de Tancos tem 23 arguidos, dez arguidos respondem por associação criminosa, tráfico e mediação de armas e terrorismo, pelo alegado envolvimento no furto do armamento e os restantes 13, entre eles Azeredo Lopes, dois elementos da PJM e vários militares da GNR, sobre a manobra de encenação/encobrimento na recuperação do material ocorrida na região da Chamusca, numa operação que envolveu a PJM, em colaboração com elementos da GNR de Loulé.

Dia Mundial da Liberdade de Imprensa | 3 de maio

por José Pereira (zedebaiao.com)

A LIBERDADE DE IMPRENSA BASE DA DEMOCRACIA Desde 1990 foram assassinados cerca de 3000 jornalistas. 

No ano de 2020 foram assassinados 50 jornalistas, alguns em “condições praticamente bárbaras”.

Em 2021 já foram assassinados 8 jornalistas e 4 colaboradores.

Estão presos 321 jornalistas e 13 colaboradores. (ver: Repórteres Sem Fronteiras: Barómetro da Liberdade de Imprensa,2021)

Jornalismo Imparcial e Sem Medo foi o tema do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa 2020.

O tema do ano 2021 é a "informação como um bem público"

O tema do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa deste ano, "Informação como bem público", serve como um apelo para afirmar a importância de valorizar a informação como um bem público e explorar o que pode ser feito na produção, distribuição e receção de conteúdos para fortalecer o jornalismo, e para promover a transparência e a capacitação, sem deixar ninguém para trás.

A temática é de relevância urgente para todos os países do mundo. Reconhece as mudanças no sistema de comunicação que estão ter impacto sobre a nossa saúde, sobre direitos humanos e sobre as democracias e desenvolvimento sustentável.

Para sublinhar a importância das informações no ambiente dos média online, o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa de 2021 destacará três tópicos principais:

  • Etapas para garantir a viabilidade económica dos meios de comunicação noticiosos;

  • Mecanismos para garantir a transparência das empresas de Internet;

  • Capacidades aprimoradas de "alfabetização midiática e informacional" ( Media & Information Literacy for everyone & by everyon) que permitem às pessoas reconhecer e valorizar, bem como defender e exigir, o jornalismo como uma parte vital da informação como um bem público.

 

Mais de 2.650 jornalistas foram assassinados nos últimos 30 anos.

Os dados constam do Livro Branco sobre Jornalismo Global publicado pela Federação Internacional de Jornalistas. O documento está disponível na internet em três línguas (a versão espanhola está disponível aqui).

Mais de metade dos  jornalistas foram assassinados nos “10 lugares mais perigosos de países que sofreram violência de guerra, crime e corrupção, bem como uma catastrófica quebra da lei e da ordem. O Iraque, com 339 mortos, está no tipo da lista, seguido do México (175), Filipinas (159), Paquistão (138), Índia (116), Federação Russa (110), Argélia (106), Síria (96), Somália (93) e Afeganistão (93).

De acordo com Livro Branco sobre Jornalismo Global, os anos mais mortíferos para os jornalistas foram 2006 e 2007, com 155 e 135 mortos, respetivamente, consequência da guerra no Iraque. Por outro lado, os números mais baixos registaram-se em 1998 e 2000 (37 mortes)

Em 2006, era reconhecido, no LIVRO BRANCO SOBRE UMA POLÍTICA DE COMUNICAÇÃO EUROPEIA, que apesar da UE se ter transformado e assumido um amplo leque de tarefas que afectam das mais diversas formas a vida dos cidadãos, a comunicação da
Europa com os seus cidadãos não vinha a acompanhar esse ritmo transformador. Era pela primeira vez reconhecido que a União Europeia estava a manter-se distante dos seus cidadãos.

 

 A Federação Internacional de Jornalistas afirmou que quando publicou o primeiro relatório de jornalistas mortos em 1990 "não esperava que ainda estivesse em vigor 30 anos depois".

 

"A liberdade de imprensa é essencial para a paz, justiça, desenvolvimento sustentável e para os direitos humanos.

Nenhuma democracia está completa sem o acesso a informações transparentes e de confiança.  Esta é a base que permite construir instituições justas e imparciais, ao responsabilizar os líderes e ao afirmar a verdade a quem está no poder.

Isto é especialmente importante durante a época das eleições" (Secretário-Geral da ONU)


O Sercretário-Geral da ONU, António Guterres, tem vindo a demonstrar preocupação com o aumento do número de ataques e com a cultura da impunidade. Centenas de jornalistas são ameaçados e continuam presos.

"Ciberexércitos pagos por governos autoritários atacam a democracia", diz jornalista premiada pela Unesco

 
Maria Ressa, jornalista filipina e fundadora do site Rappler, recebeu no domingo (2) o prêmio Liberdade de Imprensa de 2021 da Unesco. 

Maria Ressa, jornalista filipina e fundadora do site Rappler, recebeu no domingo o prémio Liberdade de Imprensa de 2021 da Unesco. 

Por causa de sua atuação, Maria Ressa foi presa no país asiático após ser acusada de “crimes” cometidos no exercício da profissão e sofreu ameaças e intimidações pela internet e fora dela. Ressa trabalhou na CNN Ásia e na rede ABS-CBN News como chefe da Editoria de Notícias. Em 2018, ela foi eleita uma das Pessoas do Ano pela revista Time, dos Estados Unidos.

 

Dia Mundial da Liberdade de Imprensa | 3 de maio:

O Dia Mundial da Liberdade de Imprensa foi proclamado pela Assembleia Geral da ONU, em 1993, após uma recomendação aprovada na 26ª sessão da Conferência Geral da UNESCO, em 1991. Por sua vez, foi uma resposta a um apelo de jornalistas africanos que, em 1991, produziram o marco da Declaração de Windhoek sobre pluralismo e independência dos media.

A efeméride foi criada pela UNESCO com o objetivo de avaliar e defender a liberdade dos jornalistas e de homenagear aqueles que perderam a vida em trabalho.

 

"Nenhuma democracia é completa sem o acesso a informação transparente e confiável. É a pedra angular da construção de instituições justas e imparciais, responsabilizando os líderes a falar a verdade com quem detém o poder. É uma realidade especialmente importante em épocas eleitorais" (Secretário-Geral da ONU, António Guterres).

 

2 photos: left is a female photo journalist amidst riot police, right a male journalist in a recording studio wearing a face mask.

FOTO: esquerda - UNESCO/©Thomas Hawk; direita - UN Photo/Evan Schneider.

Conferência Mundial sobre Liberdade de Imprensa

Tema 2021: "Informação como um bem público"

Novas datas: 18 - 20 de outubro
A Conferência Mundial sobre Liberdade de Imprensa 2020 foi adiada devido às incertezas com relação às condições de viagens.  

Devido ao surto de COVID-19, o Ministério das Relações Exteriores dos Países Baixos, em estreito diálogo com a UNESCO, decidiu adiar a Conferência Mundial da Liberdade de Imprensa 2020. A principal preocupação dos organizadores é garantir a saúde de todos os envolvidos e garantir um alto nível de participação das partes interessadas em todo o mundo.

A UNESCO e os Países Baixos planeavam realizar a Conferência Mundial da Liberdade de Imprensa (WPFC) de 22 a 24 de abril no Fórum Mundial em Haia. A conferência agora está agendada para os dias 18 a 20 de outubro no mesmo local. Será uma celebração conjunta do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa (3 de maio) e do Dia Internacional pelo Fim da Impunidade dos Crimes contra Jornalistas (2 de novembro).

 

Outras atividades da UNESCO relacionadas ao Dia Mundial da Liberdade de Imprensa:

Prémio UNESCO / Guillermo Cano
Promover a Liberdade de Expressão 
Observatório da UNESCO sobre Jornalistas Assassinados 
Competição de design "Jornalismo Imparcial e Sem Medo"
Fundação Helsingin Sanomat renova seu apoio ao Prêmio Mundial sobre Liberdade de Imprensa da  UNESCO / Guillermo Cano
Dia Mundial da Liberdade de Imprensa 2019: conferência acadêmica sobre a segurança de jornalistas 

 

Assuntos relacionados:

Comemorações passadas 

Resolução adotada pela Conferência Geral da UNESCO em 1991

Declaração de Adis Abeba

Organizadores e parceiros 

PREsstival Day 

Material de apoio do Dia Mundial da Liberdade de ImprensaDr. Vicente defende imprensa livre e condena ataques a meios de comunicação  - Jornal Folha do Litoral

Liberdade de Expressão: o que é, importância, limites e constituição - Toda  Matéria

por José Pereira (zedebaiao.com), em 3.05.21

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Jaime Froufe Andrade | Histórias avulso

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(A pandemia pôs-nos à espera do futuro. Parados pelo vírus, talvez seja tempo para percebermos o que deixámos para trás. É essa a proposta de Histórias avulso)

Adoptivo

Logo traga gravata. Vai ao jantar da Maria Lamas. Temos de noticiar quem irá dar as boas-vindas. António Valdemar deu a ordem e vaticinou: Mestre, vai haver quem não ponha lá os pés. Com medo.

Valdemar era o chefe. Chamava-me mestre, eu estagiário na delegação de O Primeiro de Janeiro, chegado de fresco a Lisboa, tratamento que relevava a minha condição de aprendiz.

Paradela de Abreu, editor, entra apressado no gabinete de António Valdemar. Curioso, entro também. Embasbacado, olhos numas folhas que Paradela lhe mostra, o chefe. Eram as primeiras provas tipográficas do Portugal e o Futuro.

O editor, com trejeitos de cabeça, alerta que não estão sós. Valdemar levanta os olhos, encara-me. Estou a mais, percebo: não era assunto de estagiário.

Nesse tempo, relação cúmplice tinha eu com um camarada norueguês. Ficou-me grato por o ter introduzido nas pataniscas de bacalhau e no tinto do Cartaxo, num discreto restaurante das Escadas do Carmo. Confessou-me ter interrompido uma reportagem com a guerrilha na América Latina, para vir a Lisboa cobrir um golpe. Um golpe de Estado! Estranhava que eu, jornalista, nada soubesse.

A informação que recebera, dizia, era segura. Os dias passavam. Quando uma força do Exército saiu do quartel das Caldas, o norueguês assegurou: A agência com quem trabalho disse-me que ainda não chegou a hora. Sempre me interroguei que agência seria.

O dia chegou. A festa foi pródiga. No meu caso, três dias sem ir à cama, sempre a carrear notícias da rua para as páginas do jornal. Os factos sucediam-se. Todos marcantes: a História a acontecer ao segundo.

Quem é este, agora? Interroguei-me. À minha frente, Álvaro Cunhal! A chispa no olhar, a clareza do discurso, ali mesmo deram para antecipar que a gente do trabalho o adotaria como líder. Eu, adoptado já pela profissão, a vaticinar. Tal qual o chefe.

Homens de Letras: CUNHAL/100ANOS/CEM PALAVRAS

Rita Diogo | A minha liberdade

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A liberdade é um conceito social, político, pessoal, complexo e diverso. É um conceito que é sentido de forma diferente conforme as vivências de cada pessoa, consoante o que as oprime, porque só se percebe a verdadeira importância da liberdade na ausência dela. Nasci em 1975, só sei o que é viver em liberdade. Sou grata a todos os que lutaram para que hoje tenha oportunidade de estudar, de ter um emprego, de viver do meu salário, de assumir as minhas escolhas, de votar livremente...

Felizmente a única experiência de privação da liberdade que conheço é o confinamento inerente à pandemia, que contribui para esta minha reflexão. A pandemia veio evidenciar o quanto a liberdade é frágil e que não a devemos ter como adquirida. Passados 47 anos, vivemos tempos em que a liberdade está colocada em causa devido a um vírus invisível que nos obrigou a viver num Estado de Emergência, renovado sucessivamente e a sentir uma enorme limitação e mesmo supressão de direitos, liberdades e garantias. As limitações à circulação, o recolher obrigatório eram coisas que não conhecia, que não identificava como fazendo parte das minhas vivências. Acreditando num bem maior que é a saúde de todos e a proteção do nosso Sistema Nacional de Saúde, dei por mim a obedecer. Mas obedecer não significou deixar de me questionar, não opinar, não me manifestar. A pandemia faz-nos questionar se é possível aprendermos alguma lição sobre a liberdade, a igualdade e a fraternidade. Só se aprenderá com reflexão, pensamento crítico e olhar atento sobre o que nos rodeia. De todas as vezes que pensei que queria fazer algo e que não podia, surgiu a oportunidade de pensar sobre a importância de ter liberdade.

Na verdade, ainda sinto a minha liberdade ameaçada e não é só de agora. O agora apenas me fez pensar sobre isto. Em 2021, ainda é tão difícil ser mulher que quase nos esquecemos que a revolução foi, de facto, há 47 anos. Li isto algures, transmite tudo o que eu sinto e é mais ou menos assim: “Já senti que não tinha a mesma liberdade por ser mulher. Já senti que não tinha liberdade para dizer o que penso, porque isso me trouxe consequências negativas. Já senti que não podia ser livre de vestir o que queria por atrair atenções indesejadas. Já senti que a minha expressão de opinião na política (e também noutras áreas) era minimizada por ser mulher. Já senti a minha liberdade posta em causa por comentários acerca do meu corpo, acerca de ser provocante ou de não ser, de não me maquilhar, por me maquilhar. Já senti que me julgaram arrogante por mostrar que sei algo e já me chamaram coisas menos simpáticas por apontar erros. Já senti que a minha opinião valia menos por ser mulher. Já senti que a minha independência e autonomia não agrada a uma sociedade que ainda quer, mesmo dizendo que não, mulheres submissas, cuidadoras e colaborantes. Já ouvi a minha convicção e defesa dos direitos humanos ser chamada de histeria ou de algo pior. Já ouvi ofensas e insultos serem chamados de liberdade de expressão.”

Tem sido um caminho complicado este de ser mulher, de pensar pela minha cabeça, de ter opiniões e de as manifestar em alguns contextos sociais adversos. O caminho faz-se caminhando, o caminho faz-se de luta, este é um caminho onde não cabe a resignação, o conformismo. Este é o meu, o nosso caminho!

(Crónica dedicada às minhas filhas, Gabriela e Adriana)