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BAIÃO CANAL - Jornal

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POLÍTICA | Dar Vida à Esperança (JSD)

 

Baião Canal  Política JSD.jpgDeparamo-nos hoje com um “admirável mundo novo”, que consigo nos trouxe perigos, riscos e ameaças ao nosso modelo de sociedade. Poderão pensar: “lá vão eles falar novamente da Covid-19”. Não, hoje quero falar de um outro vírus. Daquele tipo que já contamina as nossas ruas há alguns séculos e mina diariamente o nosso sistema democrático. Falo-vos de populismo, eleitoralismo, demagogia e lógicas de poder, que nada mais servem do que grupos específicos e pessoas em particular. Este é o verdadeiro responsável pelo descrédito que impende sobre a classe política e leva ao crescente alheamento dos cidadãos, arrastados pela força das máquinas partidárias e das lógicas de poder instaladas por todo o nosso território. Sendo essa “mão” por vezes visível aos olhos de todos, que nos tem vindo a afastar dos atores políticos e a negligenciar o tão necessário escrutínio democrático.

Tal realidade tende a acentuar-se nos pequenos territórios, nomeadamente, nos municípios de baixa densidade e com diminutos níveis de desenvolvimento económico e social, mormente quando o caminho escolhido assenta na ideologia e não no efetivo e verdadeiro interesse dos territórios e daqueles que lá vivem. Vejamos dois exemplos paradigmáticos no que à estratégia e ao território diz respeito: Baião e Fundão.

Ambos os municípios se encontram situados em territórios ditos de baixa densidade ou, como muitos gostam de classificar do “interior” do país. Embora as características territoriais, geográficas e populacionais sejam idênticas, os números afetos ao seu desenvolvimento não poderiam ser mais díspares.Isto é, bastará olhar para os últimos dados apresentados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), para evidenciarmos que Baião se vai mantendo na lista dos municípios mais pobres do país, com índices de poder de compra a baixo dos 60 pontos percentuais, enquanto do lado inverso, o Fundão apresenta indicadores de crescimento claros, aproximando-se já dos 80 pontos.Perguntará o leitor legitimamente: de onde emerge e resulta tal disparidade?

Sobretudo da estratégia adotada para o território, que naquele último se encontra focada na captação empresarial e na criação de riqueza efetiva e sustentável, através do contínuo investimento privado na região. Por outro lado, em Baião assiste-se a uma ininterrupta implementação de políticas protecionistas, centralizando e municipalizando a riqueza, o que tem vindo a dificultar o desenvolvimento do tecido empresarial e, consequentemente, a tornar os seus cidadãos cada vez mais dependentes do poder público. Repare-se que no Fundão cerca de 50% do emprego encontra-se, hoje , afeto a grandes setores de atividade económica, enquanto, em sentido inverso, a este nível, Baião apenas consegue assegurar uma percentagem residual de 10%.

Ora, tal factualidade terá impacto significativo na própria democracia, isto porque, é evidente que uma estratégia protecionista e de potenciamento da dependência pública, tende a viciar o próprio processo democrático, afinal de contas, haverá sempre alguma contenção no momento de enfrentar o nosso patrão.

Destarte, com este pequeno introito, já percebeu o leitor que Baião, embora seja um município constantemente esquecido noutras matérias, tem sido uma das regiões com um dos índices mais alarmantes de incidência de tal vírus! Aliás, os sintomas são já por demais evidentes, afinal de contas, poderíamos caracterizar uma estratégia que priorize a imagem e o isolamento político dos seus adversários de outro modo?

Num momento em que, a par com o resto do planeta, os nossos cidadãos, as nossas empresas e as nossas instituições sofrem diretamente as consequências advenientes das paragens forçadas, da diminuição de circulação e do decréscimo do próprio comércio, em Baião, este quadro sintomático tende a ser agravado por mais de uma década de políticas estatizantes e controladoras da nossa economia e da nossa pequena comunidade.

Como referimos, o nosso município, no que ao subdesenvolvimento diz respeito, continua a bater recordes diariamente, aliás, já somos, sem margem para contestação, o concelho mais pobre do distrito do Porto, sendo o nosso índice de poder de compra esmagadoramente inferior (quase vinte pontos percentuais!) ao município de Lousada que se encontra na posição imediatamente a seguir. Isto porque, ainda que assistindo na primeira fila ao esforço diário das nossas empresas e dos nossos empresários, em garantir o bom funcionamento das suas instituições, o nosso executivo camarário teima em arrastar, paulatinamente, o modelo social e económico baionense para um precipício, pois, procurando proteger um congênere poder régio,  tem vindo a recusar a adoção de políticas concretas para atrair investimento ou que visem a promoção de uma efetiva liberdade económica, capaz de abrir portas ao empreendedorismo das nossas gentes e de assegurar melhores condições de desenvolvimento e sustentabilidade.

No entanto, embora aqueles agentes políticos se encontrem contaminados com uma espécie de “cegueira ideológica” que os torna incapazes ou inaptos para lidar com a crítica, poderemos encontrar uma nova esperança para as terras Queirosianas. Porquanto, ainda que, enredo após enredo, alguns ainda procurem construir uma narrativa utópica e desfaçada daquela que é a realidade do nosso município, os factos serão sempre os melhores amigos da verdade, dando assim a garantia de uma nova vida à esperança dos baioneses que, com a mais firme das certezas, continuarão a lutar por um novo tempo e por um novo futuro para a nossa terra.

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Rui Pedro Pinto

Presidente da JSD Baião